Em uma unidade hospitalar, critérios são estabelecidos para recuperar a saúde do paciente, enquadrando nessas exigências a dieta. As prováveis fontes de contaminação das dietas podem ser através de utensílios, equipamentos e de alimentos já preparados, se as técnicas de manipulação e higiene não forem adequadas. O Objetivo do trabalho foi realizar análise microbiológica das mãos dos funcionários envolvidos na preparação de dietas enterais, do Hospital Escola de Itajubá. Para realização da análise microbiológica foram coletadas amostras das mãos dos funcionários envolvidos na preparação de dietas enterais durante dois dias usando “swab”.
Realizou-se teste de coliformes. Na primeira amostragem, confirmou-se a presença de coliformes totais para dois funcionários envolvidos na preparação de dietas enterais. Na segunda amostragem, somente para um. O resultado foi satisfatório para coliformes fecais. Não foram pesquisados outros microrganismos, que também devem estar ausentes para se considerar a higiene das mãos adequadas. Concluindo é necessário a adoção de medidas corretivas através de treinamento dos manipuladores e elaboração de manual de boas práticas.
Em uma unidade hospitalar, vários critérios são estabelecidos com a finalidade principal de recuperar a saúde do paciente, enquadrando nessas exigências a dieta, a qual faz parte do seu tratamento. Assim, os funcionários, de um modo geral, estão envolvidos nesse processo, mas aqueles que trabalham na Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) hospitalar ou no lactário tem uma responsabilidade particular, porque estão alimentando pessoas, cujo sistema imunológico pode estar debilitado (Sousa & Campos,2003).
Uma das vias de infecção hospitalar é a ingestão de alimentos contaminados e uma das causas dessas infecções é a falta de um programa de treinamento de boas práticas de higiene para os indivíduos que trabalham direta ou indiretamente com pessoas internadas em hospitais, devendo tal treinamento ser contínuo para todos os envolvidos com a produção de alimento (Sousa & Campos, 2003; Rego et al, 1997; Sales & Goulart, 1997; Pedroso et al, 1999).O lactário é o local destinado ao preparo, higienização e distribuição de nutrição enteral, sob as mais rigorosas técnicas de assepsia (Santos & Tondo, 2000.).
A resolução 63 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de 06 de julho de 2000, aprovou o Regulamento Técnico para a Terapia de Nutrição Enteral (TNE), trazendo informações especificas sobre a indicação, prescrição, preparação, conservação, transporte e administração da nutrição enteral (NE) (Oliveira & Waitzberg, 2004).
Alimentação enteral é a administração de soluções de nutrientes para o trato gastrointestinal, através de sondas. São destinados a indivíduos incapazes, por razões variadas, de se alimentar normalmente por via oral. Por vezes, estes pacientes têm redução da capacidade de impedir a agressão orgânica microbiana, seja por insuficiência de barreira intestinal, seja por imunodepressão sistêmica.
Neste sentido, tem importância o controle microbiológico das formulações enterais (Waitzberg, 2002; Mahan & Stump, 2003; Shils et al 2003; Carvalho,1992). Dietas para pronto uso são estéreis e, portanto mais seguras, no entanto dietas preparadas a partir de produtos naturais ainda são amplamente utilizadas em países em desenvolvimento (Sullivan et al, 2001).
A contaminação microbiológica pode prejudicar a aceitação da Nutrição Enteral (NE), comprometendo a evolução clínica dos pacientes submetidos a esta terapia. No entanto, sua ocorrência é freqüente em ambientes clínicos (Oliveira & Waitzberg, 2004; Waitzberg, 2002).Sintomas gastrointestinais como distensão abdominal, vômito e diarréia, colonização do trato gastrointestinal podendo causar infecção e sepse, comprometendo a evolução clínica do paciente têm sido descritos com freqüência na literatura, ocasionando aumento do tempo de permanência hospitalar, aumento dos custos e até aumento da taxa de mortalidade (Oliveira & Waitzberg, 2004).
Estas considerações podem ter repercussões clínicas importantes, principalmente em grupos susceptíveis à infecção: pacientes imunodeprimidos, idosos, portadores de desnutrição, doenças crônicas, câncer, AIDS (Oliveira & Waitzberg, 2004).Uma vez instalada qualquer uma destas complicações, o resultado é o aumento do tempo de permanência hospitalar bem como da taxa de mortalidade (Oliveira & Waitzberg, 2004; Carvalho, 1992).
As prováveis fontes de contaminação das dietas podem ser através dos utensílios usados no preparo devido a limpeza precária. Ainda através dos equipamentos, utensílios e de alimentos já preparados, se as técnicas de manipulação e higiene não forem adequadas.
Os manipuladores envolvidos nesse processo também podem ser transmissores desses microrganismos, principalmente através das mãos quando os cuidados devidos não forem observados (paramentação, lavagem de mãos e outros) (Oliveira & Waitzberg, 2004; Baldwin, et al, 1983; Levy, Van et al, 1989).
As cozinhas, tanto hospitalares quanto domiciliares, local de manipulação das dietas enterais, são fontes potenciais de microrganismos, os quais podem contaminar os alimentos preparados neste ambiente (Oliveira & Waitzberg, 2004). A contaminação normalmente esta associada à falta de atenção dos manipuladores para com as técnicas de higiene adequadas.
Num estudo realizado no lactário do Hospital Escola de Itajubá, no qual foi feita análise microbiológica das dietas enterais, foram encontradas relação positiva para contagem de coliformes fecais, sem especificação do tipo de microrganismo que se desenvolveu. O objetivo do presente estudo foi realizar a análise microbiológica das mãos dos manipuladores, responsáveis pelo preparo das dietas enterais artesanais do Hospital Escola de Itajubá.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Jan/Fev/2005
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