Os esteróides anabólico-androgênicos (EAA) são um grupo de compostos naturais e sintéticos formados pela testosterona e seus derivados. Ao longo de mais de duas décadas, temos presenciado a uma contínua escalada das drogas ergogênicas no meio esportivo, e ao que parece estamos ainda distantes do topo.
O uso de anabolizantes, em particular, tem crescido muito nos últimos anos, a ponto de encontrarmos, mesmo no Brasil, atletas que defendem quase publicamente seu uso, técnicos que os incentivam, médicos que os acompanham, e dirigentes que se encarregam de seu fornecimento.
É particularmente perturbador o aumento da freqüência do seu uso entre os adolescentes, conforme detectado em estudos internacionais. O uso de substâncias para melhorar o desempenho do atleta é descrito desde a antiguidade. Filistrato e Galeano referem, em sua época, que os competidores olímpicos ingeriam testículos de touro, rico em testosterona, para melhorar suas marcas.
A testosterona é sintetizada desde 1935 e durante a segunda grande guerra foi utilizada pelas tropas alemãs para aumentar agressividade dos soldados. A primeira referência ao uso de hormônios sexuais ocorreu em 1954, em um levantamento de peso em Viena, e seu uso tornou-se difundido com este fim a partir de 1964. No Brasil, os esteróides anabólico-androgênicos são considerados “doping”, segundo os critérios da Portaria 531, de 10 de julho de 1985 do MEC, seguindo a legislação internacional.
Em nosso meio, no serviço de Informação de Substâncias Psicoativas (SISP), o número de solicitações de informações sobre os EAA, vêm crescendo gradativamente, pois o uso indevido tem sido encontrado entre freqüentadores de academia de musculação, atletas de halterofilismo, pessoas de baixa estatura, na tentativa de melhorar a aparência, ou com o fim de melhorar a performance sexual ou para diversão.
No Brasil, a preocupação não é tanta com os atletas, mas com aquele jovem adolescente, que no seu imediatismo, quer ganhar massa e músculos rapidamente, um corpo atlético em curto prazo, entregando-se aos anabolizantes, muitas vezes receitados por instrutores e professores de educação física, sem nenhum conhecimento na área, que indicam e vendem essas drogas, que podem ser compradas em farmácias, sem exigência de receita médica, apesar da tarja vermelha “venda sob prescrição médica”.
O Comitê Olímpico Internacional define doping como sendo “o uso de substâncias fisiológicas em quantidades anormais, ou por métodos anormais, com intuito de obter ganho artificial e injusto de rendimento na competição” (American College Sports Medicine, 1987).
No Brasil, a facilidade de obtenção dos anabolizantes favoreceu sua disseminação junto aos atletas e não atletas. A grande “atração” para o consumo destas drogas ocorre porque seus efeitos são visíveis (para os que se preocupam com aparência física) e relativamente duradouros, até nove meses após o término da ingestão. Estas duas características, somadas ao apelo à aparência física, em nossa sociedade, levaram o consumo de esteróides a uma faixa etária problemática: a pré-adolescência e a adolescência.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mai/Jun/2002
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