A gestação compreende um período de grande vulnerabilidade para a mãe, em razão das várias transformações em seu corpo, e para o feto, em razão do seu crescimento e desenvolvimento. Tais transformações implicam em aumento nos requerimentos de macro e micronutrientes.
De acordo com a nutricionista Dra. Rita Maria Monteiro Goulart, as quantidades de energia, proteína e demais nutrientes são mais elevadas a fim de atender as necessidades requeridas para o desenvolvimento do feto e formação de estruturas maternas durante a gestação (placenta, útero, glândulas mamarias e sangue), assim como a constituição de depósitos energéticos da mãe utilizados durante o parto e lactação. As necessidades energéticas variam com o peso pré-gestacional, quantidade e composição do ganho de peso, estágio da gravidez, nível de atividade física e aumento de seu metabolismo basal.
Para avaliação do peso corpóreo, tem sido recomendados diferentes métodos, dentre eles, destaca-se a utilização do Índice de Massa Corpórea (IMC) pré-gestacional. O IMC é calculado utilizando-se o peso em quilogramas (kg) dividido pela estatura em metros ao quadrado. Com base em um estudo de 1990, do National Institute of Health, as diretrizes para o ganho ponderal na gravidez são baseados no IMC pré-gestacional. Nas recomendações atuais, do ponto de vista calórico, a recomendação da Recommende Dietary Allowances (RDA,1989), tem sido adicionar 300 calorias à dieta normal, com início no segundo trimestre da gestação.
Mulheres que iniciam a gravidez com baixo peso ou adolescentes (com menos de cinco anos pós-menarca) devem aumentar sua ingestão calórica em 300 calorias desde o início da gravidez. Por outro lado, mulheres que iniciam a gravidez com sobrepeso ou obesidade, nenhum aumento calórico é recomendado, sendo importante acompanhar a evolução da gestante o que permitirá nortear as orientações dietéticas. Em relação as proteínas, a ingestão deve ser aumentada em razão da sua contribuição específica para o crescimento e porque uma dieta pobre em proteínas, quase sempre, carece de outros nutrientes.
Recomenda-se a ingestão de 60 gramas diárias (RDA,89), o que, segundo o Comitê FAO/OMS, 1985, significa aproximadamente um adicional de 6g/dia. Em relação aos macronutrientes, até o momento, não ocorreram modificações. No entanto, em relação a alguns micronutrientes, já temos disponíveis as Dietary Reference Intake (DRI). Estas novas recomendações começaram a ser estudadas em 1994, pela Food and Nutrition Board quando foram formados Comitês para definir como deveriam ser revisadas as RDAs.
Como resultado destes estudos, temos publicados três grupos de nutrientes, a saber: 1º grupo (editado em 1997): Cálcio, Fósforo, Magnésio, Flúor e Vit D; 2º grupo (editado em 1998): Complexo B e Colina 3º grupo (editado em 2000): Antioxidantes (Vit C, E e Selênio) Nutrição na Gestação e Lactação A gestação é um fenômeno fisiológico que acarreta uma série de modificações no organismo materno, com a finalidade de garantir o crescimento fetal, proteger o organismo materno e ainda, possibilitar a recuperação da puérpera e a nutrição de recém-nascido.
Essas modificações se fazem evidentes nos aparelhos cardio-circulatório, digestivo, respiratório, ósteo-articular, além de modificações metabólicas, endócrinas, hematológicas e mamárias, o que exige um maior consumo de nutrientes. Por outro lado, segundo a Profª. Dra. Marta Edna Holanda D. Yazlle, sabe-se que vários fatores podem interferir no crescimento fetal. Alguns estudos demonstram que a carga genética e o ambiente em que vive a gestante influem neste processo, e algumas características maternas, tais como idade, peso e estatura, paridade, condição de nutrição e saúde, e nível sócio-econômico, guardam correlação direta com o crescimento e desenvolvimento.
Deficiências Nutricionais na Gestação O estado nutricional da mulher, antes e durante a gestação, está associado com o bem estar do feto. Se a gestante apresentar menores reservas nutricionais, há um maior risco do feto e do recém-nascido apresentarem déficit do desenvolvimento neurocognitivo, malformações congênitas, prematuridade, ganho de peso e/ou comprimento insuficientes, levando ao nascimento de crianças pequenas para a idade gestacional (PIG). Portanto, a desnutrição protéico-calórica e as deficiências de ferro, iodo, vitamina A e folato, principais problemas nutricionais na gestação, deverão ser avaliados com base no impacto que exercem não somente no organismo da gestante, como também na do feto/recém-nascido.
De acordo com a Dra. Patrícia H. Rondó, além das deficiências nutricionais acima citadas, é importante ressaltar que a obesidade, problema emergente em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, também é responsável por importantes alterações no binômio gestante/feto ou recém-nascido. Suplementos Nutricionais na Gestação O período gestacional tem que ser analisado em partes, já que as condições fisiológicas e nutricionais entre os três trimestres são distintas. A gestante no primeiro trimestre não apresenta alterações nas suas necessidades energéticas e de nutrientes, portanto, as recomendações nutricionais vigentes são para aquelas no segundo e terceiro trimestre. Além do mais, segundo a nutricionista Dra. Márcia R. Vítolo, a presença de vômitos e enjôo nos primeiros meses de gestação faz com que a gestante perca peso e não consiga manter a ingestão adequada de nutrientes.
Esse quadro não implica na necessidade obrigatória de suplementação nesse período, pois o estado nutricional prévio da gestante, isto é, suas reservas nutricionais, é que vai influenciar no processo de embriogênese. A partir do segundo trimestre e principalmente no terceiro, as demandas de energia e nutrientes para a gestante estarão aumentadas, e portanto, o padrão alimentar vai exercer influência direta sobre a nutrição do feto. Os requerimentos nutricionais na gestação são mais qualitativos do que quantitativos, pois a proporção de aumento para proteínas, vitaminas e minerais é significativamente mais elevada quando comparada com a energia.
Se a gestante possui estado nutricional prévio adequado e consegue manter a qualidade de sua alimentação, não necessita de suplementos nutricionais, com exceção do ferro que a OMS recomenda que todas as gestantes independente da presença de deficiências dietéticas ou bioquímicas devem receber dose profilática de ferro elementar na quantidade de 30 a 40 mg durante todo o terceiro trimestre. Quando a gestante apresenta valores de hemoglobina abaixo de 11 g/dl deve receber suplementação terapêutica de 60 a 120 mg diários de ferro elementar, do momento da detecção até o final da gravidez. A grande preocupação atual, principalmente nos Estados Unidos, é a prevenção de ocorrências de má-formação do tubo neural por deficiência de ácido fólico (folato). Esse fato pode ser comprovado com a observação das novas recomendações (DRIS, 1998), cujos valores para o ácido fólico são de 400 ?g para mulheres adultas e 600 ?g para gestantes.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Nov/Dez/2000
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