5º Fórum Nacional de Nutrição - Rio de janeiro RJ
Consenso Regional

Carta do 5o Fórum Nacional de Nutrição Região Rio de Janeiro

O 5o Fórum Nacional de Nutrição - região Rio de Janeiro, realizado no Rio de Janeiro, nos dias 27 e 28
de março de 2009, cujo tema central é "Definindo os rumos da Nutrição no Brasil",

Considerando que:

- O crescimento de doenças e agravos não transmissíveis concomitante a fome, desnutrição e carências nutricionais;

- As condições de vida diferenciadas e desigualdades no acesso a bens de serviço;

- O excesso de peso vêm aumentando notóriamente em todas as classes sociais e, dentre os fatores que desencadeiam esse ganho de peso, destaca-se a ocidentalização da alimentação;

- De acordo com o Regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e/ ou de saúde alegadas em rotulagem de alimentos, não são permitidas alegações de saúde que façam referência à cura ou prevenção de doenças;

- Não há alimentos funcionais, legalmente registrados no Brasil, que promovam a cura, controle ou a prevenção da obesidade, bem como de suas comorbidades associadas;

- Os estudos mostram que os alimentos isolados não são capazes de provocar uma perda de peso significativa, porém podem apresentar efeitos positivos na sua manutenção;

- Os efeitos individuais de cada componente da dieta sobre o controle do peso podem ser ineficazes na modificação da composição corporal mas, se forem combinados, os efeitos poderão ser satisfatórios;

 - A Nutrição está diretamente relacionada ao tratamento das doenças inflamatórias intestinais;

- Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas graves e que seu número vem aumentando;
- Nos dias atuais existe uma grande preocupação com o envelhecer saudável e a nutrição é imprescindível para se ter saúde e uma boa aparência em qualquer etapa da vida;
- As restrições alimentares têm aumentado e a população tem dificuldade de se alimentar corretamente e de encontrar alimentos saborosos e saudáveis;

- O Relatório de Alimentos, Nutrição, Atividade Física e a Prevenção de Câncer (INCA) evidenciou o papel da obesidade como causa de cânceres de esôfago, pâncreas, colo-retal, mama, útero e rim;

- O consumo de bebidas açucaradas, como os refrigerantes e refrescos a base de xaropes são uma das principais causas da obesidade;

- O sal, os alimentos preservados em sal e os embutidos são as principais causas do câncer de estômago, que atualmente encontra-se entre os cinco cânceres que mais acometem a população brasileira;

- Nos últimos 30 anos, a obesidade no Brasil praticamente duplicou (5,7% para 11%) e que a participação de bebidas açucaradas na alimentação do brasileiro aumentou mais de 400%;

- A mediana do índice de massa corporal do brasileiro em todas as regiões do país ultrapassa a faixa que seria recomendável para prevenção do desenvolvimento de câncer;

- A necessidade de garantir um ambiente social, econômica, ambiental e biologicamente favoráveis a promoção da alimentação saudável no País;

- A potencialidade de estratégias, como as de regulamentação de produtos que comprometem a saúde da população,  para contribuir para a garantia desse ambiente mais favorável à promoção da alimentação saudável, saúde e vida;


Recomenda que:


- A escolha do alimento seja uma questão familiar e social e determinada pelo sistema de produção, abastecimento, comercialização e práticas de promoção comercial dos alimentos;

- Fatores como pobreza, a exclusão social e a qualidade da informação disponível não sejam limitantes na escolha de uma alimentação mais saudável e adequada;

- A inclusão de alimentos funcionais ou componentes alimentares em uma dieta com restrição calórica, associada à prática de atividade física regular seja condição saudável para a perda de peso e redução do risco de suas comorbidades;

- A avaliação nutricional criteriosa seja o instrumento básico para detectar os problemas apresentados pelos pacientes, objetivando subsidiar a prescrição dietética individualizada e, por conseguinte, a compensação e/ou a recuperação mais rápida e com qualidade de vida;
- A capacitação de profissionais de saúde na área de transtornos alimentares e a existência de um maior número de centros de atendimento público voltados para o tratamento destas doenças;
- A prescrição de alimentos com ação antioxidante promova a melhora do sistema imunológico evitando lesões celulares persistentes e o envelhecimento precoce da célula, postergando assim o aparecimento de doenças;

- Os nutricionistas devam se apropriar mais dos conceitos de química de alimentos e técnica dietética para poder oferecer mais opções a seus clientes, pensando sempre que comer é um prazer acima de tudo;

- Oficinas de culinária devam ser oferecidas para que os clientes possam testar receitas, degustar e trocar informações nutricionais com seus nutricionistas;

- Sejam incluídas preparações regionais saudáveis nos restaurantes comerciais;
 
- Sejam aprovadas e implementadas a regulamentação da oferta, propaganda, publicidade, informação e outras práticas correlatas relacionadas à divulgação ou promoção de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gordura trans, de sódio e de bebidas com baixo teor nutricional;

- Haja enfrentamento dos problemas nutricionais do País abarcando as dimensões social, econômica, ambiental e biológica, necessárias a preservação, conservação e recuperação da saúde humana e do planeta.

Comissão Científica:

Prof. Dra. Ana Celi Pimentel de Souza (UFF/RJ)
Prof.Dra. Cláudia Cople (UERJ/RJ)
Prof. Dr Emilson Portella (UERJ/RJ)
Dr. Fábio da Silva Gomes (INCA/RJ)
Prof. Dra Josefina Bressan (UFV/MG)
Prof.Dra Luciana Reis Malheiros (UFF/RJ)
Prof.Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/SP)
Prof.Dra. Nelcy Ferreira da Silva(UFF/RJ)
Prof. Dra Nelzir T. Reis (UVA/RJ)
Prof. Dra Raquel Braz Assunção Botelho (UnB/DF)
Prof. Dra Sheila Rotenberg (FIOCRUZ/RJ)
Dra. Sibele B. Agostini (Nutrição em Pauta/SP)
Dra Viviane do Valle Couto Reis (UERJ