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Educação Nutricional: A Importância da Prática Dietética

Educação Nutricional na Adolescência - Dra Fátima Aparecida Ferreira de Castro / Dra Conceição Angelina dos Santos Pereira / Dra Silvia Eloiza Priore / Dra Sônia Machado Rocha Ribeiro / Maria Christina Barros Bittencourt /  Valéria Maria Vitarelli de Queiroz

A adolescência é o período da vida que, cronologicamente, vai dos 10 aos 20 anos, caracterizada por grandes mudanças: físicas, sociais e comportamentais, destacando-se as de origem alimentar. Nesta fase, que os adolescentes geralmente adquirem independência sobre sua alimentação, diminuindo a influência familiar e aumentando, consideravelmente, a influência social e os modismos.

Apesar da principal função dos alimentos ser a de manter o organismo do indivíduo, na adolescência, o alimento apresenta uma conotação muito mais social do que biológica, ou seja, manter o corpo em forma, como os manequins e/ou atletas. Verifica-se na literatura e mesmo nos atendimentos individuais realizados no Programa de Atenção à Saúde do Adolescente - PROASA que elevado percentual de adolescentes deixam de realizar alguma das refeições principais (desjejum, almoço e jantar) e/ou substituem principalmente o jantar por lanches.

Também encontra-se na literatura relatos da ingestão desequilibrada, pois muitas vezes o que é oferecido e de maior preferência de consumo, são os alimentos mais gordurosos, ricos em lipídios, com alto teor calórico e nem sempre muito nutritivos; consequentemente, compondo cardápios não balanceados. A saúde é um conceito ainda abstrato para esta faixa etária e a orientação nutricional deve se basear em fundamentos concretos, enfatizando os alimentos, na forma de cardápios e sugestões para substituições criativas e nutritivas. As mudanças devem ser estimuladas para uma opção de saúde, sem traumas e imposições.

A adolescência é uma faixa etária importante para a aprendizagem dos princípios que norteiam a nutrição adequada e que poderão conduzir a vida atual e adulta de forma de mais saudável. A preferência dos adolescentes por lanches rápidos, substitutos das grandes refeições e principalmente do jantar, geralmente favorece desequilíbrios na dieta, incluindo déficit ou excesso na ingestão de nutrientes específicos. Ressalta-se, ainda, que a combinação dos alimentos nem sempre é variada, resultando em cardápios monótonos e com alto poder de saciedade, o que favorece a ingestão calórica elevada.

Proibir a ingestão dos lanches rápidos, substitutos principalmente do jantar, na fase da adolescência, pode ser uma atitude infrutífera. Assim, surge a necessidade de instituir os cardápios de lanches orientados, visando a minimização dos erros alimentares. A pirâmide alimentar constitui um guia para a escolha dos alimentos e uma ferramenta útil no trabalho de educação nutricional, pois ensina os conceitos de variedade, moderação e proporcionalidade na elaboração de cardápios.

Nesta matéria, propõe-se apresentar a metodologia de um curso de extensão universitária, o qual integra as atividades de um Projeto de Educação Nutricional para Adolescentes, dentro do Programa de Atenção à Saúde do Adolescente ? PROASA, desenvolvido pelo Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa. O curso tem como objetivo orientar os adolescentes na escolha dos cardápios de lanches, substitutos do jantar. O curso é constituído de abordagem teórica e prática, sendo realizado no Laboratório de Dietética do Departamento de Nutrição e Saúde.

O número de adolescentes participantes por turma é de, no máximo, 12 (doze), tendo 1(um) instrutor para cada 4 (quatro) participantes.

Desafios Para Vencer a Obesidade - Profa. Dra. Rebeca C. de Angelis

O enorme aumento de prevalência da obesidade, ou seja desordem nutricional caracterizada pelo incremento da massa adiposa em relação à massa magra dos indivíduos , é alarmante especialmente por sua conexão com o maior risco de doenças degenerativas, que são as maiores causas de mortalidade em muitos países.

A hereditariedade certamente é um componente significativo, porém deve-se notar que a porcentagem de adultos obesos que foram crianças ou jovens adultos obesos varia de 5 a 60%, então, também outros fatores estão envolvidos. A idéia de que a obesidade reflete maior poder aquisitivo, também é questionada. Em populações mais pobres foi constatado que os preditores de obesidade do adulto se correlacionam com o maior IMC (Índice de Massa Corporal) materna antes da gestação, o baixo peso ao nascer, o IMC elevado durante a adolescência e com menarca precoce.

Os estudos concluem que os fatores genéticos contribuem como determinantes da obesidade. Observou-se que a regulação do gasto energético também depende da herança genética por modificações do MB ( metabolismo Basal) , colaborando como fator de risco do aumento do peso corporal. Mesmo que ainda não definitivamente comprovado as investigações científicas apontam que quando ambos, pai e mãe são obesos, há 80% de chances dos filhos também se tornarem obesos, enquanto que se os pais não apresentam sobrepeso este índice cai para apenas 10%.

O que é necessário ressaltar é que a hereditariedade não é apenas de fatores genéticos mas também de hábitos familiares como de escolha e quantidade e qualidade alimentos consumidos e tipos de vida sedentária, reduzindo as atividades físicas. Se o consumo de alimentos ricos em energia e gordura extrapolam o gasto corporal de calorias , obviamente, irá ocorrer acúmulo de gordura , aumentando o tecido adiposo.

Mas não é somente o excesso que se ingere que vai facilitando o aumento do IMC, mas também muitos alimentos que não se comem e que estão implicados nestes processos: os alimentos protetores e preventivos, especialmente hortaliças, legumes e frutas, que por seus componentes como fibras solúveis e insolúveis, além de substâncias com características antioxidantes equilibram o funcionamento gastrointestinal e as defesas celulares. Estes poucos comentários convergem para a visão mais ampla da complexidade de fatores que predispõem ao risco da obesidade.

Educação Nutricional na Prevenção e Tratamento de Doenças Crônico-Degenerativas - Dra Rosana Raele

Quando a consulta de nutrição começou a fazer parte do processo de check up do Hospital Albert Einstein em Setembro de 1998, observou-se que durante as entrevistas que envolvem a Consulta Nutricional, havia muito mais do que um simples relato dos hábitos alimentares, mas o espelho de uma realidade de vida. A consulta nutricional presente no pacote do check up da Unidade Diagnóstica Einstein Jardins do Centro de Medicina Preventiva do Hospital Albert Einstein, envolve a avaliação nutricional com medidas do índice de massa corporal, relação abdômen-quadril e porcentagem de gordura corporal, além da anamnese alimentar baseado no inquérito de 24 horas, com o fornecimento de um laudo final após o resultado de todos os exames.

Atendemos uma população sedentária que praticamente realiza suas refeições em restaurantes, principalmente o almoço e com o hábito de mastigação rápida. Muitas vezes durante a consulta ao perguntar se come rápido, moderado ou devagar, a resposta era acompanhada de ?nunca ter prestado atenção?. O check up não é um serviço de continuidade. e sim de diagnóstico, e observou-se que frente a este perfil deveria haver um maior envolvimento do cliente com as orientações.

Na verdade, a Nutrição e Gastronomia se completam, e devemos compreender isto pois Nutrição é comida no prato mas deve ser antes de tudo ingerida com prazer. Se prestarmos atenção em algumas definições veremos o quão é importante a alimentação prazerosa na vida: Aurélio: ?

Arte de cozinhar, de modo que se dê o maior prazer a quem come? Savarin foi um juiz francês do século 18, que era apaixonado por gastronomia. Escreveu o livro: A Fisiologia do Gosto, onde faz diversas citações sobre gastronomia e alimentação. ?Gastronomia é o conhecimento fundamentado de tudo o que se refere ao homem, na medida em que ele se alimenta. É zelar pela conservação dos homens, por meio da melhor alimentação possível?." O conhecimento inteligente de tudo que diz respeito a alimentação do homem?.

E falando um pouco mais sobre Prazer da Alimentação, pensemos um pouco nestas citações, também segundo Savarin: ?O prazer de comer é uma sensação atual e direta de uma necessidade que satisfaz.? ?Prazer de comer, praticado com moderação é o único que não se acompanha de fadiga.? ". Ao comermos experimentamos um certo bem-estar indefinível e particular, que vem da consciência instintiva; isto porque ao comermos, reparamos nossas perdas e prolongamos nossa existência?. Assim, não podemos deixar de pensar em nutrição sozinha, ela também é gastronomia A Oficina de Nutrição pretende unir isto tudo.

Foi criada para complementar as clássicas orientações nutricionais realizadas para o cliente/paciente, tornando até mesmo mais abrangente a participação do nutricionista neste processo. É uma cozinha sim, um espaço envolvendo a extensão da orientação teórica para a prática. As palestras são dirigidas a grupos envolvendo temas como Obesidade, Alimentação Equilibrada, Dislipidemia e Diabetes, com duração de 2 horas, degustação dos pratos envolvidos durante as aulas, e fornecimento de material sobre o tema em discussão. Através deste projeto não temos como proposta tornar este espaço uma consulta individual, mas uma ?consulta em grupo?, envolvendo o alimento e a comida...

Na devemos nos preocupar somente com o nutriente: o cálcio, o ferro, a gordura, pois ninguém come somente isto, as pessoas comem comida, e devemos tirar também a idéia de que alimentação saudável é sinônimo de dieta, regime, restrição alimentar... O profissional nutricionista deve ser um ?tradutor? de toda uma teoria envolvendo nutrientes e alimentação.

Autores

Dra. Conceição Angelina dos Santos Pereira Professora do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa
Dra. Fátima Aparecida Ferreira de Castro Professora do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa
Dra. Rosana Raele Nutricionista Clínica do Hospital Albert Einstein
Dra. Silvia Eloiza Priore Professora do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa
Dra. Sônia Machado Rocha Ribeiro Professora do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa
Maria Christina Barros Bittencourt Técnica do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa
Profa. Dra. Rebeca C. de Angelis Doutor, Faculdade de Medicina,USP; Professor Livre-Docente, Faculdade de Enfermagem,USP; Professor Adjunto,Instituto de Ciências Biomédicas,USP; Ex-Presidente Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição,SBAN; Nutricionista Registrada Nutrition Society, Reino Unido; Sócio-Emérito, American Society for Nutritional Sciences,USA
Valéria Maria Vitarelli de Queiroz Técnica do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa

Os autores estão em ordem alfabética

Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Jan/Fev/2002

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