Com o objetivo de verificar o perfil do obeso mórbido candidato à cirurgia bariátrica foram coletados dados de 29 pacientes atendidos de abril a junho de 2004 no ambulatório de cirurgia bariátrica da Santa Casa/PUC-PR. Observou-se que 86,2% dos pacientes eram do sexo feminino e 13,8% do sexo masculino, com um Índice de Massa corporal (IMC) médio de 50Kg/m2 e maior incidência de idade entre 46 e 55 anos.
Apenas 3,4% dos pacientes não fizeram tratamentos anteriores para obesidade, 65,5% fizeram até dois e 31% mais de três tipos de tratamentos, sendo que 79,3% relataram história familiar de obesidade. Não possuíam comorbidades 10,3% dos pacientes, 34,5% apresentavam apenas uma e 55,2% duas ou mais. A renda predominante encontrada foi em torno de 1 a 3 salários mínimos. Concluiu-se que história familiar, sexo e renda salarial são fatores que podem influenciar no curso d a doença e na presença de comorbidades.
A obesidade pode ser definida como um aumento excessivo de gordura ou de tecido gorduroso no organismo em relação à quantidade tecido magro, podendo levar a um comprometimento da saúde, elevando os riscos do desenvolvimento de doenças associadas (WHO, 2003; CDC, 2004).
A obesidade é considerada um problema emergente de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2003) há, em todo mundo, mais de 01 bilhão de adultos com sobrepeso e aproximadamente 300 milhões com obesidade. Só nos Estados Unidos, de acordo com o National Center for Health Statistics – CDC (2004), a incidência de sobrepeso e obesidade em adultos é estimada em 64%.
No passado, para o tratamento desse problema, a rapidez e a quantidade de peso perdido era o principal ponto a ser observado. Atualmente, existem inúmeros tratamentos para a perda de peso dentre os quais pode-se citar dietas, medicamentos, psicoterapias, SPAs, entretanto, a maioria dos obesos mórbidos não atingem sucesso através da utilização destes recursos (Repetto et al, 2001). Para esses pacientes a cirurgia bariátrica será o método indicado para tratamento da obesidade (Garrido Jr., Rodrigues in Waitzberg, 2001).
Hoje é preconizada a redução de peso através de uma alimentação saudável e prática de atividade física (Cavalcanti & Lira in Bandeira, 1998). Problemas psicológicos também estão associados ao ganho de peso, como, por exemplo: estresse, ansiedade e depressão, influenciando principalmente no comportamento alimentar (Francischi et al., 1999).
As indicações para a cirurgia como tratamento da obesidade mórbida baseiam-se em diversos fatores: IMC acima de 40 kg/m2 ou acima de 35 kg/m2 na presença de doenças associadas; fracasso de métodos conservadores de emagrecimento; ausência de causas endócrinas de obesidade, como síndrome de Cushing; e avaliação favorável das possibilidades psíquicas de o paciente suportar as transformações radicais de comportamento impostas pela operação. A presença de comorbidade é fator que favorece a indicação cirúrgica, dentre elas pode-se citar a apnéia do sono, a dificuldade de locomoção, o diabetes, a hipertensão arterial e as hiperlipidemias (Waitzberg, 2000).
Quanto à Diabetes Mellitus há uma relação direta entre IMC e a possível existência da doença. A prevalência de diabetes se eleva ao aumentar o IMC (Riobó et al., 2003). A prevalência do estado hipertensivo aumenta entre pacientes com excesso de peso e a gravidade da hipertensão parece relacionar-se diretamente com o grau de gordura corporal e com o padrão de distribuição predominantemente visceral (Galvão & Kohlmann, 2002; Carneiro, et al., 2003).
As cirurgias da obesidade podem ser classificadas em restritivas, disabsortivas e mistas. Na primeira categoria encontram-se as que reduzem a ingestão de alimentos. As disabsortivas, tem como foco o intestino, mas diferentemente das derivações jejunoileais de algumas décadas, atuam de forma menos drástica, em compensação combinando algum grau de gastroplastia também.
Os dois exemplos mais conhecidos são a derivação bílio-pancreática tipo Scopinaro e a transposição duodenal (“Duodenal Switch”) (Faintuch et al, 2003; Fobi, 2004). As operações mistas são as mais populares e, constituem a referência ou “gold standard” das intervenções anti-obesidade. Encontram-se aqui as manobras de Capella e Fobi. Em todas, o tamanho do estômago é reduzido radicalmente (30 a 50 ml, ou seja, duas a três colheres de sopa), agregando-se, ainda, uma deriva ção jejunal em Y de Roux, que promove pequeno grau de má absorção e intolerância para carboidratos (Barrow, 2002).
No Ambulatório de Obesidade Mórbida do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, nos pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde, é realizada a técnica de Fobi e Capella. Esse ambulatório conta com uma equipe formada por vários profissionais, dentre eles médicos (cirurgião, endocrinologista e cardiologista), psicóloga e nutricionista. Este último profissional é responsável por avaliar e orientar uma conduta nutricional adequada ao perfil destes pacientes, tanto no pré quanto no pós-operatório, periodicamente, enquanto se fizer necessário.
No intuito de melhorar o atendimento e promover uma conduta nutricional mais adequada aos pacientes que apresentam quadro de obesidade mórbida, esse estudo tem por objetivo definir o perfil dos obesos mórbidos atendidos no ambulatório de nutrição da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba/PUC-PR.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Jan/Fev/2005
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