Aspectos para Minimizar os Efeitos Adversos da Prática Esportiva no Calor
 
Nas últimas décadas, observa-se uma maior cautela com a hidratação, principalmente quando se trata de esportistas e pessoas fisicamente ativas. Atletas que se preocupam em excesso com a hidratação podem acelerar a diluição do fluido extracelular, principalmente quando a água é usada como o líquido primário para a reposição hídrica resultando num aumento na quantidade de água corporal que os rins não conseguem compensar, combinado com uma baixa no conteúdo de sódio do corpo, podendo desenvolver ?intoxicação por água?, ou seja, hiponatremia. Durante o exercício em ambientes frios, a maior parte do calor produzido é rapidamente transferida para o ar, porém, quando a temperatura ambiente é superior à temperatura corporal, ganha-se calor, e a temperatura do corpo pode se elevar a níveis perigosos.

Por isso, torna-se necessária a exposição re gular a condições de calor e umidade, causando uma série de adaptações fisiológicas que servem para reduzir os efeitos adversos no desempenho esportivo. A dificuldade de se manter um balanço entre a perda e o consumo de líquidos se dá devido às limitações na freqüência da sua ingestão, esvaziamento gástrico e sua absorção intestinal.

A hidratação é necessária porque a água é indispensável para múltiplas funções fisiológicas e o corpo perde a água mais rapidamente do que a produz. A recomendação de água que deve ser ingerida é de 250 a 500ml até duas horas antes do exercício. Já durante o mesmo, deve-se ingerir preferencialmente bebidas que contenham carboidrato e eletrólitos como sódio e potássio, na quantidade de 150 a 200ml a cada 15 a 20 minutos. A bebida a ser oferecida pós-exercício deve conter carboidrato para repor o glicogênio muscular, sódio e não deve conter nem álcool e nem cafeína que são substâncias diuréticas, potenciadoras do processo de desidratação. Nas últimas décadas, vem se observando uma maior cautela com a alimentação e a hidratação, principalmente quando se trata de esportistas e pessoas fisicamente ativas.

Esta prática deriva da preocupação que atletas, praticantes de atividade física e técnicos ou preparadores físicos apresentam em relação ao peso corporal, que com a intenção de modificá-lo ou mesmo mantê-lo empregam diferentes métodos que podem chegar a ser prejudiciais para a sua saúde (ADA, 2000). Como exemplo, tem-se a indução de uma desidratação para se enquadrar numa categoria inferior àquela que se ajustaria conforme seu peso usual. Entretanto, alguns atletas talvez bebam grandes volumes de líquidos nos dias anteriores à competição com a noção errônea de que precisam se manter hiperidratados em demasia ou ingerem líquidos em excesso de maneira imprudente, porque sua ingestão diária de fluidos permanece elevada mesmo após a redução dos treinos (Aragon, 2001).

Atletas que se preocupam em excesso com a hidratação podem acelerar a diluição do fluido extracelular, principalmente quando a água é usada como o líquido primário para a reposição hídrica resultando num aumento considerável na quantidade de água corporal que os rins não conseguem compensar, combinado com uma baixa no conteúdo de sódio do corpo, podendo desenvolver ?intoxicação por água?, ou seja, hiponatremia (Aragon, 2001, Casa et al, 2000). A água é fundamental para a homeostasia, manutenção da temperatura corporal, fornecimento de meio no qual ocorrem os processos metabólicos, transporte de gases, nutrientes e produtos do metabolismo celular. Além disso, lubrifica vários tecidos como articulações e funciona como solução nos processos digestivos, respiratórios e excretórios.

A transpiração é uma resposta fisiológica normal e importantíssima que tenta limitar o aumento da temperatura corporal colocando água na pele para sua evaporação. Assim, com o aumento da atividade muscular ocorre conjuntamente um aumento na produção de calor e quando de forma excessiva, levando em conta a superfície corporal, intensidade do exercício, temperatura ambiente, umidade, aclimatação e tipo de bebida ingerida, pode levar o indivíduo a um quadro grave de desidratação. Esta afeta a força muscular, aumenta o risco de cãibras e hipertermia, e, conseqüentemente reduz o desempenho (Nadel, 1988; Maughan e Shiffers, 1998).

No sentido de minimizar o impacto dos efeitos adversos do calor, da umidade e da desidratação, prevenindo a ocorrência da hiponatremia, deve-se considerar algumas estratégias como de estilo de vida, de reidratação e de aclimatação. Neste artigo de revisão será enfatizada a importância da hidratação para o equilíbrio hidro-eletrolítico antes, durante e após a prática do exercício físico, especialmente quando é realizada em ambientes quentes. Além disso, serão feitos alguns esclarecimentos sobre hiponatremia, distúrbio raro, mas de grande interesse pelo público geral e pelos profissionais que atuam na área esportiva.
 

 
Autores
 
Dra. Karine Andrea Albiero
acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina.
Kellin Stürmer
acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina.
Prof. Dra. Ileana Mourão Kazapi
Professora Adjunta do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Mestre em Ciências dos Alimentos. Coordenadora do Ambulatório de Nutrição Esportiva da UFSC.

 
Os autores estão em ordem alfabética. Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mai/Jun/2005