Os dados mais recentes revelam que no Brasil já temos mais crianças obesas que desnutridas. E o mais surpreendente é que a obesidade está aumentando nas camadas mais pobres da população.
Uma medida simples, realista e eficiente para reverter esse quadro seria estimular o uso de leite materno exclusivo nos primeiros 4 – 6 meses de vida.
O objetivo desse artigo é discutir as implicações afetivas que esse ato implica, tanto na mãe como no bebê, e concluir como esses primeiros contatos vão repercutir em toda a vida emocional e alimentar dessa criança.
Há algum tempo, quando alguém ganhava bebê, nossa primeira pergunta costumava ser : - Menina ou Menino?
Hoje, com o advento da ecografia, já conhecemos o sexo, então nossa provável pergunta será: - Quanto pesou?
O peso parece ser o cartão de visitas do bebê, indica a capacidade que a mãe tem de gerar uma criança saudável e apta .
É nesse instante que uma série de implicações ligada ao ato de amamentar exclusivamente ao seio vai se estabelecer. E isso vai ter uma grande influência na possibilidade dessa criança vir a ser obesa, ou não.
Na vida intra-uterina, vivemos plenos e satisfeitos, desconhecemos o que é fome ou saciedade. Tudo que necessitamos, desde o oxigênio, nutrientes, energia e proteção, nos chega pela placenta, via cordão umbilical.
O nosso primeiro contato com o alimento, inserido num importante contexto de sentimentos e afeto, vai ser durante a amamentação. O leite ingerido pelo bebê, principalmente ser for o materno, além de atender as necessidades de nutrição e hidratação, vai provocar, uma postura de relaxamento e uma diminuição da tensão corporal. É comum vermos o recém nascido esboçar o que chamamos de sorriso reflexo, tamanho é o prazer e a diminuição do tônus muscular, após uma boa mamada.
Essa memória emocional, de ter recebido o alívio para fortes tensões, através do alimento fornecido pela mãe, permanece na mente infantil. É bem possível que essa criança vá buscar repetir esse padrão de conduta, pela vida a fora.
Quando as gratificações primárias pelo alimento se prolongam até a primeira infância, 6 ou 7 anos, a procura do relaxamento das tensões através da boca, vai sendo cristalizada. A comida vai perdendo sua função principal , ou seja, suprir a real necessidade nutritiva do indivíduo.
A forma como a pessoa irá se desenvolver, percebendo o mundo interno e externo, estará intimamente relacionada com esta primeira experiência emocional. A criança sem a doença obesidade, frente a uma situação difícil ou de frustração, poderá chorar, inibir-se, fugir, usar a negação etc. Já outras, fortes candidatas a se tornarem obesas, poderão ter reações semelhantes, porém com o acréscimo da compulsão alimentar. Além do elenco das reações emocionais que seu caráter ou personalidade determina, ela faz uso da comida como forma de enfrentar essas situações de estresse.
A amamentação é o ato de pôr em pratica uma relação de amor entre dois seres. As mães sempre souberam da real importância do aleitamento, para a vida e para a saúde dos bebês, muito antes da própria ciência se dar conta disso.
Sabemos que o leite materno é o alimento ideal para o bebê, desde os primeiros momentos de vida e que, quando usado exclusivamente até os 4 ou 6 meses, é suficiente para oferecer todos os nutrientes e água que essa criança vai necessitar. Nesse período, nenhum outro alimento é tão completo, de fácil assimilação, sempre pronto para usar, numa embalagem tão maravilhosamente prática, na temperatura exata e tão barato, quanto o leite materno. O leite de cada mãe é especial para o seu próprio recém nascido.
As crianças que mamam no peito, são sabidamente mais tranqüilas, mais seguras, vão ter um processo de separação da mãe mais harmônico e sem sombra de dúvidas, serão mais inteligentes, quando comparadas com aquelas que não mamaram.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Nov/Dez/2000
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