Tratamentos evoluíram, mas as chances de cura do AVC dependem de uma corrida contra o tempo
 
Para garantir as chances de sobrevivência sem sequelas, a regra mais importante é levar o paciente ao atendimento médico o mais rápido possível após a identificação do início do AVC.

O tempo avança e a saúde ganha aliados no combate a doenças e males súbitos que no passado eram considerados quase que uma sentença de morte. É o caso do de Acidente Vascular Cerebral (mais conhecido como AVC), uma alteração súbita do fluxo de sangue dentro da cabeça que pode entupir ou romper um vaso sanguíneo fazendo uma isquemia, ou hemorragia, respectivamente. Os principais sintomas são boca torta, perda de força e/ou sensibilidade em um lado do corpo, dificuldade para falar ou entender o que os outros falam. Em alguns casos o paciente fica totalmente sem fala.

Antigamente, a quem sofria o mal, restava apenas aguardar uma melhora ou piora fatal no quadro de saúde; hoje a situação é reversível em grande parte dos casos. Para garantir as chances de sobrevivência sem sequelas, a regra mais importante é: levar o paciente ao atendimento médico o mais rápido possível após a identificação do início do AVC. Pacientes que são tratados dentro da primeira hora de sintomas têm mais de 80% de chance de recuperação completa.

Existem medicamentos que quando administrados logo após o início dos sintomas até quatro horas e meia podem restabelecer a circulação cerebral, evitando assim sequelas e mortes. Atualmente duas modalidades de tratamento têm sido bastante eficientes para reverter o AVC e garantir boa evolução no tratamento. Uma delas é uma medicação trombolítica chamada Alteplase, que quando aplicada na veia do paciente em até quatro horas e meia após o AVC isquêmico pode dissolver o trombo formado dentro do vaso. A outra modalidade, a trombectomia mecânica, ganhou relevância nos últimos anos com resultados significativos em redução de sequelas e óbitos. Ela se caracteriza pela remoção mecânica do trombo na cabeça por meio de um tipo de cateter.

Esses dois tratamentos têm aumentado a janela terapêutica (tempo que se pode oferecer tratamento para o paciente) e ajudado na redução de sequelas e mortes. Mas, o AVC é uma corrida contra o tempo; quanto mais rápido o paciente for atendido, mais chances de cura e reabilitação. Cada minuto faz a diferença nesse processo, mas o grau de severidade do AVC e o perfil de cada paciente também interferem, apesar do tempo.

Prevenção e fatores de risco

Uma boa notícia é que pode ser possível reduzir em até 90% os casos de AVC se os principais fatores de riscos forem controlados. Além do sedentarismo, do tabagismo e da obesidade, é preciso ficar atentos a outras causas que levam ao AVC, como hipertensão arterial e colesterol altos, descontrole do diabetes e arritmias cardíacas.

Pacientes mais idosos, com histórico de AVC na família, integram um grupo de maior risco. A prevenção é fator fundamental na redução dos casos. A prática de atividades físicas, aliada a uma dieta saudável, é o caminho para evitar o sedentarismo e combater a obesidade e o controle de fatores de risco como hipertensão, diabetes, colesterol e doenças cardíacas. Essas são as melhores formas de prevenção.

Reabilitação

Dentro do contexto de ocorrência do AVC, tão importante quanto a prevenção e o tratamento, é a reabilitação. É fundamental que os pacientes sejam submetidos a sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional após o evento para aumentar a possibilidade de melhora da qualidade de vida e da independência destes pacientes.

Fonte
Dra. Letícia Rebello-  médica neurologista e coordenadora da NeuroAnchieta