O aleitamento materno é a melhor forma para alimentar bebês nascidos a termo, de modo exclusivo durante os primeiros seis meses de vida e, a partir daí, em combinação com alimentos sólidos até um ano de vida ou mais. O leite materno fornece os substratos adequados para atender as necessidades nutricionais do lactente nascido a termo, além de conter outras substâncias que oferecem vantagens fisiológicas, como enzimas e hormônios gastrointestinais, e imunoglobulinas, células linfóides e macrófagos que reforçam a resposta imunológica do lactente. Além disso, o aleitamento materno contribui para o fortalecimento da relação mãe-filho.
No XXXI Congresso Brasileiro de Pediatria, que teve lugar em Fortaleza de 6 a 12 de outubro desse ano, o tema "Fortificação do Leite Materno" foi discutido na seção de "Controvérsias em Pediatria". Afinal, se o leite materno é o melhor alimento para crianças durante o primeiro ano de vida, como justificar a proposta de suplementá-lo ou fortificá-lo?
A prematuridade, na qual a "fortificação" do leite humano (LH) é preconizada, não é uma condição fisiológica. O leite materno é o melhor alimento para bebês prematuros devido à superioridade na qualidade dos nutrientes, tolerabilidade, funcionamento gastrointestinal, benefícios imunológicos e desenvolvimento neuromotor. Entretanto, o leite humano prematuro apresenta algumas inadequações nutricionais do ponto de vista quantitativo, em face das necessidades de um bebê que deveria estar recebendo nutrientes via cordão umbilical dentro do útero materno.
A partir de estudos sobre a incorporação de nutrientes pelo feto no terceiro trimestre da gravidez, passou-se a avaliar a composição do LH prematuro e demonstrou-se que, após a segunda ou terceira semana pós parto, as quantidades de proteínas, cálcio, fósforo, magnésio, sódio e possivelmente zinco, cobre e algumas vitaminas tornam-se insuficientes para que a velocidade do crescimento pós natal se equipare à do crescimento intra-uterino. Adicionalmente, os volumes de LH ingeridos, condizentes com a capacidade gástrica limitada do recém-nascido (RN) prematuro, são geralmente insuficientes do ponto de vista calórico para promover crescimento adequado.
Recém-nascidos prematuros necessitam ingestão protéica mais elevada (3 - 4 g/kg de peso corporal/dia) que recém-nascidos a termo, porque têm índices de deposição protéica mais elevados. A ingestão de 200 ml/kg/dia de LH maduro fornece apenas cerca de 2,6 g de proteína/kg/dia. O conteúdo protéico do LH prematuro decresce rapidamente durante as primeiras semanas de lactação, tornando-se, após 3 a 4 semanas, semelhante ao do LH maduro. Ingestão protéica insuficiente pode ser parcialmente responsável pelos baixos níveis séricos de albumina e uréia observados em RN prematuros.
RN prematuros nascem com baixas reservas ósseas de cálcio e fósforo mas, ao mesmo tempo, têm necessidade aumentada desses minerais a fim de alcançar crescimento esquelético pós natal adequado. As baixas concentrações de fósforo, cálcio e magnésio no LH prematuro podem levar à osteopenia da prematuridade, que se caracteriza por aumento sérico da fosfatase alcalina, reduzida mineralização óssea e menor velocidade de crescimento, e pode se traduzir clinicamente com raquitismo e fraturas. De forma análoga, o baixo aporte de sódio através do LH prematuro pode levar a quadros clínicos de hiponatremia.
Autor
Os autores estão em ordem alfabética
Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Jan/Fev/2001
Rua Cristóvão Pereira, 1626, cj 101 - Campo Belo - CEP: 04620-012 - São Paulo - SP
contato@nutricaoempauta.com.br
11 5041-9321
Whatsapp: 11 97781-0074