A desnutrição é uma das características mais comuns em crianças infectadas pelo HIV (WINTER & MILLER, 1994). Na população pediátrica com AIDS, a desnutrição reflete-se principalmente pelo crescimento pôndero-estatural inadequado, ou a chamada falência de crescimento, que pode ser definida como uma velocidade anormal de crescimento e ganho de peso para idade, ocasionando a perda de peso, estacionamento ou desaceleração na curva de crescimento pôndero-estatural e retardo no desenvolvimento neuro-psicomotor.
A falência de crescimento pode ser produzida por uma variedade de condições sociais e clínicas, embora o termo tenhtenha sido usado primariamente para descrever a falha em ganhar peso resultante de privação materna ou calórica, ou ambas (BITHONEY & NEWBERGER, 1987).
A incidência da falência de crescimento varia de 20 a 80% em crianças infectadas com o vírus da imunodeficiência humana sintomáticas (OLESKE et al 1983; ARICO et al 1986), e a perda de peso ou a falência de crescimento estão incluídas pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) e na Organização Mundial de Saúde como definição clínica de AIDS, referindo-se a indivíduos soropositivos com perda de peso maior do que 10% do valor mínimo para a idade, por um período igual ou maior do que 02 meses (CENTERS FOR DISEASE CONTROL, 1994).
O mecanismo da desnutrição na infeção pelo HIV não está muito claro. A deficiência de crescimento e a perda de peso em crianças infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) são achados importantes, apesar de sua fisiopatologia não estar ainda bem definida (Mc KINNEY et al 1991; MILLER et al 1991). Para a maioria das crianças, a causa da desnutrição é sem dúvida multifatorial, incluindo redução da ingestão de alimentos, aumento das necessidades de nutrientes e/ou dificuldades de absorção. A diminuição da ingestão oral é comum em crianças sintomáticas com HIV e pode estar relacionado a vários fatores (NICHOLAS, LEUNG, FENNOY, 1991).?
Anorexia primária, que tem sido descrita em pacientes com câncer e outros distúrbios crônicos, pode também contribuir para ingestão oral reduzida em crianças infectadas com HIV. Postula-se que a produção de citocinas (possivelmente fator de necrose tumoral) pode estar associada com a anorexia. Embora algumas crianças possam não receber calorias adequadas, muitas crianças com estado nutricional alterado, ingerindo quantidades suficientes, ainda não crescem (MILLER et al 1991).
A diminuição da ingestão oral pode ser outro mecanismo para o retardo de crescimento em crianças com infeção pelo HIV. Entretanto, há evidências mostrando que a ingestão de nutrientes é tanto similar quanto adequada para o crescimento em crianças infectadas e não infectadas (MILLER et al 1991).
FENNOY & LEUNG, (1990) demonstraram que em crianças infectadas com o HIV e gravemente doentes com pneumonia intersticial linfocítica e falência de crescimento, a monitorização cuidadosa da ingestão alimentar resultou no consumo calórico recomendado e taxas adequadas de ganho de peso. Este estudo sugere que o cuidado nutricional e o consumo adequado de proteínas, calorias e micronutrientes são benéficos em crianças com AIDS. A alteração do estado nutricional pode ocorrer rapidamente ou se desenvolver gradualmente por vários meses. A perda de peso também pode ocorrer paulatinamente até que as crianças percam peso precipitadamente entremeado com períodos de estabilidade (WINTER & MILLER, 1994).
Em países em desenvolvimento, existem outros efeitos modificadores que poderiam explicar resultados diferentes relativos ao crescimento. Em um trabalho realizado no Haiti, por HALSEY et al., em 1990, foi encontrado que pesos de nascimentos de bebês nascidos de mães HIV positivas foram similares, indiferentemente do estado de infeção pelo HIV no decorrer do período, mas diferiram daqueles bebês nascidos de mães HIV negativas e, embora a ingestão de nutrientes e a composição corporal não tenham sido relatadas, os pesos destas crianças haitianas que foram infectadas com o HIV foram diferentes por 3 meses de idade, comparados com crianças HIV negativas soroconversoras e HIV negativas controle.
Observou-se que a média de peso ao nascer de todos os bebês nascidos de mulheres infectadas com o vírus, foram mais baixos do que aqueles nascidos de mulheres não-infectadas, embora nenhuma comparação tenha sido realizada entre crianças infectadas e não-infectadas que nasceram de mães infectadas. Neste grupo, ocorreram também taxas mais altas de prematuridade e com acompanhamento periódico até os 21 meses de idade; porcentagens mais baixas de peso foram encontradas antes mesmo dos 3 meses de idade e persistiram nas crianças infectadas.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mai/Jun/2000
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