Objetivou-se identificar as interações entre os medicamentos de uso contínuo e os alimentos/nutrientes, e efeitos sobre o estado nutricional. Foram pesquisados 32 pacientes crônicos, no Hospital São João Batista, em Visconde do Rio Branco/MG. Os medicamentos contínuos foram agrupados por classes terapêuticas e analisados segundo as interações e efeitos sobre o estado nutricional. Na avaliação nutricional utilizou-se medidas antropométricas e questionário de freqüência do consumo de alimentos.
Pelos prontuários, obteve-se informações clínicas/laboratoriais. Houve predomínio do sexo masculino (53,1%), da faixa etária acima de 65 anos (53,1%). Constatou-se alteração apenas nos níveis de hemoglobina (redução em 46,9% dos indivíduos), sendo evidenciada em 8 das 10 classes terapêuticas estudadas. Dos 18 pacientes que apresentavam consumo ideal e satisfatório de alimentos fontes de ferro, 50% apresentaram redução nos níveis de hemoglobina. Observa-se que são grandes as possibilidades dessas interações em pacientes crônicos, considerando a multiplicidade de medicamentos e o uso contínuo.
O estudo das interações entre os medicamentos e os alimentos/nutrientes é recente, e tem recebido atenção cada vez maior nas últimas décadas, principalmente em países que apresentam aumento na expectativa de vida da população (Reis & Cople, 1999). Com a elevação do número de pessoas idosas, há um aumento também no consumo de medicamentos, visto que nessa faixa etária é grande a prevalência de doenças crônicas, o que propicia e intensifica o surgimento das interações (Reis, 2000; Sampaio, 2002).
Segundo American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN, 1994), as interações entre medicamentos e nutrientes, podem ser conceituadas como "Eventos que ocorrem quando se produz um desequilíbrio de nutrientes por ação de um medicamento, ou quando um efeito farmacológico é alterado pela ingestão de nutrientes ou pelo estado nutricional do paciente".
O risco dessas interações depende em grande parte das características individuais, incluindo idade, situação fisiológica, exposição múltipla às drogas, função hepática, função renal e dieta (Rang, et al, 1997). Considerando que a principal via de administração de drogas é a via oral, várias interações podem ocorrer já no trato gastrointestinal, visto que drogas e nutrientes compartilham os mesmos sítios de absorção na mucosa intestinal. Dessa forma as características do trato gastrointestinal, considerando a taxa de esvaziamento gástrico, pH, conteúdo enzimático, integridade da mucosa e flora bacteriana determinam o grau e velocidade de absorção das drogas (Cardoso & Martins, 1998; Reis & Cople, 1999).
Com o presente trabalho, objetivou-se identificar as interações entre os medicamentos de uso contínuo e os alimentos/nutrientes, e os efeitos sobre o estado nutricional em pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas.
É reconhecido que as interações entre drogas e nutrientes são possibilidades, e não necessariamente ocorrerão, mas o conhecimento do assunto pelos membros da equipe de saúde é fundamental (Cardoso & Martins, 1998).
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Set/Out/2004
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