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Limites de exposição solar recomendados não são adequados à realidade brasileira

 

As recomendações são baseadas em locais de geografia diferente da verificada no Brasil.

Os níveis de radiação ultravioleta variam entre as estações do ano e entre diferente as regiões, pois as características climáticas e geográficas mudam de um lugar para o outro. Estudo publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia em junho de 2015 explica que, no Brasil, as informações relacionadas à exposição solar são baseadas em outros países e, portanto, não são adequadas à realidade brasileira.

Segundo o estudo, os limites de exposição solar recomendados no Brasil e na América do Sul são baseados em estudos e medições de radiação ultravioleta realizados no hemisfério norte, principalmente nos EUA e na Europa, onde as características climáticas e geográficas são diferentes das verificadas no hemisfério sul.

“A maior parte do território brasileiro está localizado nas regiões tropicais e subtropicais do hemisfério sul, onde a disponibilidade de radiação solar é bastante elevada e as concentrações de ozônio são naturalmente menores. Por estas razões, a radiação ultraviloeta observada no Brasil, em geral, atinge as mais altas escalas recomendadas pela OMS, ou seja, muito elevado (índice de ultravioleta entre 8 e 10) ou extremo (índice de ultravioleta maior do que 11), valores danosos para a saúde humana”, explica o estudo intitulado “Solar ultraviolet radiation: properties, characteristics and amounts observed in Brazil and South America”.

Nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil, conta a pesquisa, tais valores podem ser observados até mesmo antes das nove horas da manhã. Nas Regiões Sul e Sudeste, ao meio-dia solar, os valores do Índice de ultra-violeta são caracterizados como extremos no verão e como médio a alto no inverno. O trabalho também mostra que é durante o verão na Região Sudeste do país que os mais altos registros brasileiros são observados, com índice de ultravioleta superior a 15.

“As condições geográficas e climáticas no hemisferio norte são muito diferentes da nossa realidade tropical e subtropical. Portanto, sugestões arbitrárias sobre a exposição ao sol são cada vez mais comuns. Um exemplo são as recomendações da exposição ao sol durante uma determinada quantidade de minutos para que uma certa quantidade de vitamina D seja produzida, mas sem quaisquer observações relativas à época do ano, a hora do dia, tipo de pele, a área do corpo exposta ou condições de saúde do paciente. Ou ainda a recomendação de evitar completamente a exposição ao sol ou usar protetor solar mesmo em ambientes fechados para prevenir o câncer de pele, mas novamente sem qualquer alusão a condições geográficas, sazonais e humanas”, diz o artigo.

Considerando a falta de informações básicas sobre os reais níveis de radiação ultravioleta encontrados no Brasil e sua interação com componentes atmosféricos, o estudo ressalta que é indispensável a população atender as recomendações de evitar a exposição prolongada e de utilizar diferentes formas de proteção solar, em praticamente qualquer época do ano.

Fonte
Anais Brasileiros de Dermatologia - junho de 2015
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

 
 
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