Longevidade e Qualidade de Vida: a Experiência de Saúde dos Adventistas do Sétimo Dia e suas Aplicações para o Brasil
 

Adventistas do Sétimo Dia (ASD) têm sido objeto de muitos estudos epidemiológicos. Os resultados dos mesmos sugerem fortemente que os ASD estão vivendo mais por seguirem certos princípios dietéticos herdados a partir de suas crenças religiosas, como vegetarianismo, ênfase no consumo de grãos integrais, frutas, hortaliças e abstinência de tabaco e álcool. Este artigo discute os resultados de um grande estudo epidemiológico conduzido com a população ASD californiana que evidencia as vantagens dos vegetarianos no alcance de maior longevidade e de menor risco de câncer e doença cardíaca quando comparados com californianos não-vegetarianos. Adventistas vegetarianos californianos tendem a ser menos obesos, bebem menos café, comem mais leguminosas e produtos à base de proteína vegetal. Além disso, exercitam-se com maior regularidade. Tanto a ausência de carne quanto a adição de frutas, castanhas e hortaliças parecem exercer uma grande influência na prevenção de câncer e doença cardíaca, bem como no aumento da longevidade.

Os ASD constituem um grupo religioso protestante que inclui cerca de 13 milhões de membros ao redor do mundo, com um total de 1.267.015 residentes no Brasil e 939.091 nos Estados Unidos da América (EUA), representando respectivamente o primeiro e segundo lugares na estatística da igreja (Seventh Day Adventist Church, 2005).

A experiência de saúde da população ASD tem sido estudada por pelo menos 51 anos. Existem mais de 300 artigos científicos abordando estudos sobre a saúde dos ASD publicados em periódicos científicos da Dinamarca, Holanda, Noruega, Japão, Austrália, além dos bem conhecidos estudos da Universidade de Loma Linda, Califórnia, EUA (Fraser, 2003a).

Evitar a carne e enfatizar o consumo de frutas, hortaliças e castanhas na dieta faz parte das crenças dos ASD, assim como a abstinência do uso de tabaco, álcool e a prática regular de atividades físicas. Para o propósito de investigações epidemiológicas, o uso ostensivo de tabaco, o consumo de álcool e de dietas com alto conteúdo de gordura pode confundir ou modificar os efeitos de outros fatores, dificultando o estudo. Na população Adventista, estas características consideradas fatores de confusão estão praticamente ausentes, facilitando a observação de outros fatores. Este aspecto aliado à ampla variedade de hábitos dietéticos que vão desde o vegetarianismo estrito até a dieta americana usual, tornam a população de ASD particularmente atraente para a investigação de doenças relacionadas aos hábitos alimentares.

Os resultados discutidos neste artigo foram tomados a partir do Primeiro Estudo Adventista de Saúde (Adventist Health Study-1, AHS-1). O AHS-1 (Beeson et al., 1989) constituiu uma investigação prospectiva que começou em 1974, projetada com o objetivo de verificar quais componentes do estilo de vida Adventista oferecem proteção contra doenças. Inicialmente o AHS-1 focalizou o câncer; em 1981, o componente cardiovascular foi adicionado.

 

 
Autores
 
Dr. Gary Fraser
Professor de Medicina e Epidemiologia (Loma Linda University). Diretor do Estudo Adventista de Saúde e autor de muitos artigos na literatura médica acerca dos efeitos da dieta sobre a saúde, especialmente dietas baseadas em alimentos de origem vegetal. Autor do livro: “Diet, Life Expectancy, and Chronic Disease"
Dra. Margarete de Macêdo Carneiro
Cirurgiã Dentista, Nutricionista registrada pela American Dietetic Association, Mestre em Saúde Pública e Nutrição (Loma Linda University, USA), Pesquisadora do Estudo Adventista de Saúde, com sede em Loma Linda, Califórnia
Dra. Márcia Cristina Teixeira Martins
Farmacêutica Bioquímica, Nutricionista, Mestre em Farmácia, Doutoranda em Ciência de Alimentos, Docente no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) e Faculdades “Oswaldo Cruz”

 
Os autores estão em ordem alfabética. Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Set/Out/2005