Exames mostram como está a saúde dos atletas brasileiros para a competição
1) Quando se iniciam os jogos Pan-americanos?
Daqui alguns dias, o Rio de Janeiro dará início aos Jogos
Pan-americanos de 2007. Serão mais de 5.500 atletas, de 42 países,
disputando provas em aproximadamente 44 modalidades diferentes.
2) Qual foi o objetivo da realização dos exames clínicos e laboratoriais dos competidores?
Visando uma contribuição precisa à saúde dos competidores, o Comitê
Olímpico Brasileiro (COB), em conjunto com o Hospital do Coração da
Associação do Sanatório Sírio (HCor), patrocinou exames clínicos e
laboratoriais em boa parte dos esportistas. As equipes de atletismo,
tênis de mesa, boxe, hipismo, judô, entre outras, já passaram pelo
crivo médico.
Desde agosto de 2006, foram examinados mais de 300 atletas.
Realizaram exames de sangue, raio-X, eletrocardiograma, ecocardiograma,
teste cardiopulmonar, entre outros. Quando necessário, submetem-se
também cintilografia, ressonância magnética do coração e holter. As
avaliações sempre são importantes, mas a preocupação aumentou nos
últimos tempos após mortes súbitas de atletas. Problemas cardíacos,
descobertos precocemente, são passíveis de tratamento. Após a cura, o
individuo pode voltar aos treinos. Por isso, é importante não ignorar
as alterações e cuidar preventivamente, para evitar o afastamento total
da competição, onde o grupo de cardiologia do esporte do Instituto
Dante Pazzanese de Cardiologia já avaliou detalhadamente mais de 6000
atletas de seleções brasileiras, clubes profissionais e amadores em
geral.
3) Que resultados foram encontrados?
Os primeiros resultados foram um alerta.Nos preparativos para os Jogos
Pan-americanos foi possível identificar os cuidados e as falhas dos
atletas brasileiros com a própria saúde. Em muitos casos os números são
preocupantes. Para ter uma idéia, 2% apresentaram problemas cardíacos –
desde arritmia até suspeita de isquemia coronária – e tiveram de ser
afastados parcialmente e/ou precisaram de exames complementares para
confirmar suspeitas ou não a existência de cardiopatias graves. Foram
diagnosticadas parasitoses intestinais, ligadas à ingestão de água e/ou
alimentos contaminados, bem como à falta de orientação nutricional, em
6%. No grupo ainda há 7,6% com colesterol alto, 15% pecando nos hábitos
alimentares e mais de 40% que nunca fizeram exames clínicos completos.
Só 65% apresentaram-se absolutamente saudáveis, o que é uma surpresa se
pensarmos que os esportistas são sinônimo de boa saúde.
Entre aqueles que foram afastados temporariamente está um jovem de 20
anos, Hilton Silva, do atletismo. Ele treina desde os 14 anos e nunca
se submeteu a uma bateria de exames clínicos completa. Em setembro de
2006, fez os testes e o ergométrico atestou arritmia durante o
exercício. Parou por dois meses e, após novos exames, os resultados
foram excelentes. O mesmo aconteceu com Karen Redfern, 43 anos, campeã
brasileira em squash e que nunca teve alterações em um check-up – o
último ocorrido há seis anos. Em março, quando passou pelos testes, os
exames cardíacos estavam alterados. Seguiu treinando normalmente, mas
sem excessos. Após os outros exames complementares, o resultado foi
então considerado normal. Os médicos disseram que as causas possíveis
foram o estresse e alterações hormonais, comuns em mulheres foi
liberada.
4) A alimentação também é preocupante?
Um dos problemas mais sérios é a falta de orientação alimentar. Dietas
pobres em cálcio e ferro precisam de correções imediatas. O ideal é
combinar a ingestão de carboidrato, principal fonte de energia, dosando
a quantidade de proteínas. Alguns esforços, como se privar de comer o
que gosta ou parar de consumir álcool, são essenciais ao desempenho,
mesmo porque existem modalidades, a exemplo da ginástica olímpica, que
exigem rigidez excessiva com controle de peso.
4) Quais são as recomendações no treino?
A avaliação da aptidão física, considerando aspectos psicológicos,
sociais e biológicos. Nesta última, são analisados peso, altura,
circunferência, diâmetro e dobras cutâneas, informações que
possibilitam um cálculo aproximado das chances de o atleta ser bem
sucedido na competição. Variáveis metabólicas que avaliam a energia e a
resistência, como a potência anaeróbia alática para eventos de
curtíssima duração, saltos e dados; potência anaeróbia lática, de curta
duração, atletismo e natação; e por fim, a potência aeróbica, que é de
longa duração e engloba maratona ou corrida extensa e esportes mistos,
como o futebol.
5) Nas academias de ginástica a situação é diferente?
Dr. Nabil revela, com exclusividade, análise das avaliações médicas
obrigatórias realizadas pela equipe de cardiologia do esporte em mais
de 2.000 pessoas de uma rede de academias paulistana. Os testes
ergométricos indicaram que 33% apresentaram alterações, desde benignas
até aquelas que necessitam de intervenção terapêutica.
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