1) Como se explica mães obesas terem filhos desnutridos?
Essa incoerência foi uma das constatações da pesquisa que analisou mais de mil casos de desnutrição atendidos por serviços públicos de saúde. Segundo o levantamento, verificou-se que, em média, 35% das mães de desnutridos são obesas ou têm sobrepeso, 53% são bem nutridas e apenas 12% são desnutridas.
O estudo atesta que a ausência de vínculo consistente entre mãe e filho é a principal explicação para essa contradição e, portanto, deve ser trabalhada para o sucesso do tratamento da desnutrição.Percebíamos, ao longo da pesquisa, que algumas mães simplesmente esqueciam de dar suplementos alimentares a seus filhos, mesmo tendo recebido gratuitamente o material. Portanto, é fundamental envolver as mães para que as intervenções junto às crianças funcionem.
2) Quando se iniciou o estudo?
O estudo que se iniciou há 14 anos, envolveu também o Ambulatório de Triagem Pediátrica do Hospital São Paulo, da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e o serviço de atenção à saúde da mulher da Secretaria do Estado de São Paulo. O resultado do trabalho está reunido no livro “Vínculo Mãe/Filho”, da Editora Revinter, lançado nesse mês.
3) Como as mães podem desenvolver um vínculo positivo com seus filhos?
De acordo com o especialista, o vínculo mãe/filho, considerado nato, pode sofrer alterações em função de diferentes influências biopsicossociais, ou seja, fatores psíquicos, sociais e culturais têm importante contribuição nesse processo, principalmente durante a gestação.
Quando essas influências são positivas, o vínculo é reforçado. Uma gravidez planejada; a aceitação de familiares; contatos físico, visual e auditivo com o bebê nos primeiros minutos de vida e amamentação são algumas situações que contribuem para um vínculo forte e positivo. Outra atitude que também reforça a relação, ainda durante a gravidez, é fazer massagem na barriga, “conversando” com o feto e ouvindo músicas adequadas.
4) Quando o vínculo pode se tornar fraco?
Por outro lado, um vínculo torna-se fraco ou ruim quando há influências negativas como gravidez indesejada, depressão materna, condição financeira instável da família, rejeição de familiares e apatia materna.
“No PENC, já implantamos ações educativas que têm como objetivo fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e filho. Além de workshops de reeducação alimentar e preparo do alimento, também verificamos ser muito eficazes os grupos de música com a participação dos dois e aulas para que as mães aprendam a fazer massagens nos seus bebês.
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