Este artigo apresenta a idéia da Dieta do Atlântico Sul com o propósito de resgatar a culinária brasileira, enquanto arte, e divulgar a sua importância nutricional, enquanto ciência. O ponto de partida é a divulgação da culinária tradicional e contemporânea do litoral de Santa Catarina, e o estudo de receitas inovadoras, especialmente a base de peixes e frutos do mar. Na construção deste conceito, participam nutricionistas, gastrônomos, historiadores, sociólogos e chefes de cozinha.
Entre os estudos que se desenvolvem, destacamos a história das receitas tradicionais de nossa região, a valorização do preparo das refeições com produtos frescos, ervas e especiarias, a revisitação de nossas receitas tradicionais com técnicas modernas da gastronomia, a incorporação de alguns preceitos da dieta do mediterrâneo e a realização de pesquisas sobre o valor nutricional das receitas. Arte e ciência são componentes fundamentais do universo de fatores que determinam as características culturais de um povo ou de uma nação. Desde os primórdios das civilizações, a ingestão de alimentos, atividade básica essencial à vida e à saúde do corpo humano, é precedida dos cuidados, da técnica e da arte no preparo destes alimentos, proporcionando sensação de prazer, gozo e satisfação, essenciais à alma e à saúde da mente.
A difusão de hábitos alimentares dos povos do ocidente e do oriente, tem permitido ao mundo conhecer aspectos e peculiaridades dos respectivos países, bem como os reflexos benéficos das suas dietas e gastronomia para a saúde da população. Isto aconteceu com chineses, japoneses, árabes, europeus e, a partir de meados do século passado, de forma especial com os franceses, italianos gregos etc que, com o advento da dieta do mediterrâneo aliada a indicadores de mortalidade e morbidade extremamente positivos na região, estabeleceram parâmetros informais de referência para a concepção da representação gráfica das recomendações alimentares em diversos países, inclusive no Brasil.
Assim, numa época em que a modernidade nos remete, de maneira cada vez mais intensa, ao encontro de padrões universais de alimentação, onde predominam os fast foods, burgers, dietas ?revolucionárias ou alternativas?, entendemos que é chegado o momento de promovermos a nossa própria identidade gastronômica, enaltecendo os predicados nutricionais da nossa culinária, com toques inovadores na ?re-leitura? de receitas tradicionais. Neste contexto, o Departamento de Nutrição da UFSC lança a idéia da Dieta Do Atlântico Sul, com o propósito de resgatar a culinária brasileira, enquanto arte, e divulgar a sua importância nutricional enquanto ciência. O projeto da Dieta do Atlântico Sul defende a valorização de uma culinária, que é parte de uma rede de manifestações culturais que exprimem toda a nossa identidade.
Manifestações que são legitimadoras de uma memória histórico-cultural a ser reverenciada e preservada. Não queremos ficar de braços cruzados, assistindo à substituição da nossa culinária composta de produtos diversificados e de preparações saborosas e nutricionalmente completas, por refeições rápidas de gosto e preparo globalizado. Incumbe-nos, sim, preservar as tradições e, adequando-as à modernidade, satisfazer além das nossas necessidades orgânicas e práticas, a memória dos sabores transmitida por nossos antepassados.
O ponto de partida é a divulgação da culinária tradicional e contemporânea do litoral de Santa Catarina, especialmente da cidade de Florianópolis, cuja gastronomia de referência cultural foi formada pelos costumes dos açorianos (peixes assados, fritos e ensopados, inhames e couves, cozidos de carne e verduras, massa sovada de mandioca, arroz doce), do índio (mandioca, biju, cuscuz, pamonha, aipim e milho) e dos gregos que nos legaram os pratos com outros frutos do mar.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mai/Jun/2003
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