O objetivo do estudo é revisar na bibliografia cientifica informações sobre a atuação dos probióticos e sua seguridade, principalmente para o uso em crianças soropositivas. Os probióticos são microorganismos vivos que apresentam efeito benéfico ao hospedeiro, equilibrando a flora intestinal e, assim, melhorando seu desempenho no organismo. Os efeitos benéficos dos probióticos vêm sendo estudados, e observou-se uma ampla atuação na prevenção e/ou coadjuvante no tratamento de diversas patologias, inclusive melhorando a resposta imunológica, o que pode vir a ajudar na melhoria da qualidade de vida das crianças portadoras da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS).
A microflora intestinal desempenha inúmeras funções no organismo humano, muitas das quais ainda estão sendo desvendadas; mas são consideráveis as evidências de seu desempenho na proteção do organismo contra infecções e outras doenças, por bloquear a colonização de microrganismos patógenos e estimular a resposta imunológica local. Efetua diversas atividades enzimáticas, contribui para o fornecimento de vitaminas e minerais e participa no metabolismo de substâncias que fazem parte da circulação entero-hepática, facilitando a digestão e, provavelmente, induzindo à regularização dos movimentos peristálticos. (Penna et al/2000)
O organismo tem um mecanismo próprio para o controle e regulação do número de bactérias para manter seu equilíbrio. No entanto, muitos destes fatores estão alterados devido às patologias apresentadas pela criança e uma grande carga de medicamentos – principalmente no caso das crianças soropositivas - impossibilitam a manutenção da flora intestinal, deixando um déficit em sua função gastrointestinal; ocasionando, enfim, uma maior suscetibilidade à colonização de bactérias patogênicas e vírus (Trabulsi, Sampaio/1999).
Devido a esta função da flora microbiana intestinal e sua difícil manutenção, sugere-se que o uso freqüente de probióticos em humanos promova benefícios tais como: balanceamento da flora intestinal, o aumento da tolerância e da digestão da lactose, a atividade anticarcinogênica, modulação do sistema imunológico, principalmente em crianças, auxiliando no tratamento da diarréia (Silva, Stamford/2000; Neumann et al/1998). Penna et al. (2000) e Sampaio (2001), referem-se também à ação dos probióticos na diarréia associada à imunodepressão, como a AIDS.
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS) é atualmente um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo. No Brasil, o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (2002) revela o grande percentual de crianças com AIDS – já diagnosticada, são 7.846 casos; o que nos leva cada vez mais a pesquisar modos de melhorar a qualidade de vida destas pessoas. (Dados preliminares obtidos até 30/06/01)
A AIDS tem se apresentado principalmente em crianças nos primeiros anos de vida. Causada em sua quase totalidade por transmissão materno-infantil, as manifestações clínicas da doença se caracterizam pela presença de infecções oportunistas, decorrentes da imunodeficiência causada pelo HIV (Succi,1998).
A desnutrição protéico-energética (DPE) é comum nestes pacientes, e acarreta a falência de crescimento (que varia de 20 a 80% sua incidência), e é um indicador sensível para a progressão da doença, pois contribui para a freqüência e severidade das infecções vistas na AIDS por comprometimento da função imunológica; além disto, estas crianças apresentam déficit na curva pondero- estatural (Z-scores), de acordo com o estudo de Leandro-Merhi et al de 2000.
Como causa multifatorial da DPE, a diminuição no consumo de alimentos – anorexia causada pela maioria dos remédios e distúrbios do trato gastrointestinal, alterações no metabolismo intermediário, má absorção de nutrientes (principalmente carboidratos e minerais), aumento da permeabilidade intestinal e as infecções crônicas ou recorrentes. Estas crianças já iniciam a vida com uma desvantagem: a privação ao aleitamento materno, devido ao risco elevado de transmissão através do leite materno em qualquer fase da infecção, além da medicação recebida (Fawzi e Villamor,1998; Succi,1998; Dankner et al.,2001; Guarino et al, 2002).
De acordo com as últimas pesquisas científicas realizadas, é de grande importância estarmos à par de todas as utilizações dos probióticos. Neste caso o artigo enfocará a disponibilidade dos produtos lácteos e fermentados industrializados, de consumo oral; qual a sua ação na saúde da criança, e principalmente tentar avaliar a utilização destes produtos para beneficiar as crianças soropositiva, para evitar a diarréia crônica, desnutrição e retardo na curva de crescimento e, uma possível melhora na resposta imune do organismo; assim como a definição e os tipos de cepas mais utilizados em probióticos.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Nov/Dez/2002
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