3º Fórum nacional de nutrição

 

OBESIDADE GESTACIONAL E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MATERNO-INFANTIL
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição Clínica

DE CARLI, G.; DA LUZ, P.; GONZALEZ, E.; AZEVEDO, A.
Hospital São Vicente de Paulo – Passo Fundo/RS
Autor apresentador: Graziela De Carli

Objetivo: Este estudo objetivou analisar a associação entre obesidade materna, complicações gestacionais, tipo de parto e saúde do recém-nascido de mães que tiveram seus filhos na Maternidade do Hospital São Vicente de Paulo, Passo Fundo-RS.

Metodologia: Trata-se de um estudo observacional, de delineamento transversal e amostra não probabilística. O estudo constituiu-se de 140 mulheres e seus recém-nascidos. As mulheres foram divididas em grupos segundo categorias de Índice de Massa Corporal (IMC) na última semana de gestação. Utilizou-se a recomendação proposta pelo Ministério da Saúde (2004) que avalia o estado nutricional segundo a semana gestacional e o IMC. Os critérios de elegibilidade foram ter entre 18 e 45 anos, estar livre de doenças crônicas e não apresentar gestação gemelar. As variáveis de estudo foram: complicações maternas, tipo de parto, peso do recém-nascido, índice de Apgar no 1° e 5° minutos após o nascimento e idade gestacional ao nascimento. As seguintes co-variáveis foram incluídas na análise: idade da mãe, estado marital, escolaridade, episódio prévio de aborto, paridade, IMC pré-gestacional, número de consultas no pré-natal, sexo da criança, comprimento, perímetro cefálico e perímetro torácico do recém-nascido. A análise dos dados compreendeu o cálculo de médias, desvios-padrão, freqüências absolutas e relativas, teste t de Student para amostras não pareadas e teste Qui-quadrado. Adotou-se como nível de significância o valor 0,05 (α=5%).

Resultados: Das 140 mulheres estudadas, 28 (20%) foram incluídas no grupo de baixo peso na última semana de gestação, 37 (26,4%) no grupo de peso adequado, 34 puérperas (24,3%) no grupo de mulheres com sobrepeso, e, no grupo de obesidade, foram incluídas 41 delas (29,3%). Observaram-se as maiores médias de peso pré-gestacional e ganho de peso durante a gestação em obesas. A obesidade foi prevalente entre mulheres com escolaridade < 8 anos (53,7%), sem episódios prévios de aborto (82,9%), casadas (41,5%), multíparas (56,1%), que haviam realizado ≥ 8 consultas no pré-natal e com idade entre 20 a 35 anos (70,7%). Não se observou diferença estatisticamente significativa entre o IMC na última semana de gestação e as categorias das co-variáveis estudadas, com exceção à idade, que apresentou um valor de p=0,0171. O tipo de parto apresentou diferença estatisticamente significativa (p<0,05), sendo mais prevalente parto cesárea em obesas quando comparado com as outras categorias de IMC. As complicações maternas que apresentaram diferença significativa, com p<0,05, foram pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional, sendo predominantes no grupo das obesas (75,0% e 68,8%, respectivamente). A macrossomia prevaleceu nos grupos de sobrepeso e obesidade, porém não estatisticamente. Quanto à idade gestacional ao nascimento, não houve diferença significativa. Pela avaliação clínica dos recém-nascidos através do Índice de Apgar, observou-se diferença significativa (p<0,05) tanto no 1° minuto, com 58,3% dos casos em filhos de mães obesas, como no 5° minuto, com 83,3% dos casos em filhos de mães obesas.

Conclusão: A obesidade gestacional está fortemente associada com vários fatores obstétricos que influenciam a saúde materno-infantil, tais como o desenvolvimento de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia e baixos Índices de Apgar do recém-nascido.

 
 

 

CÂNCER DE MAMA: COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM MULHERES IDOSAS EM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição Clínica

ZANARDO, V.P.S.; AZEVEDO E SOUZA, V.; FRASSON, A.
Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, Porto Alegre - Brasil
Autor apresentador: ZANARDO, V.P.S.

O Brasil está vivenciando um intenso processo de envelhecimento populacional, e as doenças crônico-degenerativas, incluindo o câncer, estão predominando na população. Com exceção do câncer de pele não melanoma, no Brasil o câncer de mama é o primeiro entre as mulheres, apresentando maior incidência na faixa etária entre 40 e 69 anos de idade. Durante o tratamento quimioterápico podem ocorrer alterações no comportamento alimentar e no perfil nutricional das pacientes. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a evolução da alimentação em mulheres idosas, com diagnóstico de câncer de mama em tratamento quimioterápico, bem como descrever as alterações antropométricas. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa/quantitativa observacional, descritiva e exploratória. A população estudada foi composta por 14 idosas que realizaram tratamento quimioterápico no Centro de Oncologia Clínica e Instituto de Oncologia Erechim, com idade igual ou superior a 60 anos e que não realizaram acompanhamento nutricional com nutricionista. Os dados foram coletados através de entrevista estruturada e do registro alimentar. A análise qualitativa foi realizada através de análise de conteúdo segundo Bardin (2004), e na quantitativa as variáveis categóricas foram tratadas com base na estatística descritiva, sob a forma tabular, e análise de variância. Os resultados mostram que as pacientes apresentaram efeitos colaterais, aversões alimentares e alterações nas quantidades ingeridas de energia e macronutrientes no início e final do tratamento. Não houve diferença significativa entre estas ingestões alimentares. Constatou-se aumento de peso durante o tratamento, mas não foi encontrada diferença significativa ao comparar os dados referentes ao peso no início e final do tratamento, assim como ao comparar o índice de massa corporal no início e final do tratamento. Ainda sobre o comportamento alimentar foram identificadas as categorias orientação, conhecimento, adesão, motivação e envelhecimento. Conclui-se que as alterações quantitativas no comportamento alimentar não foram significativas, uma das limitações para estas análises pode ter sido o tamanho da amostra. Entretanto, através da análise qualitativa observou-se que as pacientes consideram importante a orientação e o acompanhamento nutricional durante o tratamento.

Palavras Chave: Câncer de mama. Comportamento alimentar. Quimioterapia.

 
 

 

ESTADO NUTRICIONAL DE RECÉM-NASCIDOS, ALEITAMENTO MATERNO E PRÁTICAS ALIMENTARES DE PUÉRPERAS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição Clínica


Hospital de Caridade de Carazinho – Carazinho/RS
Autor apresentador: Pamela da Luz

Objetivo: Avaliar o estado nutricional de recém-nascidos (RN) a termo, aleitamento materno, práticas alimentares e os hábitos de vida das puérperas atendidas na Maternidade do Hospital de Caridade de Carazinho/RS.

Metodologia: O desenho do estudo foi observacional, descritivo do tipo transversal, com amostra não probabilística por conveniência. Envolveu uma amostra de 40 puérperas com idade entre 14 a 39 anos e seus respectivos RN, durante o período de dezembro de 2006 a março de 2007. Os dados foram coletados em um único momento através da pesquisa dos prontuários da maternidade e entrevistas com as puérperas. Essa amostra foi composta por bebês nascidos a termo de parto normal ou cesárea e foram excluídos os RN portadores de anomalias cromossômicas, síndromes, malformações, infecções congênitas e gestações múltiplas. As mães responderam aos questionários estruturados, que continham perguntas objetivas relacionadas à situação socioeconômica e questões relacionadas à intenção e conhecimentos da prática do aleitamento materno, à saúde e hábitos e estilo de vida. Os dados referentes às práticas alimentares foram obtidos por meio do Questionário de Freqüência de Consumo de Alimentos, composto por uma lista de 32 alimentos. Em relação ao RN, as variáveis coletadas dos prontuários foram: sexo, peso, comprimento, perímetros cefálico e torácico, índice de Apgar e idade gestacional ao nascimento. Para a análise dos dados, utilizou-se o teste Qui-quadrado e cálculo de médias e desvios-padrão. Adotou-se como nível de significância o valor 0,05.

Resultados: Os resultados mostraram uma alta prevalência (62,5%) de parto cesárea. Outra constatação foi o consumo de bebidas alcoólicas (22,5%) e tabaco (17,5%) pelas mães. As intercorrências no parto, bem como o peso do RN mostrou associação estatística (p≤0,05) com o tabagismo, mas não com o consumo de álcool. A grande parte dos RN (75%) estava com peso adequado e apenas 25% apresentou peso insuficiente. Os valores de comprimento, perímetros cefálico e torácico e índice de Apgar corresponderam aos parâmetros normais para RN a termo. Em relação à prática do aleitamento materno, a maioria das mães (97,5%) relatou intenção de amamentar seus filhos. Um número expressivo (52,5%) relata não haver recebido orientação nutricional e/ou sobre o aleitamento materno durante o período de gestação. Verifica-se que, 68,4% das mães foram orientadas por médicos e, apenas, 10,5% por nutricionistas. Quanto aos hábitos alimentares das entrevistadas, foi percebido um consumo adequado de frutas, hortaliças e laticínios, como também um alto índice de consumo de alimentos com excessivo teor de açúcares, gorduras e calorias como os fast foods e doces.

Conclusões: Apesar de grande parte das mães demonstrar interesse em amamentar seus filhos, sabe-se que no Brasil essa prática é abandonada, muitas vezes, logo nos primeiros dias de vida do lactente. Pode-se também perceber mais um dos inúmeros agravos do hábito de fumar a saúde da mãe e do bebê. E apesar das boas práticas alimentares maternas, demonstra-se a necessidade de uma melhor orientação nutricional por parte de profissionais qualificados na área da alimentação e nutrição, pois dos profissionais de saúde que orientaram essas mães, a maior parte foram médicos, o que demonstra uma falta de nutricionistas atuando nesse aspecto.

 
 

 

ESTADO NUTRICIONAL Y COMPOSIÇÃO CORPORAL EM ALUNOS DA LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA- UNIVERSIDADE DE BUENOS AIRES- ARGENTINA
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

AUTORES: Witriw, A M; Elorriaga N; Fernandez V; Pistan G; Rodriguez O; Suarez D; Brandoni E, Madeo S.
Faculdade de Medicina- Licenciatura em Nutrição (UBA)
Buenos Aires – Argentina
Trabalho publicado na revista DIAETA.2007; 25(nº 118):18-22.
Apresentação: Lic.Alicia M. Witriw

Objetivo: Avaliar o estado nutricional e a composição corporal em alunos que estudam a licenciatura em Nutrição na faculdade de Medicina da Universidad de Buenos Aires (UBA). Determinar a possível participação de diferentes fatores que possam ser responsáveis dos resultados obtidos. Fundamento: Fatores sócio-econômicos , estress ocasionado pelo estudo e a coexistencia de hábitos alimentarios inadecuados podem alterar ou modificar a composição corporal e o estado nutricional. Material e Métodos: Foram avaliados 92 alunos do 2º ano da licenciatura em Nutrição, da faculdade de Medicina ( Universidade de Buenos Aires): 86 mulheres com uma idade de 22.73 ± 4.01 e 6 homens com 23.16 ± 2.64 anos. A composição corporal foi realizada através do método de fracionamento antropométrico ( ENFA MR) . Foi avaliada a reserva proteica e a reserva calórica proposta por Basaluzzo, JM e colaboradores.O valor das reservas corporais foi expressado em forma percentual sobre o total da mostra.Todas as pessoas avaliadas foram sometidas a um inquérito (anônimo) que relacionou fatores sócio-econômicos , fatores relacionados com a concorrência à universidade e hábitos pessoais ,com o valor das reservas calórico- proteica . Foram avaliados os possíveis fatores de risco em relação a diferentes níveis de reserva proteica mediante a aplicação do Chi Cuadrado e do teste de Fisher.

Resultados:
Foi demostrada uma reserva proteica normal em um 66.3% e uma reserva proteica diminuída em forma moderada em 33.6% dos casos. A reserva calórica encontrada foi normal em 66.3% dos casos , diminuição moderada em 20.6% e sobrepeso 11.9%. O inquérito demostrou que não existiu relação significativa (p=NS) entre os diferentes fatores de risco estudados e as modificações da reserva proteica. Chama a atenção o estress que ocasiona concorrer a universidade ( 79.3%); um 79% devido às provas, 51% a falta de tempo para o estudo e 37% à exigencia.

Conclusão: A incidencia da reserva proteica diminuída não teve relação com os fatores estudados . Considera-se provável então , que responda a uma ingesta inadecuada de alimentos.

 
 

 

PERFIL NUTRICIONAL DOS PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE NUTRIÇAO DA UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição Clínica

Herdt TC; Silva AA; Salum A; Coelho MSPH; Borges MR
UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina
Florianópolis/SC – Brasil
Apresentadora: Thaísa Cristhina Herdt

Objetivo:Avaliar o perfil nutricional dos pacientes atendidos no Ambulatório de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. METODOLOGIA: Estudo de caráter transversal e retrospectivo. A amostra coletada representa a totalidade de pacientes, maiores de 18 anos, atendidos no ambulatório. O peso e a estatura foram coletados para o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), os pontos de corte utilizados para análise foram os propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 1998. Para obtenção de dados referentes ao número de refeições realizadas, motivo da consulta, atividade física, foi realizada pesquisa em prontuário. RESULTADOS: Dos 99 pacientes avaliados, 80,8% (n= 80) eram do sexo feminino e 19,2% (n=19) eram do sexo masculino. A análise do perfil nutricional apontou que 48,5% (n=48) dos pacientes estavam acima do peso, 44,4% (n= 44) estavam dentro da faixa de normalidade e apenas 7,1% (n=7) estavam abaixo do peso. Os motivos elencados pelos pacientes para procura pelo profissional nutricionista foram: emagrecimento 37,4% (n=37), reeducação alimentar 35,4% (n=35), emagrecimento e reeducação alimentar 20,2% (n=20) e ganho de peso 7% (n=7). O número de refeições diárias realizadas foi: 3% (n=3) faziam 2 refeições/dia, 12,1% (n=12) faziam 3 refeições/dia, 28,3% (n=28) faziam 4 refeições/dia, 38,4% (n=38) faziam 5 refeições/dia, 17,2% (n=17) faziam 6 refeições/dia e 1% (n=1) fazia 7 refeições/dia. Dos pacientes avaliados, 42,4% (n=42) faziam algum tipo de atividade física, enquanto 57,6% (n=57) não faziam nenhum tipo de atividade física.

 
 

 

A ESCOLHA ALIMENTAR DE ESCOLARES: REFLEXO DE UMA PREFERÊNCIA SAUDÁVEL
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Mattos KM, Carnieletto ADH, Saydelles B, Gressler CC, Almeida SF, Pelegrini SB, Medina VB. Centro Universitário Franciscano – UNIFRA- Santa Maria-RS, Brasil.
Apresentadora: Mattos, KM (Karen Mello de Mattos).

Objetivo: O presente trabalho objetivou avaliar as preferências alimentares dos alunos de uma escola municipal da região Sul do país para a posterior formulação das preparações alimentares e análise da qualidade nutricional destas preferências.

Metodologia: Para obtenção dos dados realizou-se um sorteio aleatório entre as turmas de primeiro ao nono ano escolar a fim de selecionar as turmas participantes da pesquisa. Após aplicou-se um questionário fechado elaborado pelas autoras, composto por perguntas quanto aos alimentos que gostariam de consumir na alimentação escolar. Aplicou-se questionários com 192 escolares, sendo 11 questionários desconsiderados devido a falta de informações referentes ao sexo e quais refeições faziam ao dia completas, o que totalizou em 181 participantes,

Resultados: Dos alunos participantes, 56% eram do sexo feminino e 44% do sexo masculino. Os alimentos com maior preferência de consumo foram: cachorro-quente, suco, maçã e pão ambos com preferência acima de 60%. Alimentos como banana, vitamina de frutas, gelatina, carne de frango, doces, arroz, carne de gado, alface, leite, carreteiro e biscoitos salgados obtiveram preferência acima de 50%. Os alimentos de menor preferência foram: mingau, chimia, manteiga, abóbora em um percentual de 30%.

Conclusão:
Analisando-se os resultados obtidos podemos verificar que apesar da solicitação de alimentos como cachorro-quente, gelatina e doces que possuem baixo valor nutricional, a preferência alimentar destes alunos em geral contempla alimentos nutritivos e da cultura regional, facilitando a elaboração dos cardápios e correspondendo a preconização do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) quanto à utilização de vocações agrícolas regionais. Ressalta-se também que estes hábitos promovem o processo de educação nutricional e a melhora da qualidade de vida, pelo fato de que muitos destes alunos possuem um nível socioeconômico desfavorável e efetuam sua única refeição diária na escola.

 
 

 

SEGURANÇA ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA – RS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Oliveira, N.; Dutra, A.; Hautrive, T.; Tombesi, C. Ruiz , E.; Kirsten, V.; Centro Universitário Franciscano – UNIFRA, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

A segurança alimentar e nutricional (SAN) é um tema que suscita amplas discussões, já que aborda questões referentes à qualidade de vida inerente ao acesso – regular e permanente – aos alimentos. Ela se converteu em “objetivo público, estratégico e permanente como categoria nuclear para a formulação das opções de desenvolvimento de um país” (Maluf, p. 17, 2007). Dentre essa justificativa é que se percebe a importância dos diagnósticos e ações desenvolvidas junto à população infantil, visto que os programas de educação nutricional devem ser implementados desde a infância para que haja garantia de um adulto saudável. Esse trabalho tem por objetivo analisar o estado nutricional de uma população de escolares da rede pública de ensino do município de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, e a sua relação com a SAN. Para tanto foi realizado um estudo transversal de base populacional, realizado em amostra de crianças com idade entre 6 e 10 anos, gêneros masculino e feminino, que freqüentavam da 1ª a 4ª séries do ensino fundamental, das escolas públicas municipais, no período de março de 2006 a novembro de 2006. A amostra foi selecionada mediante sorteio aleatório de 20 escolas dentre as 64 existentes, sendo que para garantir a representatividade das regiões administrativas do município obteve-se uma amostra de escolas estratificadas por região.

Para a classificação do estado nutricional atual foi utilizado o indicador nutricional índice de massa corporal (IMC) para a idade e sexo, utilizando-se como referência os dados da população estudada por Must et al (1991), sendo considerado desnutrição, IMC igual ou inferior ao percentil 5; eutrofia IMC igual ou superior a 5 e menor que 85; sobrepeso, IMC igual ou superior ao percentil 85 e inferior ao percentil 95 e obesidade, IMC igual ou superior ao percentil 95. As medidas antropométricas de peso e estatura foram coletadas de maneira padronizada segundo Jelliffe (1968). O peso foi obtido uma única vez com os escolares usando o mínimo de roupa possível em balança de uso pessoal com capacidade de 130 kg e precisão de 1kg. A estatura foi obtida com uma fita métrica com precisão de 0,1 cm, afixada em parede de superfície plana, sem rodapé e em ângulo de 90º com o chão, sendo a medição realizada em duas vezes, com os escolares descalços e com a nádegas e os calcanhares encostados à parede. O valor médio das duas medidas da estatura foi usado nas análises. A idade cronológica dos escolares foi determinada em função da idade completa no dia da avaliação. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de ética e Pesquisa do Centro Universitário Franciscano, sob o protocolo nº 112.2005.2 e pela prefeitura do município envolvido, tendo a cooperação e apoio da secretaria de educação do município e dos diretores das escolas.

O consentimento livre e esclarecido foi assinado pelos pais ou responsáveis e no momento da coleta dos dados, os escolares puderam consentir oralmente sua participação. Foram investigados 1310 escolares, sendo 629 (48%) do sexo masculino e 681 (52%) do sexo feminino. Como critério diagnóstico foi utilizado os pontos de corte do Índice de massa Corporal. Encontrou-se prevalência total de obesidade em 11,8% (n=154), sobrepeso em 12,7% (n=167), eutrofia 71,1% (n=931) e baixo peso 4,4% (n=58). Verificou-se uma elevada prevalência de eutrofia, no entanto a taxa de obesidade supera estudos de outros estados (NEVES et al., 2006; GUIMARÃES; BARROS, 2001; COSTA; CINTRA; FISBERG, 2006; ABRANTES; LAMOUNIER; COLOSIMO, 2002). Este estudo apresenta-se como pioneiro ao traçar o perfil nutricional dos escolares, assim, por si só, ele já representa um importante passo em prol da SAN desta parcela da população, pois é necessário, para tentar garanti-la, que ao menos tenhamos referências e estimativas do estado nutricional destes. Além disso, os dados aqui apresentados poderão servir de subsídios para a implementação de ações de promoção da saúde e prevenção de doenças no ambiente escolar, bem como de linha de base para o monitoramento do estado nutricional desta população. Assim sendo, é importante destacar que para garantir a SAN dos escolares é necessário pensar na estrutura da alimentação escolar promotora de saúde – que seja em quantidade e qualidade suficientes –; em políticas de educação alimentar e nutricional nas quais promovam a autonomia dos sujeitos; na atuação dos profissionais nutricionistas (que possam se inserir continuamente nos núcleos dos programas de saúde). A SAN deve estar congruente com dois princípios que são o direito humano à alimentação adequada e saudável e a soberania alimentar.

Estando em favorecimento ao DHAAS, podemos inferir que a alimentação escolar é uma das primeiras experiências a qual o indivíduo é submetido (junto ao aleitamento materno), e que poderá determinar suas práticas alimentares ao longo de sua vida. Portanto é de fundamental relevância oferecer condições para que ele possa gozar de plena saúde, não sofrendo com sobrepeso ou obesidade, como no caso apresentado.

ABRANTES, Marcelo M; LAMOUNIER, Joel A.; COLOSIMO, Enrico A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 78, n. 4, p. 335-340. 2002.
COSTA, Roberto Fernandes; CINTRA, Isa de Pádua; FISBERG, Mauro. Prevalência de Sobrepeso e Obesidade em Escolares da Cidade de Santos, SP. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabolismo, v. 50, n. 1, p. 60-67. 2006.
NEVES, Olga Maria Domingues das et al. Antropometria de escolares ao ingresso no ensino fundamental na cidade de Belém, Pará, 2001. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 6, n. 1, p. 39-46. 2006.
MALUF, Renato Sérgio Jamil. Segurança Alimentar e Nutricional. Petrópolis: Vozes, 2007.

 
 

 

SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) NO DIAGNÓSTICO DE OBESIDADE EM IDOSOS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Cordeiro, B. A. (apresentador); Vasconcelos, F. A. G.; Rech, C. R.; Petroski, E. L. Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Mestrado em Nutrição, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Durante o envelhecimento ocorrem diminuições da massa livre de gordura (MLG), água corporal total e densidade mineral óssea (DMO) e aumento da gordura corporal (GC). O excesso de GC, definida como obesidade, está associado a diversas patologias, entre elas: hipertensão, diabetes tipo II, dislipidemias e cardiopatias. O Índice de Massa Corporal (IMC), usado para diagnóstico de obesidade em populações adultas, não faz discriminação entre GC e MLG, sexo ou faixa-etária e apresentando limitações, principalmente em idosos.

O objetivo desse estudo foi verificar a correlação entre o IMC e o método da absortometria por raio-X de dupla energia (DEXA) em indivíduos com mais de 60 anos, de ambos os sexos, visando à determinação de pontos de cortes sensíveis e específicos para o diagnóstico de obesidade. A amostra foi composta por 60 homens e 120 mulheres, entre 60 e 81 anos, selecionados aleatóriamente a partir de quatro Grupos de Terceira Idade de Florianópolis-SC. As variáveis estatura, peso corporal e as medidas da DEXA foram realizadas por profissionais devidamente treinados. Os dados foram analisados por meio do programa SPSS versão 11.5, onde p<0,05. Foi verificada a sensibilidade e a especificidade dos pontos de corte propostos pela Organização Mundial de Saúde e pelo Nutrition Screening Initiative por meio da Curva ROC (Receiver Operating Characteristic). Entre os resultados pudemos observar que os homens apresentaram IMC médio e %GC médio de 26,5±2,8 kg/m2 e 23,02±5,8 e as mulheres 27,43,9 kg/m2 e 37,36,9 respectivamente.

A sensibilidade do IMC de 30 kg/m2 foi de 31,6% e 28,9% enquanto que a especificidade foi de 97,5% e 100% para homens e mulheres respectivamente. Os pontos de corte de 27 kg/m2 para homens e 25 kg/m2 para mulheres foi o que apresentou melhores valores de sensibilidade (73,7% e 76,3%) e especificidade (72,5% e 100%) respectivamente. Através da curva ROC determinaram-se os pontos de corte para obesidade de 27,5 kg/m2 para homens e 23 kg/m2 para mulheres como valores de melhor sensibilidade (73,7% e 87,7%) e especificidade (82,5% e 100%) respectivamente. Baixos valores de sensibilidade para idosos foram encontrados na literatura, semelhantes aos deste estudo. Desta forma conclui-se que os pontos de corte do IMC analisados possuem baixa sensibilidade, podendo oferecer diagnóstico incorreto quanto à obesidade. Os pontos de corte propostos são mais sensíveis e específicos para a população idosa, propiciando diferenciação quanto ao sexo, podendo ser adotados para o diagnóstico desta patologia, quando a população tiver características semelhantes à estudada.

 
 

 

PRÁTICA DO ALEITAMENTO MATERNO DE CRIANÇAS QUE PARTICIPARAM DA CAMPANHA DE VACINAÇÃO
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

PALUDO, F.M.; LUFT, N.; STURMER, G.
UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA – CRUZ ALTA, BRASIL
Apresentado por Nair Luft

Este estudo transversal teve como objetivo investigar a prática do aleitamento materno exclusivo em crianças menores de cinco anos de idade do município de Cruz Alta/RS. Os dados foram obtidos por meio de um questionário aplicado a 187 mães de crianças menores de cinco anos de idade que participaram da campanha de vacinação promovida pela Secretaria Estadual de Saúde de Cruz Alta em agosto de 2006. De acordo com os resultados obtidos, observou-se que 37,5% das crianças receberam aleitamento materno exclusivo e 45,8% aleitamento materno misto. Em relação ao grau de escolaridade da mãe, entre as mães analfabetas 62,5% apresentaram aleitamento materno exclusivo e entre aquelas com colegial completo e superior incompleto predominou o aleitamento materno misto. Além disso, verificou-se que houve predominância do aleitamento materno exclusivo em mães que tiveram entre dois e três filhos, sendo que as que tiveram um filho ou mais de quatro demonstraram aleitamento materno misto ou predominante. Conclui-se que, apesar das campanhas de incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, os dados indicam a necessidade de intensificar a promoção e o apoio a esta prática para contribuir com a melhor qualidade de vida e proteção à saúde da mãe e do bebê.

Palavras-chave: Aleitamento Materno Exclusivo. Amamentação. Saúde.

 
 

 

ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR DE LACTENTES DE 6 A 12 MESES
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

TAGLIARI, L.D..; LUFT, N.
UNIVERSIDADE PASSO FUNDO – PASSO FUNDO, BRASIL
Apresentado por Nair Luft

Este estudo teve como objetivo avaliar a alimentação complementar de lactentes de 6 a 12 meses do Centro de Atendimento Integrado de Saúde Dr. Luis Fragomeni de Passo Fundo (RS), por meio de dados obtidos através de um questionário específico, aplicado aos pais com seu consentimento. Foram incluídas na pesquisa, todas as crianças atendidas no local, no período da manhã e da tarde entre 20 de novembro a 20 de dezembro DE 2006. Conforme os resultados, observou-se que a maioria da população pesquisada apresentou 2 salários mínimos de renda familiar e o grau de escolaridade dos pais demonstrou maior concentração no ensino fundamental incompleto e ensino médio completo. Referente à idade da introdução alimentar, para 40% das crianças ocorreu aos 6 meses. Porém, para 60% das crianças ocorreu antes dos seis meses de vida. De acordo com a freqüência alimentar, arroz, feijão, verduras e frutas, são os alimentos mais consumidos pelas crianças pesquisadas. Além disso, os dados também revelam que 96% da população pesquisada receberam orientações sobre como alimentar os filhos. Entretanto, a maioria destas orientações, 48 (90%) foram realizadas por médicos e somente 2 (4%) por médico e nutricionista. Conclui-se que o nível socioeconômico juntamente com a falta de orientações por profissionais capacitados, interfere na qualidade da alimentação das crianças de 6 a 12 meses, sendo que uma alimentação inadequada leva a carências e distúrbios nutricionais graves como obesidade e desnutrição infantil.

Palavras-chave: Nutrição. Alimentação Complementar. Saúde. Lactentes.

 
 

 

CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DE INDIVÍDUOS COM E SEM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS ASSISTIDOS PELA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA E COMUNITÁRIA DA UNIVALI
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

CHEREM, A.R.1; MICHELS, M.K.2; AZEVEDO, S.A.3
1 Professora do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí/SC. Doutoranda em Ciência dos Alimentos pela UFSC.
2 Acadêmica do Curso de Nutrição da Univali.
3 Nutricionista. Autor apresentador do trabalho: Silze Alves de Azevedo

Objetivo: Comparar o estado clínico nutricional de pacientes com e sem doenças crônicas não transmissíveis atendidos pela Unidade de Saúde da Família e Comunitária da UNIVALI.

Metodologia:
Participaram da pesquisa 165 pacientes, sendo 89 com doença crônica, e 76 sem doença crônica. Foram coletados dados para a avaliação clínica por meio de um protocolo em entrevista pessoal. Para a avaliação dietética, foi aplicado um questionário padronizado com informações sobre a ingestão alimentar habitual de um dia. A avaliação antropométrica foi realizada através do Índice de Massa Corporal, e pela circunferência abdominal. A avaliação laboratorial constou de exames bioquímicos das concentrações plasmáticas de glicose, colesterol total, LDL-Colesterol, HDL-Colesterol e triglicérides, coletados no prontuário do paciente, além da aferição da pressão arterial.

Resultados:
Quando comparado ao grupo sem doença crônica, a maioria dos indivíduos do grupo com doença crônica apresentou menor escolaridade, maior grau de obesidade, maior risco para complicações metabólicas, e uma prevalência superior de hipertensão. A ingestão dietética dos macronutrientes apontou um consumo semelhante para os dois grupos, destacando-se o consumo excessivo de proteínas na maioria dos avaliados. As concentrações plasmáticas de glicose, colesterol total, LDL-C e triglicérides apresentaram-se mais elevadas nos indivíduos do grupo com doença crônica.

Conclusões: Fatores de risco para doença crônica mostraram-se elevados principalmente no grupo já acometido por alguma doença crônica. Esses dados reforçam a necessidade da implementação de medidas objetivas em âmbito nacional, visando combater esses agravos à saúde, com vistas à redução da morbidade e mortalidade por doença crônica não transmissível.

PALAVRAS-CHAVES: doenças crônicas não transmissíveis, avaliação antropométrica, fatores de risco.

 
 

 

AVALIAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO E SEUS DETERMINATES EM UM HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA DE PORTO ALEGRE – RS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Escobar, Renata de S.; Lopes, Maria Lúcia R.; Bavaresco, Caren S.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - São Leopoldo/RS , Brasil
Apresentará o trabalho: Renata de Souza Escoba

Objetivo: Avaliar a amamentação mediante a aplicação de protocolo preconizado pelo UNICEF, verificando seus determinantes. Também objetivamos conhecer as variáveis sócio-econômicas e culturais dos binômios mãe-bebê, além de verificar as práticas assistenciais desenvolvidas durante pré-natal, parto e internação no alojamento conjunto a fim de identificar as principais dificuldades encontradas pelas duplas mãe-bebê no início da amamentação.

Metodologia: Estudo transversal descritivo, com amostra constituída de 66 duplas mãe/recém-nascido, internados no Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas – POA/RS, selecionados aleatoriamente. Foi utilizado o protocolo preconizado pelo Unicef para guiar a observação e avaliação da mamada. O protocolo apresenta uma série de comportamentos classificados em favoráveis ou indicativos de dificuldades. O comportamento das duplas foi classificado em escores como bom, regular ou ruim conforme o número aspectos insatisfatórios observados. Também foi aplicado um questionário para caracterizar os binômios mãe-bebê e as práticas perinatais a eles destinadas e verificar possíveis associações com os escores obtidos pelo protocolo (X ² Pearson), nível crítico p <0,05.

Resultados: Computando-se os escores regulares e ruins, a freqüência de binômios com comportamentos sugestivos de dificuldade no início da amamentação variou de 6,1% a 33,3%, dependendo do aspecto avaliado. A ocorrência de escores ruins, ou seja, muitos comportamentos desfavoráveis, que podem levar ao desmame precoce, situou-se entre 0 e 6,1%. A análise da anatomia das mamas foi o que apresentou a menor freqüência de comportamentos favoráveis, apresentando 66,7% de escores considerados adequados (bom). O aspecto afetividade foi o que apresentou a maior freqüência de comportamentos negativos (ruim), 6,1%.Os melhores resultados foram relativos à resposta e a sucção do recém-nascido durante a mamada, pois 93,9% dos binômios apresentaram escore considerado bom. Encontrou-se associação significativa (p=0,01) e problema na amamentação e resposta do recém-nascido (p=0,012). A média da idade materna foi de 25,64 ± 7,68 anos, variando de 13 a 43 anos. O percentual de primíparas foi de 40,9%. Das 66 mães entrevistadas, 56,1% já tiveram experiência anterior com amamentação. A escolaridade materna variou bastante, de analfabetas (3%) até mães com curso superior incompleto (3%), a maior freqüência (47%) foi encontrada entre a 5a e a 8a série. Entre as entrevistadas, observamos que a maior parte delas (83,3%) viviam com um companheiro e eram moradoras de Porto Alegre (56,1%). A média da renda familiar foi de R$ 545,00.

Conclusões: O presente estudo apresenta um guia de observação da mamada com a finalidade de orientar essa observação, facilitando a detecção de possíveis problemas. A partir da identificação das duplas com alguma dificuldade seria possível uma atuação mais direta e eficiente por parte dos profissionais de saúde. Acredita-se que as práticas assistenciais favoráveis à amamentação, realizadas no HMIPV , tenham exercido um papel muito importante na diminuição de escores ruins, quando comparados com outros estudos que não foram realizados em um Hospital Amigo da Criança.

 
 

 

COMPARAÇÃO DAS EQUAÇÕES DE ESTIMATIVA DE PESO E ALTURA EM ADULTOS E IDOSOS NA CIDADE DE SANTA MARIA/RS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição Clínica

LIMAI , L. & MUSSOIII T.
ILissandra de Souza Batista Costa Lima, Acadêmica do Curso de Nutrição e Apresentadora do trabalho, Centro Universitário Franciscano, Santa Maria, RS
IIThiago Durand Mussoi, Prof Mestre, Área da ciência de saúde, Departamento de Nutrição do Centro Universitário Franciscano, Santa Maria, RS.

No âmbito da saúde pública, os dados antropométricos de populações são de grande utilidade na identificação de grupos que necessitam de intervenção nutricional, na avaliação de respostas a uma intervenção, no estabelecimento de fatores determinantes do baixo peso e sobrepeso e como instrumento de vigilância nutricional A antropometria tem se mostrado importante indicador do estado nutricional. Além de fornecer informações das medidas físicas e de composição corporal, é um método não invasivo, de baixo custo, de fácil e rápida execução. O peso corporal, além de ser um indicador das mudanças do estado nutricional, apresenta-se como um dado para o cálculo do suporte nutricional, visto que as fórmulas sugeridas para estimativa do gasto energético utilizam o peso como uma variável importante.

Não só o gasto energético pode ser estimado a partir do peso, como também as recomendações de macronutrientes e fármacos. Este fato gera maior necessidade em aprofundar a compreensão sobre o papel do profissional de nutrição a ser desempenhado nesse contexto, que são: a identificação de indivíduos em risco para desenvolver doenças crônicas não-transmissíveis e a intervenção alimentar para a prevenção e controle de enfermidades. Estudos internacionais têm sido publicados para estimar o peso corporal, como a equação de Chumlea et al. (1988). Entretanto ela apresenta limitações, pois foi criada a partir das medidas do indivíduo norte-americano típico, que nem sempre condiz com a realidade da população de outros países, como o Brasil, e em especial, o Rio Grande do Sul. Ao passo que Rabito, (2004), determinou uma equação de estimativa de peso e altura corporal para a população brasileira. Este trabalho teve como objetivo comparar a aplicabilidade das equações, internacional de Chumlea et al (1988) e nacional de Rabito et al. (2005), baseadas nas características antropométricas, que seriam mais apropriadas para a estimativa de peso e altura corporal de adultos e idosos de Santa Maria/RS. Este estudo caracterizou-se por uma abordagem quantitativa transversal e incluíram 100 indivíduos (33 homens e 67 mulheres), maiores de 18 anos. Foram obtidas as medidas antropométricas: peso, altura, prega cutânea subescapular; circunferências (panturrilha, abdômen, braço) e comprimentos (braço altura do joelho).

Os dados foram dispostos em tabelas e analisados segundo gênero e faixa etária. Foram calculadas a média, o desvio padrão, o coeficientes de correlação de Pearson e aplicado o teste Tukey. O nível de significância utilizado foi (p<0,05). Os dados foram analisados utilizando-se o software SPSS versão 14.0. Observou-se que, as equações apresentaram diferença, estatisticamente significativa, em todas as equações propostas para estimar o peso corporal e altura quando aplicadas para todos os indivíduos da amostra. Sendo que a equação mais recomendada para estimar peso para a faixa etária acima de 36 anos, para o gênero feminino é a equação de Chumlea et al. (1988). Já para o gênero masculino, as equações 1 e 2 propostas por Rabito et al.(2005), são as mais recomendadas, quando utilizadas para estimar peso corporal. Para a estimativa de altura as equações 1, 2 de Rabito e Chumlea et al. (1988), são as mais recomendadas para a faixa etária acima de 36 anos, para ambos os gêneros. No entanto, as equações de estimativa de altura tiveram mais adaptação na população estudada em relação às equações de estimativa de peso corporal. Estudos complementares são necessários para avaliar a aplicabilidade das equações de estimativa de peso e da altura, em outras regiões brasileiras.

Palavras-chave: estimativa altura, estimativa peso, antropometria.

 
 

 

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL SUBJETIVA GLOBAL DE PACIENTES ONCOLÓGICOS E ASSOCIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL ATRAVÉS DOS ÍNDICES DE KARNOFSKY EM PACIENTES COM DOENÇA AVANÇADA EM CUIDADOS PALIATIVOS.
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição Clínica

Bortolon F.¹, Rabin E.¹, Ferreira A.².
1- Hospital de Clinicas, Porto Alegre, Brasil, 2- Oncosinos - Hospital Regina, Novo Hamburgo, Brasil.

Introdução: No tratamento de pacientes com câncer avançado, um crescente grupo de evidências sugere que o diagnóstico precoce de comprometimento nutricional seguido de intervenções nutricionais e farmacológicas pode postergar ou desacelerar a perda de peso e ter impacto positivo na qualidade de vida destes pacientes. Ferramentas de pesquisa tais como a Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Próprio Paciente (ASG-PPP) podem detectar pacientes com desnutrição leve a severa antes que o paciente fique muito debilitado.

Objetivos: Nosso principal objetivo nesse estudo foi o de caracterizar as necessidades nutricionais de pacientes com câncer avançado em tratamento paliativo através do uso do ASG-PPP e correlacionar os resultados com Escala subjetiva do Nível de Desempenho (Perfomance Status) de Karnofsky no Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Metodologia: Avaliamos 52 pacientes com idade entre 24 e 75 anos (média de 56,5 anos). Trinta e dois pacientes eram do sexo feminino (62%), e 25 dos pacientes (48%) estavam hospitalizados. As neoplasias mais comuns foram: câncer colorretal 12%, câncer de mama 14% e câncer de pulmão 12%. Os principais sintomas negativos que afetaram a ingestão oral foram: anorexia 67%, xerostomia 60%, dor 56%, disgeusia 40%, constipação 35%, náusea 33% e disfagia 12%.

Resultados: De acordo com o ASG-PPP, 25% (13) dos pacientes estavam em bom estado nutricional, 52% (27) estavam moderadamente desnutridos ou com suspeita de desnutrição moderada, e 12 (23%) dos pacientes estavam severamente desnutridos. Não houve diferença estatística entre pacientes internados e ambulatoriais nessas categorias.
A capacidade funcional de nossos pacientes, segundo avaliado pelo índice de Karnofsky, demonstrou que apenas 6 pacientes (11,5%) tiveram escore entre 80 e 100%; 27 (52%) entre 50 e 70%; e 19 (36,5%) entre 10 e 40%. O Performance Status médio foi de 50%. Houve correlação estatística significativa entre o escore de ASG-PPP e o Performance Status (r=-0,0571, P<0,001).

Conclusões: A correlação entre o escore do ASG-PPP e o índice de Karnofsky sugere que o Performance Status também pode ser uma ferramenta de valia na avaliação do estado nutricional de pacientes com câncer avançado em cuidado paliativo.
 
 

 

INTERFACE DA POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE COM A SAÚDE DA POPULAÇÃO IDOSA: alimentação saudável*1
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Brandão, AF [2]
Gomes, GC [3]
Pelzer, MT [4]
Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG/ Rio Grande/ Brasil

Os idosos são o grupo com maior crescimento populacional no Brasil. Eles com freqüência são portadores de doenças crônicas e devem destinar, às vezes, parte importante de seu orçamento à compra de medicamentos, podendo comprometer a aquisição de alimentos. O envelhecimento, apesar de ser um processo natural, submete o organismo a diversas alterações anatômicas e funcionais, com repercussões nas condições de saúde e nutrição do idoso. Torna-se necessário que as políticas públicas de saúde priorizem ações relativas a alimentação saudável promovendo a implementação das diretrizes da política nacional de alimentação e nutrição implementando ações de combate a fome e de aumento de acesso aos alimentos aos grupos populacionais vulneráveis como são os idosos.

O objetivo deste estudo foi realizar uma reflexão teórica acerca da relação da Política Nacional de Promoção da saúde com a promoção da saúde da população idosa no que diz respeito a alimentação. Verifica-se que, no que diz respeito à promoção da saúde da população idosa as implementações de ações locais devem ser norteadas pelas estratégias contempladas na Política Nacional de Promoção da saúde tendo como prioridades ações específicas, sendo que uma delas trata da alimentação saudável. Esta ação deve ser um compromisso assumido pelas três esferas de governo de forma a dar conta das demandas nutricionais de saúde das populações, inclusive da de idosos. Garantir alimentação saudável ao idoso significa diminuir sua morbidade e mortalidade melhorando sua saúde e sua qualidade de vida.

PALAVRAS- CHAVE: Promoção da saúde, idoso, nutrição.

[1] Trabalho vinculado ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da FURG.
[2] Especialista em Nutrição Clínica. Nutricionista do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. do Rio Grande – HU. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da FURG.Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Gerontogeriatria / GEP- GERON anutri76@ibest.com.br
[3] Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde da Criança e do Adolescente / GEPESCA. Orientadora da dissertação. acgomes@mikrus.com.br
[4] Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da FURG. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Gerontogeriatria / GEP- GERON. Co-orientadora da dissertação. pelzer@mikrus.com.br

 
 

 

NUTRIÇÃO DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO[1]
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Brandão, AF [2]
Gomes, GC [3]
Pelzer, MT [4]
Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG/ Rio Grande/ Brasil

A determinação do diagnóstico nutricional e a identificação dos fatores que contribuem para tal diagnóstico no indivíduo idoso são processos fundamentais, mas complexos. Alterações fisiológicas, processos patológicos crônicos e situações individuais que ocorrem com o envelhecimento, podem interferir no estado nutricional do indivíduo. Não existem dados exatos sobre o número de idosos institucionalizados no Brasil e nem estudos prospectivos sobre a demanda futura, mas nenhum indício há de que está diminuindo a necessidade de institucionalização. O processo de institucionalização do idoso, somado ao contexto do envelhecimento pode indicar um maior risco para desnutrição nas pessoas idosas. O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão bibliográfica acerca do idoso institucionalizado e do estado nutricional nesta população. Com este estudo evidenciou-se que nas ILPs, muitas barreiras interpõem-se ao alcance dos objetivos nutricionais, tais como os limites impostos pelos recursos institucionais, inserindo padrões de gerenciamento, financeiros, que direta ou indiretamente aumentam o risco de desnutrição. Autores afirmam que a desnutrição é freqüentemente observada na população idosa. Ela ocorre em 2 a 10% dos idosos saudáveis, enquanto nos idosos institucionalizados a prevalência é ainda maior, alcançando 30-60 %. Conclui-se que a avaliação nutricional é um dos maiores desafios na pratica gerontológica. Torna-se necessária a implementação de estratégias de promoção da nutrição saudável e da prevenção da desnutrição nas ILPs. A implementação da avaliação nutricional individual e coletiva periódica apresenta-se como instrumento gerencial imprescindível para garantir o estado nutricional adequado garantindo mais saúde para o idoso institucionalizado.

Palavras-chave: Idosos, Instituição de Longa Permanência, Nutrição.

 
 

 

ASPECTOS NUTRICIONAIS DE SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS LOTADOS NA CIDADE DE PORTO ALEGRE – RS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição Clínica

AYRES, Fabiana dos Reis. Instituto de Pesquisa Capacitação e Especialização. Porto Alegre, 2005.

Realizou-se um estudo com os Servidores Públicos Estaduais lotados na cidade de Porto Alegre-RS, tendo como objetivo determinar os aspectos nutricionais e, a partir desse, avaliar a necessidade de uma intervenção devido à freqüência desses em um consultório particular localizado no centro dessa cidade. Para isso, foi aplicado um formulário e realizada a avaliação nutricional. Na amostra, constatou-se o predomínio do sexo feminino e de Servidores solteiros, com nível superior completo, que cozinham, residem com seu cônjuge e/ou filho(s), realizam suas refeições fora de casa, sozinhos, dispensando para cada uma delas o tempo entre dez e vinte minutos. Segundo o IMC, a maioria encontra-se eutrófica, e, para a PCT, encontra-se com desnutrição grave.

A maioria dos classificados com sobrepeso ou obesidade é de homens, independente do critério de avaliação. Praticam atividade física, de uma a duas vezes na semana, sendo a caminhada a prevalente; realizam quatro refeições ao dia; referem ser a carne o alimento de preferência e também o alimento que não consomem devido ao gosto, o que influencia na escolha alimentar. Alimentam-se pela manhã, ingerem uma fruta ao dia, fritura uma vez na semana e refrigerante normal diariamente; ingerem esse ou suco natural com as refeições, usam açúcar e consomem bebida alcoólica, apresentando um funcionamento intestinal diário. Relatam ter pretensão de mudança em seus hábitos e para tanto pensam em adotar o consumo de frutas e restrição de frituras/gorduras. Encontram-se no estágio de manutenção dos hábitos, e mesmo assim, notaram elevação de peso nos últimos três meses, associando-o à alimentação e à atividade física; em relação ao apetite, ele não se altera quando ocorre um final de relacionamento, mas em situações de estresse aumenta. Não possuem alergia alimentar e não utilizam suplementos nem medicamentos.

Daqueles que não consomem água diariamente a prevalência é de obesos, e desses, as mulheres relataram ter percebido alguma alteração em seu peso, tendo a intenção de mudar os hábitos, independente do estado nutricional; os homens com IMC de magreza e sobrepeso relataram esta pretensão, mas apenas as mulheres apresentam dificuldades para isso. Em conclusão, o perfil nutricional dos Servidores Públicos Estaduais vem embasar, em parte, o fenômeno que vem ocorrendo no Brasil, a transição nutricional, pois a maioria dos homens apresenta algum grau de sobrepeso ou obesidade, quando em relação à classificação segundo o IMC. Já, segundo a adequação da PCT e classificação dessa, observou-se a prevalência de desnutrição grave, constatação que deverá sofrer uma investigação mais detalhada para sabermos se esse resultado não sofreu influência de alguma variável não utilizada nesta pesquisa. Considerando valores estatisticamente significativos entre o estado nutricional e a alteração de peso, notou-se que a maioria das mulheres relata a pretensão de mudar seus hábitos alimentares e descreve encontrar dificuldades para isso. Sendo assim, a intervenção nutricional chegaria como meio de evitar algum distúrbio nutricional relacionado ao perfil encontrado e para auxiliar na mudança e adequação dos hábitos alimentares.

Palavras - chaves: Estado nutricional, avaliação nutricional e antropometria.

 
 

 

O CONSTRUIR E O FAZER DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Guterres, R. L. (apresentador); Machado, N. M. V.; Souza, T. T.; Viteritte, P. L. Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Residência Integrada em Saúde da Família, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

A atenção básica caracteriza-se por ações de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde, desenvolvidas através do trabalho em equipe e orientadas pelos princípios de integralidade, universalidade, vínculo, responsabilização, equidade, participação social e humanização (BRASIL, 2006). Neste sentido, em substituição ao modelo de atenção em saúde hegemônico, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica no Brasil, de acordo com os preceitos do SUS (BRASIL, 2006). Entretanto, por ser um processo relativamente recente, a práxis da ESF por si só não é completamente resolutiva no sentido de responder a todas as necessidades apresentadas pelas comunidades nas quais está inserida. Pode-se considerar que uma das limitações que se colocam é a formação dos profissionais que atuam na atenção básica, ainda desfragmentada e pautada no modelo hegemônico de saúde. Neste sentido, a interdisciplinaridade se coloca como estratégia para modificação gradual deste modelo de atenção, ampliando a possibilidade de inserção de outros profissionais, além daqueles que compõem a equipe básica de saúde da família, e objetivando a superação da fragmentação da atenção, o estabelecimento de vínculo com o usuário e da co-responsabilização do cuidado.

A experiência vivenciada no Programa de Residência Integrada em Saúde da Família, da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, composto pelas categorias profissionais medicina, enfermagem, odontologia, nutrição, serviço social, psicologia e farmácia, evidencia que a participação do nutricionista, assim como dos outros profissionais de saúde, através do trabalho interdisciplinar na atenção básica possibilita uma nova forma de entender e construir o processo saúde-doença. O nutricionista inserido neste modelo de atenção tem também a possibilidade de romper com a prática de atenção em saúde pautada em seus conhecimentos e desvinculada da discussão da determinação social da saúde. Assim, é possível a ampliação de sua atuação para além das ações historicamente determinadas como de sua responsabilidade, envolvendo-se, por exemplo, no processo de acolhimento, nas reuniões de área com outros profissionais de saúde - incluindo os Agentes Comunitários de Saúde -, em interconsultas e em atendimentos domiciliares. Além disso, sua atuação nesta lógica potencializa a compreensão do processo de transição nutricional ocorrido no Brasil nas últimas décadas e a implementação do SISVAN, em suas duas dimensões – alimentar e nutricional -, contribuindo para a efetivação da alimentação como direito humano básico e para a garantia da segurança alimentar e nutricional, através da compreensão da complexidade que envolve estas questões (FILHO & RISSIN, 2003).

Por fim, embora se tenha a compreensão de que este novo modelo deve, ainda, percorrer um longo caminho para realmente encontrar-se efetivado no Brasil, a experiência relatada demonstra ser plausível responder com mais efetividade às necessidades de saúde apresentadas pela população quando realmente se constrói um modelo de atenção pautado nos princípios da Lei 8.080, ou seja, na integralidade, universalidade, vínculo, responsabilização, equidade, participação social e humanização.

 
 

 

REFLEXÕES A CERCA DO PROCESSO DE TRABALHO DO NUTRICIONISTA NA ATENÇÃO BÁSICA
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Guterres, R. L. (apresentador); Machado, N. M. V.; Machado M. L.; Ramos, C.; Titon, T. S.; Viteritte, P. L. Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Residência Integrada em Saúde da Família, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Na atenção primária, as profissões que compõem a equipe básica, inseridas na Estratégia de Saúde da Família (medicina, enfermagem e odontologia), têm em sua formação claras definições de atendimentos de urgências. Para o alcance da integralidade – um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) – há também a necessidade de inserção de outras categorias profissionais nos serviços de atenção primária, como ocorre no Programa de Residência Integrada em Saúde da Família, da Universidade Federal de Santa Catarina, na cidade de Florianópolis.

Para essas demais categorias (nutrição, serviço social, psicologia e farmácia), a definição de urgências não está explícita. Do ponto de vista médico, atendimentos de urgência são aqueles nos quais não está envolvido o risco de morte imediato, no entanto, o usuário necessita de um rápido atendimento, que deve ser prestado em um período de tempo que, em geral, é considerado como não superior a duas horas (Goldim, 2003). Dessa forma, surge a proposta de definição de urgências em nutrição como forma de organizar o fluxo de atendimento da Unidade Básica de Saúde, assim como de estabelecer o significado desses atendimentos para essa categoria profissional. As experiências no processo de trabalho e as reflexões propiciadas levaram a pensar que as urgências em nutrição apresentam um caráter de prioridade de atendimento, sem ferir o princípio da equidade, e não necessariamente têm o mesmo significado das urgências para as outras categorias profissionais.

Ainda, para que o atendimento de urgência em nutrição ocorra é necessário que a pessoa não tenha uma orientação prévia de um nutricionista para a demanda em questão e reconheça a significância das orientações nutricionais para resolutividade de sua demanda, optando pelos serviços que satisfaçam suas aspirações e necessidades, promovendo assim o emporwement individual e da comunidade na qual está inserida. As urgências em nutrição foram classificadas por ciclo de vida (crianças, adolescentes, adultos e idosos) e algumas que contemplam todas as faixas etárias. A carência de estudos sobre o assunto traz a reflexão sobre a necessidade de discutir na categoria profissional e junto à população como se implementa a inserção da nutrição na atenção básica, assim como de elaborar protocolos de atendimento que contemplem ou não as urgências.

 
 

 

CONSUMO ALIMENTAR DE MULHERES FEIRANTES DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA – RS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Oliveira, N.; Mussoi, T.; Silveira, P. Centro Universitário Franciscano – UNIFRA, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

Existe hoje, na sociedade brasileira, a preocupação quanto à adoção de bons hábitos alimentares. Diante disto, a Nutrição, como ciência que objetiva auxiliar o indivíduo na introdução e/ou manutenção de práticas de alimentação e nutrição seguras, discute esse tema e o trata como essencial para se obter uma estruturação nas condições de apreendizagem e de educação alimentar e nutricional diante de práticas saudáveis que levem em conta a segurança alimentar e nutricional. A formação dos hábitos alimentares é resultante de variadas influências que o indivíduo está exposto desde o nascer. Essas influências podem ter caráter genético, social, econômico, histórico e cultural que irão determinar qual será a relação do indivíduo com as condições das práticas alimentares. Por conseguinte, este trabalho tem como objetivo fazer uma busca da realidade alimentar de mulheres que comercializam seus produtos alimentares em feiras do município de Santa Maria, RS. Tomou-se como ponto de partida investigar o consumo alimentar, por meio de inquéritos alimentares. Os dados foram calculados com o auxílio do software DietWin versão 3.0. O estado nutricional foi avaliado pelos índices antropométricos de peso e estatura – classificados segundo a Organização Mundial da Saúde/OMS/1997 – e associado ao consumo alimentar. Segundo Pereira (2002), trata-se de um estudo de caso descritivo, com aprovação no Comitê de Ética do Centro Universitário Franciscano, atendendo as diretrizes e normas da Resolução196/96 do CNS/MS. A população da pesquisa foi constituída por seis mulheres, com média de idade de 43 anos. A coleta de dados foi realizada no período de julho/2006 a outubro/2006, por meio de entrevistas com as participantes avaliadas. Esses instrumentos continham informações sobre inquérito dietético e identificação da situação socioeconômica, demográfico.

O consumo alimentar foi obtido pela aplicação, uma única vez, de dois inquéritos dietéticos: o recordatório 24 horas e o questionário quantitativo de freqüência de consumo alimentar (QFCA), sendo desenvolvido com o cuidado de tomar alimentos comumente consumidos por essa população específica, contendo sessenta itens alimentares. Para quantificar as respostas do QFCA foram estabelecidas cinco unidades de tempo como categorias de resposta à freqüência do consumo alimentar, sendo estas: diariamente, semanalmente, mensalmente, raramente ou nunca. Para efeito de avaliação da freqüência, foi tomado o percentual daqueles alimentos que apareciam na unidade diariamente, entre os sujeitos. Para processamento e análise quantificada dos dados foi utilizado o auxílio do software DietWin versão 3.0, onde calculou-se o consumo de energia, proteína, carboidrato, lipídio, ferro, cálcio, retinol (vitaminas A), ácido ascórbico (vitamina C), tiamina (vitamina B1) folato (vitamina B9), e fibras dietéticas. A avaliação da ingestão dietética desses micronutrientes foi realizada com base nas Ingestões Dietéticas de Referência (Dietary Reference Intakes - DRI). Para analisar o percentual de macronutrientes ingeridos diariamente, serão utilizados os referenciais da Sociedade Brasileira de Nutrição (SBAN). A quantidade média de energia consumida excedeu a recomendação para todas as mulheres, sendo que 50% apresentavam sobrepeso. A ingestão habitual de nutrientes foi adequada, exceto para folato e tiamina que estavam inferiores a 80% de adequação. Prevalências de inadequação foram observadas para as fibras dietéticas (66%), e excesso de ingestão de colesterol (157%). A baixa ingestão de alimentos como as frutas e hortaliças, evidenciados por essa avaliação, pode ser condicionante para a baixa prevalência dos micronutrientes, como o folato, tiamina, e cálcio. Essa é uma importante questão a ser discutida, pois, a possibilidade de cultivo de alimentos como as hortaliças e frutas é muito ampla entre as famílias das mulheres participantes do estudo, haja visto que este evento é reconhecido por elas, entretanto, a educação para o consumo desses alimentos não é explorada.

A presença de práticas de educação nutricional dentro neste grupo social é essencial para que se agregue saberes, evidenciando o potencial de produção para o autoconsumo. Estes resultados demonstram que o consumo alimentar inadequado tem contribuído para os déficits nutricionais. Foi possível definir também que, há alto consumo de preparações ricas em gordura, colesterol e açúcar simples, de alto valor energético, em detrimento às frutas e hortaliças e cereais integrais. A falta ou diminuição destes últimos alimentos na dieta pode interferir negativamente na saúde do indivíduo, na medida em que ele vai abandonando o consumo deles. Recomenda-se a realização continuada de estudos de consumo alimentar nessa população, aliado às investigações que permitam analisar o indivíduo integralmente, reconhecendo seu espaço social. Com os resultados do estudo, podemos analisar as dificuldades, por parte das participantes, de estabelecer uma dieta adequada a sua realidade, que permita articular, de maneira ajustada, os meios de produção para o autoconsumo. Para que isso ocorra, deve-se promover a educação permanente e continuada em saúde.

CUPPARI, Lílian. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar: Nutrição clínica no adulto. Barueri,SP: Manole, 2002.
Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington (DC): National Academy Press; 2002
LAMBERT, Jean Louis; BATALHA, Mário Otávio; SPROESSER, Renato Luiz et al. As principais evoluções dos comportamentos alimentares: o caso da França. Revista de saúde pública. São Paulo, v. 18, n. 5, p. 577-591, set/out, 2005.
SCHUSH, Heitor José. A importância da opção pela agricultura familiar. Disponível em http://gipaf.cnptia.embrapa.br/itens/publ/fetagrs/fetagrs99.doc. Acesso em: 15/05/2006.

 
 

 

AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE ENCANTADO – RS
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

Autor: Radaelli, K. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-Brasil-Nome do Apresentador: Kiara Radaelli
Introdução: Este trabalho consiste em uma avaliação extensa da situação de saúde do município de Encantado, no Rio Grande do Sul, visando a um diagnóstico de saúde coletiva que possa ser útil para o planejamento das suas ações no município. Metodologia: Foi seguido o modelo da Rede Interagencial de Informações de Saúde no Brasil, através de sua publicação “Indicadores Básicos para a Saúde no Brasil: Conceitos e aplicações” de 2002. Os indicadores foram obtidos por meio de sites da Internet, entre eles: DATASUS, SES/RS, IBGE, PNUD, BNDS, IPEA, Ministério do Trabalho e Emprego, UFRGS/NUTEP, e Ministério da Previdência Social/ DATAPREV, procurando avaliar as variáveis as quais são apresentadas em forma de tabelas e gráficos. Os dados obtidos foram hierarquizados, conforme os indicadores, comparando as informações equivalentes do município de Encantado com Garibaldi, Carlos Barbosa, Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. Resultados: Encantado possui altíssimo índice de internação por quedas, baixo índice de consultas SUS por habitante e baixo número de profissionais na área da saúde. Apresenta também, um baixo gasto público com saúde em relação ao PIB, e os indicadores de mortalidade infantil mostram índices preocupantes. Conclusões: Os dados analisados sugerem a necessidade de um maior investimento em saúde, contratação de pessoal e campanhas de conscientização, estas, principalmente para reduzir acidentes e induzir mães às consultas pré e neonatal.
Palavras Chave: Epidemiologia, Sistemas de Informação, Indicadores de Saúde, Saúde Pública;

 
 

 

PROGRAMA DE REABILITAÇÃO NUTRICIONAL – PRN – DESENVOLVIDO NO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL NO PERÍODO DE 1994 A 2006
 

III Fórum Nacional de Nutrição – Porto Alegre
Área: Nutrição e Saúde Pública

NUTRICIONISTAS – BIASUS, R.; GIL, S.; MARTINS, C.; PORMANN, S.; ROSSI, M.; SUSIN, M.; VAZ, F.
SERVIÇO DE NUTRIÇÃO PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL – BRASIL
AUTOR: SANDRA I. B. PORMANN

OBJETIVO:
• IDENTIFICAR O NÚMERO DE CRIANÇAS DESNUTRIDAS, DE 6 MESES À 59 MESES ATENDIDAS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE MUNICIPAIS;
• IMPLANTAR O PROGRAMA DE REABILITAÇÃO NUTRICIONAL EM TODAS AS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE MUNICIPAIS PARA RECUPERAR O PÚBLICO ALVO;
• AVALIAR OS RESULTADOS OBTIDOS.

METODOLOGIA:
• 1ª ETAPA: REALIZAÇÃO DO CENSO NUTRICIONAL: ATRAVÉS DA DIVULGAÇÃO PELA MÍDIA FOI REALIZADO CHAMAMENTO DO PÚBLICO ALVO PARA EM DATA, HORÁRIO E LOCAIS DEFINIDOS ( UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE MUNICIPAIS)) COMPARECER PARA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ATRAVÉS DOS PARÂMETROS PESO/IDADE ( NCHS), E PARA IDENTIFICÃO DO PÚBLICO PASSÍVEL DE ABORDAGEM.
• 2ª ETAPA: IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO NUTRICONAL EM TODAS AS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE MUNICIPAIS FEITA PELAS NUTRICIONISTAS RESPONSÁVEIS, QUE CONSISTE EM AVALIAÇÃO NUTRICIONAL MENSAL DO PÚBLICO ALVO INCLUÍDO NO PROGRAMA, COM REGISTRO EM PLANHILHA ESPECÍFICA E DISTRIBUIÇÃO MENSAL DO RECURSO ALIMENTAR ( LEITE EM PÓ INTEGRAL ENRIQUECIDO COM VITAMINAS, A, C, D E FERRO)DE ACORDO COM FAIXA ETÁRIA( 04KG PARA CRIANÇAS DE 6 MESES À 23 MESES E 02KG PARA CRIANÇAS DE 24 MESES À 59 MESES).
ORIENTAÇÃO ALIMENTAR CONTINUADA, ACOMPANHAMENTO DO CALENDÁRIO VACINAL E MONITORAMENTO DO NÚMERO DE CONSULTAS AO PEDIATRA CONFORME PRECONIZA O MINISTÉRIO DA SAÚDE.
ENCAMINHAMENTO DOS BENEFICIADOS DO PROGRAMA A OUTROS PROFISSIONAIS QUANDO NECESSÁRIO (DENTISTA, PSICÓLOGO, SERVIÇO SOCIAL E OUTROS).
COPILAÇÃO DOS DADOS REGISTRADOS EM PLANILHA ESPECÍFICA, ANUALMENTE, VERIFICANDO O ÍNDICE DE RECUPERAÇÃO DAS CRIANÇAS BENEFICIADAS PELO PROGRAMA.
MANUTENÇÃO NO PROGRAMA DAS CRIANÇAS POR TRÊS MESES CONSECUTIVOS, APÓS REABILITAÇÃO NUTRICIONAL, RECEBENDO O RECURSO ALIMENTAR.
DESLIGAMENTO DAS CRIANÇAS DO PROGRAMA APÓS RECUPERADOS E QUANDO ULTRAPASSAM A FAIXA ETÁRIA DE 59 MESES, MANTENDO MONITORAMENTO ATRAVÉS DO SISVAN( SISTEMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL).

RESULTADOS:

PERÍODO
PÚBLICO ALVO
AVALIADOS/ATENDIDOS
DESNUTRIDOS
%
1994
27.125 (100%)
13.112 (48,34%)*
2.160
7,96% /100%
16,47% /48,34%

2006
33.268 (100%)
16.634 (50%)**
386
1,16%/100%
2,32%/50%

*Nº DE CRIANÇAS DO CENSO NUTRICIONAL/1994 ** Nº CRIANÇAS ATENDIDAS SUS/CXS

CONCLUSÃO:

DE ACORDO COM OS RESULTADOS OBTIDOS, NO PERÍODO AVALIADO, O PROGRAMA MOSTROU SUA EFICÁCIA NA RECUPERAÇÃO DE 14,15% DE CRIANÇAS DESNUTRIDAS.

 
 
 
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