O atendimento domiciliar tem a finalidade de garantir assistência humanizada e ainda proporcionar melhor qualidade de vida aos indivíduos enfermos, assim como também promover educação em saúde junto aos familiares e cuidadores. Portanto, caracterizar a população atendida em uma empresa especializada é justificada pela elevada vulnerabilidade dos pacientes, uma vez que a maior parte destes são indivíduos acima de 60 anos de idade e portadores de elevados índices de desnutrição, fatores estes que geralmente interferem na recuperação clínica dos mesmos.
Destaca-se ainda a relevância que a equipe multiprofissional exerce no tratamento, sendo o atendimento nutricional de fundamental importância principalmente quando grande parcela da população atendida nesse serviço (cerca de 70%), utiliza o suporte nutricional como via de alimentação.
O atendimento domiciliar (Home Care) é uma nova área de atuação em saúde, e tem seu primeiro registro relatado no século XIII a . C. sendo um dos norteadores para a medicina e outros segmentos da saúde, entre elas a nutrição, sempre com a finalidade de prestar uma assistência baseada na eficácia, eficiência, qualidade e humanização.
Entre os fatores que contribuíram para a expansão das empresas de Home Care, destacam-se:
- a crise financeira nos sistemas de saúde, marcada pelos elevados custos quanto à assistência médica e hospitalar.
- o aumento da população de maior longevidade que geralmente está associada a doenças crônicas que necessitam de internações freqüentes;
- escassez de leitos hospitalares necessitando dessa forma, uma maior rotatividade dos mesmos com o propósito de garantir a abrangência populacional.
Entretanto, o serviço propriamente dito, tem como prioridade aliar o atendimento à saúde com:
- redução de custos,
- redução do número de reinternações e estresse causado ao paciente pelo próprio ambiente hospitalar,
- oferecer um tratamento mais humanizado favorecendo o fator psicológico reduzindo consequentemente, o tempo de recuperação/reabilitação do paciente,
- garantir conforto ao paciente, continuidade do tratamento instituído a nível hospitalar e o acompanhamento multiprofissional.
Neste contexto, o engajamento da terapia nutricional domiciliar (TND) é fundamental para iniciar as adaptações necessárias, uma vez que no domicílio as particularidades e a dinâmica da residência a diferenciam do âmbito hospitalar. Destaca-se o binômio paciente/família em que a participação do cuidador (familiar ou não), e seu comprometimento nessa nova fase, é importante para a recuperação ou manutenção do quadro clínico, garantindo a sobrevida e proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes.
A atuação do nutricionista não se limita somente a orientação quanto a oferta de alimentos, mas também ao acompanhamento e aconselhamento nutricional necessários, sendo que a complexidade do atendimento será determinada pela patologia de base e/ou associadas, que podem causar alterações no comportamento alimentar, como por exemplo, pacientes em uso de antibioticoterapia, traqueostomizados, ou a utilização de sondas nasoenterais ou ostomias como via de alimentação, bem como a presença de transtornos da deglutição, digestão e absorção dos alimentos e nutrientes, como disfagia, odinofagia, náuseas e vômitos.
Como pode ser observado nos últimos anos, a internação domiciliar e as formas de acesso à alimentação (oral, enteral e parenteral), vem se tornando cada vez mais freqüentes, entretanto a incidência varia muito nos diversos países. Os Estados Unidos da América que sem dúvida é o país com maior informação, vem demonstrando um aumento de 25% no atendimento nutricional, especificamente no tocante a nutrição enteral. Já na Espanha a modalidade de tratamento é mais recente, estando ainda em andamento a regulamentação para repasse da nutrição enteral domiciliar pelo Sistema Nacional de Saúde. No Brasil, a nutrição domiciliar é uma realidade, entretanto o fornecimento de dietas enterais não é garantido pelo Sistema Único de Saúde.
Assim, a avaliação do estado nutricional é o pré-requisito necessário na prescrição dietética adequada, sendo, o papel da equipe multiprofissional fundamental no diagnóstico das alterações do comportamento alimentar, uma vez que fornecem subsídios necessários para que o nutricionista realize a adaptação dietética à nova condição de tolerância e aceitabilidade dos alimentos. É importante ressaltar o fato de que a realidade domiciliar difere das condições hospitalares, sendo os fatores sócio-econômicos e culturais determinantes para o estabelecimento da conduta dietética.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Jul/Ago/2002
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