Estudos mostram que o câncer implica em graves consequências para o estado nutricional do doente. Existe uma subnutrição progressiva, que começa com perda de peso e pode evoluir até a desnutrição total (caquexia), com incidência de desnutrição que varia de 30 a 50% dos casos. Sendo notório que o doente desnutrido é suscetível ao aumento de morbidade e mortalidade pós operatória, bem como exibe menor tolerância aos procedimentos quimio e radioterápicos.
A radioterapia consiste na utilização de radiação ionizante no tratamento de afecções malignas e benignas, sendo utilizada principalmente no tratamento de tumores malignos, em cerca de 60% de todos os doentes com neoplasias malignas no decorrer da evolução da doença. Existem duas modalidades de radioterapia: teleterapia e braquiterapia.
A teleterapia é a utilização de fontes de radiação colocadas a distância dos doentes, como por exemplo fontes de Cobalto e Aceleradores de partículas. Nestas situações são utilizados Raios X e Gama, nas várias energias, para lesões superficiais, semi-profundas e profundas. A braquiterapia é a utilização de fontes de radiação em contato íntimo com os tecidos, através de implantes ou moldes das cavidades naturais. São utilizadas fontes de Césio, Rádio (tubos), Ouro (sementes), Irídio (fios), etc.
Como técnica de tratamento utilizam-se campos de irradiação único, campos paralelos e opostos ou composição variável de 3 ou 4 campos angulados perpendiculares, pendular ou rotatório. Outro recurso utilizado é a fixação de partes móveis do corpo através de máscaras ou suportes. A unidade de absorção das radiações é o gray, cujo símbolo é Gy. A Radioterapia é realizada de modo fracionado, ou seja, em frações diárias até os limites de tolerância dos tecidos sadios ou nos limites de sensibilidade dos tecidos tumorais.
As doses de tolerância dos tecidos sadios são ao redor de 60 Gy, e a sensibilidade dos tecidos tumorais variam de 30 a 60 Gy. Após um processo de agressão pela radiação ionizante, os tecidos iniciam processo de reparo, que é mais acelerado e mais eficiente nos tecidos sadios do que nos tecidos tumorais, motivo este que, ao final do processo, leva os tecidos tumorais à morte.
A literatura demonstra que há uma série de intercorrências nos portadores de tumores de cabeça e pescoço que podem impedir a mastigação e secreção de enzimas pelas glândulas salivares e a deglutição dos alimentos. A incidência do câncer de cabeça e pescoço é mais comum em algumas populações asiáticas, sendo geralmente associados ao etilismo e tabagismo, dentre outros fatores. A ocorrência deste câncer é três vezes maior em homens do que em mulheres.
O local mais comum é a laringe, seguido de cavidade oral, faringe e glândulas salivares. No Brasil, considerando-se todas as localizações primárias, os cânceres são diagnosticados em estágios avançados em 70% dos casos. A incorporação de tecnologia médico-hospitalar, verificada nas últimas décadas, não tem conseguido modificar este perfil. O câncer de boca em 1996 teve a incidência de 2945 casos novos.
Os doentes com câncer de cabeça e pescoço em Radioterapia podem desenvolver radiomucosite, odinofagia, xerostomia, alteração do paladar e, em geral, estes sintomas conduzem a uma diminuição da ingestão oral. Estes efeitos colaterais geralmente aparecem na primeira semana da Radioterapia. Os efeitos colaterais da radiação podem agravar os riscos nutricionais nos doentes com câncer. A gravidade dos efeitos da radiação depende da área tratada, do volume, da dose e tempo de tratamento.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Set/Out/1999
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