O zinco é um oligoelemento de grande importância orgânica contribuindo em vários sistemas enzimáticos, como componente de metaloenzimas, ou como co-fator para ativação de enzimas.
A deficiência limítrofe de zinco na infância, juntamente com uma ingestão inadequada deste e uma baixa qualidade nutricional, poderá interferir no crescimento e desenvolvimento.
Algumas situações podem acentuar a deficiência de zinco no organismo: idade, idade da gestação, uso de anticoncepcionais orais, uso de corticosteróides e ACTH.
O zinco atua como cofator de diversas metaloenzimas como a anidrase carbônica, fosfatase alcalina, desidrogenase láctica e carboxipeptidases que estão envolvidas em vários processos bioquímicos como integridade celular, imunidade, defesa do organismo, formação óssea, crescimento e desenvolvimento, além de participar do metabolismo de ácidos e síntese de proteínas.
Estudos comprovaram que, mesmo uma deficiência leve de zinco ocasiona alterações na imunocompetência, modificando a atividade das células T auxiliadoras, atividade da timulina, diminuindo célula T e natural killers.
O zinco apresenta papel fundamental no aparelho reprodutor, participando da espermatogênese e embriogênese; no sistema nervoso atua na afinidade de receptores e processos de síntese de proteínas importantes na formação de neurotransmissores; no sistema linfocítico alterando a afinidade de receptores e propriedades físico - químicas de receptores T3 e de andrógenos. Exerce ainda função no campo visual, imune e tem importância e relação em casos de alteração no paladar.
A baixa concentração de zinco pode ser afetada por alguns fatores: alto consumo de alimentos ricos em fitatos (cereais), cálcio (leite e derivados) ou simplesmente por sua ingestão dietética deficiente. Deste modo, se faz necessária a ingestão de alimentos fontes de zinco como carnes, fígado, frutos do mar, aves e produtos fortificados com esta substância.
Suplementação com zinco deve ser introduzida a partir do momento em que há uma baixa ingestão deste, déficit de crescimento, zincemia baixa e diarréia persistente.
Deficiência de zinco em pediatria
Denominam-se oligoelementos as substâncias cujas concentrações nos tecidos é, em geral, expressa em partes por milhão (ppm) ou partes por bilhão (ppb). Para ser considerada oligoelemento, essa substância deve compreender menos que 0.01% do peso corporal total.
Entre os oligoelementos, conhecidos há muitos anos, dois têm importância nutricional para o homem, o ferro e o iodo; outros tiveram importância reconhecida nos últimos anos: cobre, zinco, cromo, manganês, cobalto, molibdênio, flúor, estanho, silício e vanadio.
Cada um destes elementos essenciais tem uma ou mais funções biológicas específicas, podendo servir de constituinte em muitos sistemas enzimáticos, como componente de metaloenzimas incluindo aquelas que servem na defesa do hospedeiro, ou como cofator para ativação de enzimas; deficiências nutricionais específicas deste elemento podem ocorrer e consequentemente resultar em doenças e/ou déficit de crescimento.
Trata-se de um elemento essencial para a saúde humana e sua deficiência pode ser um problema global, afetando mais pessoas do que antes se imaginava, tanto nos países industrializados como nos em desenvolvimento.
Em 1950, o zinco foi reconhecido como em elemento distinto. A sua importância biológica foi descoberta em 1869, quando Raulin mostrou que o zinco era necessário para o crescimento do Aspergillus niger.
Com a descoberta da primeira metalo-enzima de zinco, a anidrase carbônica, começou-se a estabelecer relações entre as moléculas de zinco e a fisiologia, esclarecendo a sua função nos organismos e a fisiopatologia de sua ausência.
Sua deficiência começou a ser descrita em animais em 1934 e Prasad (1961), descreveu os primeiros registros deste oligoelemento em seres humanos.13 Neste primeiro registro, a deficiência de zinco (no Egito e em países do Oriente Médio) mostrou-se associada com retardo de crescimento e falência na maturação sexual de adolescentes do sexo masculino. Mais tarde, em outros países, encontrou-se associação desta deficiência em complicações de doenças crônicas ou da má absorção.
Neste primeiro trabalho, Prasad (1961) identificou que os casos descritos em seu estudo apresentavam nanismo, atrofia muscular, déficit de crescimento e maturação, retardo na maturação esquelética e alterações da fosfatase alcalina sérica, o que poderia ser justificado pela deficiência de ferro e/ou zinco.
Dois pacientes apresentaram cegueira noturna sem outros sinais de deficiências de vitaminas lipossolúveis (cuja causa poderia ser a deficiência de zinco). Baixas concentrações de Zn sérico foram relatadas em pacientes com doenças hepáticas severas. A desnutrição mostrou ser causa básica desta síndrome que ocorre em homens e é caracterizada por anemia severa, hipogonadismo, nanismo, desnutrição, hepatoesplenomegalia e geofagia. Déficit no crescimento e no desenvolvimento sexual em crianças de países subdesenvolvidos foram atribuídas a diversas causas como áscaris, esquistossomose, malária e geofagia.
O estudo de Sandstead (1967) visou identificar as manifestações endocrinológicas de pacientes do Egito, entre 12 e 20 anos que apresentavam esta síndrome a fim de verificar a resposta a um tratamento com uma dieta adequada e suplementos de zinco ou ferro, observando que o tratamento com zinco melhorou o crescimento e a maturação sexual destes adolescentes.
O bom crescimento e desenvolvimento dependem da disponibilidade de vários minerais (ex: zinco, magnésio, potássio, manganês, cobre, etc). Vários experimentos em animais e estudos clínicos demostraram que quando estes minerais não estão presentes na dieta, pode haver cessamento do crescimento além do desenvolvimento de outros sintomas. A deficiência marginal de zinco na infância irá limitar o crescimento e o desenvolvimento, pois este é um mineral necessário para a síntese do DNA, além de desempenhar um papel importante na síntese do RNA, podendo afetar o processo de divisão celular. Estas causas sobre a falha do crescimento em crianças ainda não são bem compreendidas, mas considera-se que uma ingestão inadequada se zinco aliada a baixa qualidade nutricional da várias dietas tradicionais juntamente com as altas taxas de infecções são considerados os primeiros responsáveis. Recentemente, estão sendo estudados os efeitos da deficiência de alguns micronutrientes específicos no crescimento de crianças.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mai/Jun/2001
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