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  Academia para Transtornos Alimentares faz um apelo para a proibição formal de modelos com baixo peso
   
   
 

24 de Outubro de 2006

A Academia para Transtornos Alimentares (‘Academy for Eating Disorders’, AED), uma organização internacional para o tratamento, pesquisa e educação de profissionais em transtornos alimentares, faz um apelo para que se proíba, em todo o mundo, a utilização de modelos com peso excessivamente baixo em desfiles e revista de moda e para que se estimule a indústria a adotar um valor mínimo aceitável da relação peso-para-altura de acordo com o estabelecido pela Organização Mundial de Saúde. “A ação, sem precedentes, do maior desfile de moda na Espanha para impor limites de peso às modelos de suas passarelas, de acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, é um sinal de que a indústria da moda está começando a assumir responsabilidade”, diz Eric van Furth, Presidente da AED, “mas é necessário darmos um passo além para incluir uma ação global”. Transtornos alimentares, como a anorexia nervosa e a bulimia nervosa, são transtornos mentais que, potencialmente, ameaçam a vida e afetam primariamente mulheres jovens. Pesquisas mostram que a combinação de fatores genéticos e ambientais desencadeia estes quadros devastadores.
Um dos fatores ambientais é a ênfase na forma e no peso corporais. Pesquisas indicam que a distância entre o ideal de beleza apresentado pela indústria da moda e a realidade pode exercer um efeito negativo na auto-estima. Muitas mulheres e homens jovens recorrem a dietas num esforço para atingir esse ideal de beleza. Para aqueles que são
vulneráveis, a combinação de dieta com baixa auto-estima pode levar ao desenvolvimento de um transtorno alimentar.

ABP e centros de assistência e pesquisa em transtornos alimentares do Brasil defendem elaboração de propostas de real impacto na proteção da saúde física e mental dos jovens

Os centros de assistência e pesquisa em transtornos alimentares do Brasil e Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP vêm, conjuntamente, através desse comunicado, posicionarem-se acerca do recente falecimento de jovens em decorrência de transtornos alimentares.
Os Transtornos Alimentares, anorexia e bulimia nervosas, transtorno da compulsão alimentar periódica e transtornos alimentares não especificados acometem em torno de 10% das mulheres jovens. Estes transtornos levam ao prejuízo da saúde física e psicossocial numa faixa etária em que normalmente não se espera encontrar alta morbidade. A anorexia nervosa apresenta um dos mais altos índices de letalidade entre os transtornos mentais, podendo aumentar em até 17 vezes o risco de morte do indivíduo acometido.
É importante ressaltar que o desenvolvimento de um transtorno alimentar ocorre a partir da interação entre fatores biológicos, psicológicos, familiares e culturais. A valorização excessiva de um padrão de magreza extrema pode contribuir fortemente para o desenvolvimento e manutenção de padrões alimentares inadequados em pessoas suscetíveis. A maior parte da população acometida é composta de indivíduos comuns, entretanto, alguns grupos especiais se encontram em risco aumentado para o desenvolvimento dos transtornos, como bailarinas, modelos e praticantes de esportes que dependem de forma mais direta do peso. Os trágicos falecimentos de Ana Carolina Reston e Carla Sobrado Casalle ocorridos recentemente, trazem à tona a necessidade de uma discussão ampliada entre as várias instâncias da sociedade, envolvendo profissionais da área de saúde, representantes da indústria da moda, de associações de pais e mestres e de instâncias governamentais e jurídicas, com o objetivo de elaboração de propostas de real impacto na proteção da saúde física e mental dos jovens.
Este comunicado visa também divulgar a nota oficial à imprensa elaborada pela Academia para os Transtornos Alimentares, entidade internacional que congrega profissionais de saúde na área dos transtornos do comportamento alimentar.

• Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP
• Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (GOTA/IEDE-UFRJ, RJ)
• Grupo de Estudos e Assistência em Transtornos Alimentares (GEATA- CEAPIA, POA,RS)
• Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares (AMBULIM / IPQ-USP, SP)
• Projeto de Atendimento, Ensino e Pesquisa em Transtornos Alimentares na Infância e Adolescência (PROTAD – AMBULIM / IPQ-USP, SP)
• Programa de Orientação e Assistência aos Transtornos Alimentares (PROATA-UNIFESP/EPM, SP)
• Projeto de Investigação e Intervenção na Clínica da Anorexia e da Bulimia (INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE, SP)
• Grupo de Estudos em Nutrição e Transtornos Alimentares (GENTA, SP)

 
 
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