Pacientes oncológicos que são submetidos a tratamentos como radioterapia e quimioterapia estão mais susceptíveis às ações danosas de agentes oxidantes denominados Radicais Livres. Isto porque, nestes pacientes, a formação excessiva destes elementos, devido ao tratamento, provoca um desequilíbrio em todo sistema orgânico, podendo haver danos no DNA de células de tecidos sadios.
Considerando que os antioxidantes são importantes para prevenir, ou até mesmo reduzir, a ação maléfica dos radicais livres sobre macromoléculas essenciais (proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos), alterando a função celular, faz-se necessária a administração destes agentes, seja na forma de suplementos farmacológicos, seja na forma de dieta.
Atualmente vários estudos mostram a importância da nutrição nos pacientes oncológicos. Estas pesquisas comprovam que o quadro nutricional é bastante significativo para se determinar a intensidade e o tipo de procedimento terapêutico no qual o paciente vai ser submetido.
Além disso, manter o controle dietoterápico durante o tratamento é imprescindível, tendo em vista que estas condutas terapêuticas podem levar ao aumento do desequilíbrio orgânico nos pacientes. Não apenas por isso, mas também pelo fato de que a orientação nutricional correta pode ter ação preventiva em relação aos riscos de se expor a agentes cancerígenos.
O presente estudo objetivou demonstrar a importância de se acompanhar nutricionalmente o paciente, não apenas após o tratamento, mas também durante o mesmo e até no período que o antecede. Destacamos também a importância do acompanhamento de pacientes que se expõem a agentes cancerígenos, tais como, fumo, medicamentos e substancias radioativas. Tal comprovação por si só já é capaz de justificar a importância de se prescrever dietoterapicamente alimentos ricos em agentes antioxidantes para tais pacientes. Estes alimentos terão a finalidade de prevenir ou até mesmo de reduzir a ação das Espécies Reativas de Oxigênio (EROS).
Segundo Olszerwer, radicais livres são moléculas que possuem elétrons livres em sua órbita externa. Isto torna estas substâncias altamente instáveis, o que as fazem procurar estabilidade às custas de outros elementos, como proteínas, lipídios, DNA e RNA. Nestas condições pode-se constatar que a "estabilidade" de um radical livre é ganha a partir da desestruturação de moléculas vitais. Em condições orgânicas normais, a ação dos radicais livres é compensada pelos agentes antioxidantes de primeira linha, que são as enzimas antioxidantes (superóxido desmutase, catalase, glutationa peroxidase).
Um dos alvos preferidos dos radicais livres são os ácidos graxos instaurados. Estes são encontrados na dupla camada de lipídios das membranas celulares e são vitais para o funcionamento da célula. Quando ocorre a reação dos radicais livres com estes ácidos graxos insaturados, ocorre também uma alteração a nível de membrana, o que vai conseqüentemente alterar todo sistema da célula. Isto caracteriza a peroxidação lipídica.
Ainda segundo Olszerwer, a peroxidação lipídica inicia-se quando um radical livre escapa do sistema de segurança, formado pelas enzimas antioxidantes, e ataca a primeira cadeia de dupla ligação que encontrar na membrana celular, ao nível dos ácidos graxos. Imediatamente começa a atacar a cadeia de fosfolipídios vizinhos, continuando, assim por diante, em um número indeterminado. Como conseqüência teremos uma grande alteração da estrutura da membrana. Com isso, há formação de peróxidos lipídicos, que são substâncias altamente deletérias para o organismo, pois provocam alteração na capacidade seletiva das membranas celulares, favorecendo assim a entrada e a saída indiscriminada de metabólitos e detritos da célula. Isto provoca uma ruptura seguida de lise (quebra) celular ou mesmo um possível atrofiamento celular.
Segundo Clementes, o câncer caracteriza-se pelo aumento progressivo do número de células anormais, provenientes de um determinado tecido normal. Estas células anormais podem "ganhar" a corrente sangüínea, invadir outros tecidos e disseminar o câncer em outros órgãos, causando a metástase. Esta malignidade celular é determinada por alteração a nível de DNA, as quais são causadas pela ação de agentes químicos, físicos e biológicos considerados carcinógenos.
Segundo Olszerwer, os radicais livres são produzidos intensamente nos pacientes com câncer. Ao mesmo tempo, nestes pacientes, os níveis de antioxidantes enzimáticos estão substancialmente baixos. Isto ocasiona lesões. Uma destas lesões é a formação de uma camada de fibrina, esta atua como uma massa gelatinosa que protege a célula cancerosa. Daí porque a célula cancerosa apresenta-se tão resistente a ação terapêutica.
Para que todos esses fenômenos ocorram com as células, originando sua malignidade, faz-se necessário que o sistema antioxidante protetor e também o sistema de proteção do DNA estejam falhos. Isto originará um desequilíbrio na formação e no metabolismo dos radicais livres, fazendo com que estes tornem agentes cancerígenos.
Olszerwer mostra que o fenômeno que determina o crescimento dos tumores está fortemente comprometido com a presença dos radicais livres, os quais se ligam a receptores de membrana celular. Porém as células cancerosas sofrem auto-oxidação a uma velocidade bem menor que as células normais. Isto ocorre porque as células tumorais tem níveis menores de ácidos graxos poliinsaturados, com exceção do ácido araquidônico, que parece estar elevado nestas situações. As células tumorais apresentam também níveis mais altos de antioxidantes. Tudo isto atua como mecanismo de defesa da própria célula cancerosa, tornando-a resistente.
Para impedir que um radical livre de oxigênio atinja uma situação de desequilíbrio iônico antes que gere algum efeito indesejável, torna-se necessário que a ele seja fornecido um elétron para se ligar. O elemento ou a substância que irá fornecer este elétron denomina-se antioxidante.
Os estudos demonstram a importância das vitaminas visando promover a oxidação dos radicais livres no organismo humano.
Não apenas os pacientes oncológicos podem estar sujeitos a um desequilíbrio em relação ao teor de radicais livres no organismo, mas também aqueles pacientes que estão expostos a agentes cancerígenos; tais como fumo, medicamentos, radiações e agentes químicos. Estes também podem apresentar "desorganização" orgânica quanto aos radicais livres. Neste caso, este desajuste pode vir a ser o iniciador do tumor, muitas vezes malígno.
Autores
Os autores estão em ordem alfabética
Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Set/Out/2000
Rua Cristóvão Pereira, 1626, cj 101 - Campo Belo - CEP: 04620-012 - São Paulo - SP
contato@nutricaoempauta.com.br
11 5041-9321
Whatsapp: 11 97781-0074