A alimentação da criança, segundo dados históricos, sempre apresentou características semelhantes desde os primeiros registros conseguidos historicamente (Fisberg & Braga, 1996). Ou seja, desde o início dos tempos, o leite materno foi utilizado de modo adequado e por maior tempo possível, chegando a atingir até mesmo o segundo ou o terceiro ano de vida da criança.
O desmame também ocorria depois do segundo semestre, coincidindo com a época do aparecimento dos dentes e o tipo de alimentação, que se seguia, era o disponível pela família, com algumas mudanças na consistência. Esta tendência durou muitos séculos. No entanto, no final do século XIX, houve uma profunda modificação no padrão alimentar do homem, e, conseqüentemente, da criança.
Tem sido sugerido que as modificações destes hábitos possam ser devido às dificuldades de colheitas, decorrentes das guerras, à fome que se seguiu e à migração dos habitantes da zona rural para as cidades, que ainda não tinham toda a infra-estrutura necessária para tal contingente populacional. Enfim, todo este tipo de situação, acabou gerando modificações importantes na dinâmica familiar e no padrão alimentar, que, evolutivamente, exigiu um hábito alimentar com dietas de preparo mais rápido e, conseqüentemente, com pouca adequação dos nutrientes essenciais.
E, para a mulher, principalmente, para as mães, as exigências trabalhistas, ocasionaram uma abreviação abrupta no período de amamentação, com desmame mais precoce e, de certa forma, inadequado. No século XX, com o avanço tecnológico, no campo alimentar, um grande número de formulações lácteas, industrializadas, surgiram incentivando o uso cada vez maior dos alimentos lácteos, praticamente, em todas as faixas etárias. E é assim que estamos vivendo na nossa realidade e, claro, com algumas manifestações de alguns distúrbios (anemias, constipação intestinal, obesidade, por exemplo), entre eles, a intolerância à lactose, que faremos uma abordagem inicial.
A lactase, que é uma a – galactosidase, é uma enzima localizada na membrana da bordadura em escova do epitélio do intestino delgado, principalmente, na sua porção proximal, que digere o açúcar do leite, a lactose, em glicose e galactose, que são monossacarídeos e que constituem a base fisiológica para a absorção intestinal dos carboidratos. A lactose, só assim, é absorvida pela mucosa intestinal.
O desenvolvimento do intestino, no homem, inicia-se, a partir da terceira semana de vida intra-uterina, com a sua formação tubular rudimentar. Apesar da maioria das enzimas digestivas serem detectáveis já a partir do primeiro trimestre de gestação, a atividade da lactase, por exemplo, é muito baixa antes da 34ª semana de gestação (Wapnir & Fisher, 1988). É importante frisar que o padrão de desenvolvimento da atividade das dissacaridases, no homem, depende, basicamente, de três fatores: genético, endócrino e dietético (Wapnir & Fisher, 1988).
E a atividade, em particular, da lactase pode continuar presente até por volta dos 2 aos 5 anos de idade, quando declina, fisiológicamente. Embora tem sido descrito que, em algumas raças (anglo-saxões, húngaros, mongóis, algumas tribos africanas), a sua atividade pode persistir por mais tempo, a até mesmo por muitos anos (Kotze, 2003). Durante a infância, principalmente, nos 2 primeiros anos de vida, sem dúvida nenhuma, o carboidrato em maior quantidade na dieta e, sem dúvida, é a lactose por ser mais estimulado, talvez culturalmente, como foi descrito, inicialmente, o seu uso na alimentação da criança e do adulto.
E por isso, para a manutenção da lactose na dieta do dia a dia, principalmente, da criança, é preciso estar atento às possíveis alterações e/ou, eventuais manifestações decorrentes da sua má digestão e/ou absorção no sistema digestório. Todas estas informações são importantes conhecer pois, os distúrbios conseqüentes e/ou decorrentes da deficiência transitória ou definitiva da lactase, podem gerar inúmeras conseqüências no homem, principalmente, na criança, como veremos, a seguir.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Set/Out/2003
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