1)Por que sol, calor e alimentação inadequada podem transformar a estação mais esperada do ano em uma grande dor de cabeça?
A chegada do verão não é sinônimo apenas de sol, mar e diversão. Para algumas pessoas a estação mais esperada do ano pode ser também a mais penosa. Estima-se que 35 milhões de brasileiros - o equivalente a 1/5 da população - sofram de enxaqueca. Nessa época, esses indivíduos ficam mais propensos a crises e, se não estiverem atentos a alguns cuidados básicos, podem ter de trocar os prazeres da estação por horas extras de cama.
2)Por que o verão não é uma boa estação para que sofre de enxaqueca?
Sol e calor são velhos vilões de quem sofre da doença. Isso porque portadores de enxaqueca geralmente são sensíveis à claridade, e a intensidade dos raios solares no verão é muito forte. A solução é proteger-se e evitar a exposição aos efeitos da claridade por muitas horas. Sombra, chapéu e óculos escuros costumam ajudar. O calor também pode ser traiçoeiro. Com o aumento da transpiração, há uma diminuição de água no corpo e, se a pessoa sensível à cefaléia não se hidratar, pode ter uma tremenda dor de cabeça no final da tarde. Nesse caso, ingerir líquidos com freqüência - de preferência água - é a indicação contra o problema.
3) Como deve ser a alimentação das pessoas que sofrem de enxaqueca?
Os alimentos e bebidas consumidos no verão também respondem por grande parte dos casos de cefaléia. Como qualquer bebida alcoólica, cerveja e caipirinha, comuns nessa época do ano, contêm substâncias capazes de provocar fortes dores de cabeça. O álcool "suga" a água das células, causando desidratação. Ingeri-lo sem se alimentar corretamente causa hipoglicemia (diminuição da taxa de açúcar no sangue), que traz como um dos sintomas a enxaqueca.
O médico também chama a atenção para os aperitivos servidos à beira da praia e da piscina. Ricos em gordura poliinsaturada, eles possuem substâncias químicas como tiramina, nitritos e sulfitos, verdadeiros venenos para pessoas predispostas. Amendoins, lingüiças, queijos amarelos e salames são exemplos de alimentos que devem ser evitados.
4) A cefaléia do sorvete existe ou é um mito?
A cefaléia do sorvete - "Tomar gelado faz mal". A velha frase adotada por mães e avós, na tentativa de impedir gripes e resfriados, serviu por muito tempo como desculpa, mas para quem tem enxaqueca ela faz todo o sentido. Um tipo curioso de dor de cabeça, conhecido por cefaléia do sorvete, ocorre após a ingestão de sorvetes ou líquidos gelados.
Uma mordida grande no sorvete pode vir seguida de uma dor de cabeça intensa, geralmente "surda" e não latejante, no topo da cabeça, nos olhos ou nas têmporas (raramente em outras áreas). A razão é um reflexo nocivo provocado pela baixa temperatura do alimento ou líquido, quando em contato com o céu da boca, faringe e esôfago. Mas como não é fácil passar o verão sem tomar sorvete, a dica é morde-lo vagarosamente, assim como beber líquidos gelados em pequenos goles. "Estando atento a esses cuidados é possível aproveitar o verão com saúde".
5) O consumo regular de peixes pode prevenir as crises de enxaqueca?
O consumo de peixes tem sido amplamente divulgado na mídia associado à prevenção de doenças, como as de coração e a depressão. Estudos recentes apontam que suas gorduras, ao contrário das carnes vermelhas, produzem inúmeros benefícios à saúde, mas muitos desses efeitos estão sendo descobertos aos poucos. Recomenda-se o consumo regular de peixes para a prevenção de crises de enxaqueca e a justificativa está no efeito que as substâncias existentes no peixe produzem no cérebro.
"Os ácidos graxos ou óleos, provenientes dos peixes, diminuem a tendência das plaquetas do sangue a ficarem aderentes. No caso dos portadores de enxaqueca, essas plaquetas são aderidas acima do normal, predispondo a uma tendência do sangue a coagular mais do que o normal. Isso aumenta o risco de obstrução de vasos sangüíneos nesses pacientes". Outro fator preventivo, é que os peixes ajudam a regular a transmissão de sinais das células cerebrais entre si. "Como a causa da doença é justamente uma alteração nessa neurotransmissão, o peixe ajuda a neutralizar este risco".
Há ainda o fato da gordura dos peixes ser antiinflamatória, o que diminui a tendência a processos inflamatórios e dolorosos, como as dores de cabeça. Segundo trabalho de revisão científica realizado pelo Centro de Genética, Nutrição e Saúde de Washington e divulgado em dezembro pelo Journal of the American College of Nutrition, estudos clínicos indicaram as propriedades antiinflamatórias dos ácidos graxos presentes nos peixes e sua utilidade em potencial na abordagem terapêutica da enxaqueca.
Essa propriedade, , pode ser intensificada ainda no preparo do peixe, temperando o alimento com substâncias de alto poder antiinflamatório, como o orégano, que contém um potente o ácido rosmarínico, e o gengibre, composto por gingeróis, Outra dica é acrescer à dieta peixes mais gordurosos, como salmão, atum, arenque, sardinhas, linguado, cação, e anchovas. "Estes são os mais benéficos", lembrando que o prato deve ser assado ou cozido, nunca frito. "Fritar é submeter o óleo a temperaturas muito altas, o que modifica os óleos, anulando suas propriedades benéficas e trazendo propriedades prejudiciais à saúde".
Embora a dica seja valiosa para quem quer se livrar das crises, adotar hábitos alimentares saudáveis, como o consumo regular de peixes, é somente uma das medidas na prevenção da enxaqueca. "O verdadeiro controle da doença não se baseia apenas em um ou dois itens, mas sim, numa ação conjunta que envolve amplas mudanças de hábito e estilo de vida".
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