A dieta cetogênica é hiperlipídica, normoproteíca e hipoglicídica, ela melhora o controle de crises epilépticas em aproximadamente ¾ dos pacientes. Foram selecionados 46 pacientes na faixa etária de 2 até 17 anos com epilepsia de difícil controle medicamentoso, sendo 54,3% (n=25) sexo masculino e 45,8 % (n=21) sexo feminino, provenientes - Setor de Neuropediatria,
Disciplina Neurologia da Universidade Federal de São Paulo, foram avaliados prospectivamente: efeitos adversos, perfil metabólico e o crescimento pôndero-estatural por um período mínimo de 1 ano. Em um grupo de 23 pacientes foi introduzida a pré-dieta por um período de 10 dias levando a um menor tempo de jejum e evitando a internação e o outro grupo de 23 pacientes foram internados para o jejum. Os efeitos adversos foram reversíveis. O crescimento pôndero-estatural não foi afetado. No grupo com a pré-dieta observamos melhor adaptação à dieta e evitamos a internação, obtendo assim uma aderência maior proposta à introdução da dieta.
O uso da dieta cetogênica no controle de pacientes epilépticos teve destaque durante a década de 20, na Clínica Mayo, quando apenas duas drogas antiepilépticas eram conhecidas, os brometos e o fenobarbital. O postulado original de Wilder mostrava que uma dieta rica em gordura, pobre em carboidratos poderia reproduzir a cetose e a acidose metabólica características do jejum, além de permitir a manutenção deste estado por período maior de tempo mantendo-se um estado nutricional satisfatório (Swink et al., 1997).
Com o advento de novas e potentes drogas nas décadas seguintes (1940), a dieta cetogênica praticamente deixou de ser usada em quase todos os centros médicos (McDonald, 1997; Batchelor et al., 1997). Na década de 90 foi observada uma progressiva retomada da dieta cetogênica no tratamento das epilepsias, mesmo diante dos avanços tecnológicos para a investigação e do desenvolvimento concomitante de drogas antiepilépticas modernas (Batchelor et al., 1997; Barron & Hunt, 1997). A dieta cetogênica é uma dieta terapêutica precisamente calculada baseada na altura, idade e peso ideal da criança.
É rica em gorduras, moderada em proteínas e pobre em carboidratos. Quando ingerida permite uma incompleta queima das gorduras pelo fígado resultando em corpos cetônicos no sangue e urina. Estes corpos cetônicos serão utilizados para produção de cetose que é importante para o controle das crises epilépticas. Esta dieta permite uma adequada nutrição, que é necessária para o crescimento e funções normais do corpo.
É chamada dieta cetogênica porque ela faz com que o paciente esteja num constante estado de cetose. Para atingir o estado de cetose é necessária a internação do paciente para realização do jejum durante um período médio de 24 a 72 horas até que apresente cetonúria intensa (3+ a 4+), quando é então iniciada a dieta. Essa é calculada de forma que 90% das necessidades diárias sejam obtidas a partir de gorduras e apenas 10% de hidratos de carbono e proteína. Para obter essa proporção, quatro partes da dieta são constituídas de gorduras e uma parte de carboidratos e proteínas (relação 4:1).
A dieta cetogênica tem sido um tratamento opcional instituído no setor de neuropediatria da Universidade Federal de São Paulo para epilepsia de difícil controle medicamentoso há 3 anos. Abordaremos nossa experiência que embora seja bastante recente é o fruto do trabalho dedicado de uma equipe multidisciplinar. Realizamos um processo pré-seletivo que tenta identificar as crianças com maiores chances de serem bem sucedidas com a dieta. Assim, esse processo envolve uma equipe multidisciplinar, incluindo psicóloga, nutricionista, assistente social e neurologista. Estudamos prospectivamente um grupo de pacientes com epilepsia de difícil controle submetidos à dieta cetogênica.
Em um grupo de pacientes introduzimos a dieta cetogênica após a internação com período prolongado de jejum e em outro grupo de pacientes avaliamos a introdução de uma pré-dieta por um período de 10 dias (dieta rica em gorduras e pobre em carboidratos) orientada pelo nutricionista responsável antes de um período curto de jejum evitando a internação do paciente e analisamos os resultados. Visando que a hospitalização de um membro da família desencadeia muitas angústias e ansiedades, podendo surgir problemas de ordem emocional e comportamental e por ser um momento penoso para a criança e a família, tornando-os fragilizados pelo sofrimento, analisamos a resposta clínica, efeitos adversos, tempo de jejum nos dois grupos e discutimos os efeitos da internação na dinâmica familiar.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Nov/Dez/2004
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