Quando se avaliam os aspectos nutricionais, nota-se que a ingestão de dietas hipercalóricas torna-se fator de risco para diversas doenças, tais como diabetes mellitus, dislipedemia e aterosclerose. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações bioquímicas séricas e teciduais através do consumo de dieta hipercalórica. Foram utilizadas 12 ratas Wistar adultas, mantidas à temperatura (22±20C) e luz (12 h claro/escuro) controladas.
Os animais foram divididos em dois grupos: G 1 (controle)- recebeu dieta normal nutricionalmente balanceada (26,5% proteína, 3.8% lipídios, 40,0% carboidratos, 4,5% fibra e 3,0 kcal-1 de energia metabolizável) e G2 (tratado) ? recebeu dieta hipercalórica (19,39% proteínas, 15,93% de lipídios, 2,81% fibras e 4,5 kcal-1 de energia metabolizável), por 8 semanas. Observou-se que a dieta hipercalórica aumentou (p<0,05) os níveis de glicose, triacilgliceróis e colesterol total, assim também como a atividade das aminotransferases (ALT e AST), fosfatase alcalina e creatina quinase.
A concentração tanto de lipídios totais como a de triacilgliceróis elevou-se (p<0,05) nos tecidos hepático e cardíaco dos animais que receberam a dieta hipercalórica. O depósito de glicogênio no fígado foi significativamente maior com a ingestão da dieta hipercalórica (G2) em relação ao grupo controle. Desta forma pode-se concluir que a dieta hipercalórica promoveu alterações bioquímicas sérica, hepáticas e cardíacas.
O desenvolvimento econômico de diversos países tem sido marcado por uma crescente opção pela chamada ?dieta ocidental? (maior consumo de calorias e proteínas de origem animal) associada a um estilo de vida mais sedentário.
Cada grupo de nutrientes, isto é, proteínas, carboidratos e lipídios são representados proporcionalmente por suas calorias; estas não podem variar muito da proporção já estabelecida: 15%, 55% e 30%, respectivamente. O excesso de qualquer um destes grupos de nutrientes, no regime diário, além das inconveniências motivadas pelas inversões da distribuição percentual da fórmula calórica, pode originar diversas enfermidades e alterações metabólicas (Evangelista, 2001).
Clínica e epidemiologicamente a sociedade tende a manifestar de modo crescente a má nutrição. A nutrição é um fator importante na etiologia e tratamento de muitas causas principais de morte e incapacidade na sociedade contemporânea.
A doença aterosclerótica vascular, a obesidade, a hipertensão, o diabetes e o câncer são doenças comuns nas quais a nutrição está significativamente envolvida (Stump, 1999).
O excesso de calorias pode levar o indivíduo a sérios comprometimentos de saúde. O aporte desmedido de calorias gera uma seqüência contínua de sobrecarga orgânica, manifestada por numerosas complicações.
Arterosclerose e a doença cardíaca isquêmica são, atualmente, importantes problemas de saúde pública. Na patogênese dessas doenças estão envolvidos fatores dietéticos que incluem as dietas ricas em energia, colesterol e ácidos graxos saturados e pobres em ácidos graxos insaturados.
Estudos populacionais têm comprovado a relação de fatores dietéticos e o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas (Goldberg, 1994).
A incidência de doenças cardiovasculares e outras doenças vasculares está associada aos distúrbios ocorridos no metabolismo lipídico, resultando nas dislipidemias, com altas concentrações séricas de colesterol e de triacilgliceróis. As dietas ricas em carboidratos e lipídios são os principais fatores que contribuem para aumentar os níveis de lipídios no sangue e assim a etiologia dos acidentes cardiovasculares (Remesar et al, 2000).
As doenças cardiovasculares têm se relacionado com a dieta, e assim com a composição das lipoproteínas plasmáticas.
Numerosos estudos epidemiológicos demonstraram que alto nível de colesterol no plasma, especialmente LDL-colesterol e a baixa concentração de HDL-colesterol correlacionaram-se com aumento no risco de desenvolver aterosclerose e doenças cardiovasculares. (Löpez et al, 2001). A relação entre a composição dietética, concentração plasmática de lipídios e aterosclerose está bem documentada (Smith et al, 1998).
O consumo excessivo de dietas hipercalóricas leva a alterações metabólicas semelhantes àquelas observadas na obesidade hipotalâmica ou de origem genética (Barber et al, 1987).
Estas alterações metabólicas muitas vezes estão associadas ao aumento da resistência à insulina e consequentemente à intolerância à glicose e hiperinsulinemia (Bennani et al 2000). Estas condições patológicas levam a alterações metabólicas principalmente a hiperglicemia, primeira manifestação clínica do diabetes mellitus insulino independente (tipo 2) (Vickers et al, 2001).
A elevada ingestão de carboidratos é considerada o principal fator que favorece o aumento da secreção da insulina.
Por sua vez, a hiperinsulinemia á a responsável pelo maior acúmulo de triacilgliceróis, maior retenção hídrica e maior risco de acidentes cardiovasculares. Além disso, a hiperinsulinemia aumenta a captação de nutrientes, inibe a lipólise, favorecendo o aumento no tamanho dos adipócitos (Fushmi et al, 2001; Kibenge & Chan, 2001).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar os aspectos bioquímicos séricos, hepáticos e cardíacos após ingestão de uma dieta hipercalórica
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mar/Abr/2004
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