1) A obesidade pode aumentar o risco de câncer?
De acordo com recente estudo publicado pela Revista médica Lancet, a obesidade pode aumentar o risco de desenvolvimento de 10 tipos de câncer. A pesquisa reuniu uma base de dados inédita, com mais de cinco milhões de indivíduos ao longo de um período de sete anos. Com os números, a publicação mostrou que pessoas em sobrepeso respondem por mais 12 mil casos de câncer por ano no Reino Unido. Além disso, a obesidade também seria a responsável por aumentar em 3,7 mil o número de pacientes que sofrem com a doença por ano.
O estudo, conduzido por cientistas da London School of Hygiene destacou que 13 a 16 quilos extras adquiridos por um adulto médio, aumentam o risco de seis tipos da doença: câncer de útero, vesícula biliar, rim, colo do útero, tireóide e leucemia (menor aumento no risco). Pessoas que tiveram um alto índice de massa corporal (IMC) também foram mais propensos a desenvolver câncer do fígado, cólon, ovários e câncer de mama pós-menopausa. O estudo também mostrou que um maior IMC está associado a uma menor chance de desenvolver câncer de próstata.
2) Como a obesidade está relacionada ao câncer?
O mecanismo biológico que explica como a obesidade aumenta o risco de desenvolver um câncer pode ser diferente para os variados tipos da doença. Embora o mecanismo exato ainda não esteja bem esclarecido, acredita-se que o aumento do risco de alguns tumores como o de mama, o de endométrio e o de intestino grosso nas pessoas obesas inclui as alterações dos hormônios sexuais (estrógeno, progesterona e androgênios), além de alterações nos níveis de insulina e fatores de crescimento ligados à insulina.
3) A obesidade está ligada a tipos determinados de cânceres ou pode ser um fator comum de desencadeamento?
Os estudos apontam que a obesidade está relacionada a vários tipos de cânceres, como o câncer de intestino grosso, câncer de mama, câncer de endométrio (camada interna útero - responsável pela menstruação), câncer de rim e câncer de esôfago. Alguns estudos têm registrado, ainda, a associação entre obesidade e câncer de vesícula biliar, câncer de ovário e câncer de pâncreas. Entretanto, maiores evidências serão ainda necessárias para uma conclusão definitiva.
Em relação ao câncer de mama, o aumento do risco devido à obesidade, depende do status menopausa. Após a menopausa, as mulheres obesas têm um risco 1,5 vezes maior de desenvolver câncer de mama, quando comparadas às mulheres com peso adequado, além de um risco maior de morrer em consequência desse câncer. O aumento do risco de câncer de intestino grosso em pessoas obesas tem sido verificado com dados consistentes em homens. Essa mesma relação não foi identificada nas mulheres. A obesidade tem relação com um subtipo específico de câncer de esôfago, que é o adenocarcinoma. Essa relação causal não existe com outro subtipo desta doença, denominado carcinoma de células escamosas.
4) Em se tratando da relação entre alimentação e câncer, que cuidados se deve ter?
Apesar de estudos epidemiológicos observacionais sugerirem associação entre o tipo de dieta e o desenvolvimento do câncer, ainda não temos estudos randomizados que estabelecem claramente que a redução da incidência do câncer possa ser alcançada com a adoção de uma dieta específica. Baseado nos estudos epidemiológicos observacionais, alguns alimentos devem ser evitados ou usados com moderação. Neste grupo de alimentos, estão incluídos os alimentos ricos em gordura, tais como carnes vermelhas, frituras, bacon, etc.
Existem também os alimentos que contêm níveis significativos de agentes cancerígenos, como por exemplo, os nitritos e nitratos usados para conservar alguns tipos de alimentos (picles, salsichas e outros embutidos e alguns tipos de enlatados). No estômago, esses componentes se transformam em nitrosaminas que têm ação carcinogênica potente. Em populações que consomem, de forma abundante e frequente, alimentos contendo esses compostos, a incidência de câncer de estômago é maior. Já os defumados e churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o mesmo encontrado na fumaça do cigarro e que tem ação carcinogênica conhecida.
Algumas mudanças nos nossos hábitos alimentares podem nos ajudar a reduzir os riscos de desenvolvermos câncer. Frutas, verduras, legumes e cereais integrais contêm nutrientes, tais como vitaminas, fibras e outros compostos, que auxiliam as defesas naturais do corpo a destruírem os carcinógenos antes que eles causem sérios danos às células.
As fibras, apesar de não serem digeridas pelo organismo, ajudam a regularizar o funcionamento do intestino, reduzindo o tempo de contato de substâncias cancerígenas com a parede do intestino grosso.
5) Além do câncer, quais outras doenças a obesidade pode desencadear?
Quando comparamos as pessoas obesas com as pessoas de peso adequado, além do risco aumentado para câncer, elas têm também um risco maior para outras doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares, aumento da pressão arterial, acidente vascular cerebral, dentre outras. É importante lembrar que a obesidade é acompanhada por redução na expectativa de vida, o que significa que geralmente as pessoas obesas vivem menos tempo quando comparadas às pessoas de peso adequado.
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