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Osteoporose masculina cresce com expectativa de vida do brasileiro

1)Por que os casos de osteoporose e osteopenia masculina estão aumentando?
O aumento da expectativa de vida do brasileiro tem causado uma alteração significativa na saúde da população. Um outro fator decisivo advém das facilidades proporcionadas pelo mundo moderno, que afastou o homem das atividades físicas, tornando-o sedentário. Nas antigas sociedades, a atividade campestre exigia uma força braçal, que hoje não encontramos nas atividades diárias. O preço que pagamos pelo estilo de vida adotado é cobrado em forma de perda da saúde. Um dos exemplos do impacto negativo do estilo de vida moderno é o aumento dos casos de osteoporose e osteopenia masculina — doença que há algumas décadas só incomodava as mulheres. Quem já não ouviu que a osteoporose é uma doença de mulher?
Pois o cenário mudou!

2) Como esta sendo verificado este aumento?
Especialistas do Programa de Osteoporose Masculina do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia conduziram uma pesquisa com 712 homens para avaliar a incidência da doença entre homens com mais de 50 anos. Os resultados comprovaram o avanço da osteoporose masculina. Entre homens com 80 anos ou mais, o número de portadores da doença chega a 36,4%, enquanto o grupo com idade entre 50 e 59 anos apresentou índice de 11,6%. A análise da densidade óssea do quadril mostra incidência de 12% — o dobro do valor estimado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 3% a 6%. Há prevalência da doença entre homens de cor branca (22,4%), sendo que a taxa em mulatos é de 16,8%, e em negros, 11,4%.
É importante salientar que a osteoporose masculina não é um fenômeno brasileiro. No Canadá, por exemplo, 11% dos homens podem sofrer fraturas em conseqüência da doença, enquanto entre as mulheres o índice é de 22%. Estudos epidemiológicos mundiais estimam que um em cada cinco homens, acima de 50 anos, terá uma fratura em decorrência da doença ao longo da vida. Enquanto entre as mulheres a doença tem origem hormonal, surgindo no período da menopausa, entre os homens a osteoporose surge com o processo de envelhecimento (andropausa) e é potencializada pelo tabagismo, alcoolismo, inatividade física, baixa ingestão de cálcio e histórico familiar. Em resumo, o processo de envelhecimento têm equilibrado a incidência da doença entre os sexos.

3) Que fatores diferenciam a doença entre homens e mulheres?
Alguns fatores diferenciam a doença entre homens e mulheres. No sexo masculino, por exemplo, a mortalidade e a vulnerabilidade em fraturas de fêmur é o dobro em relação às mulheres. Cerca de 20% a 25% dos homens portadores da osteoporose sofrem fraturas no osso femoral, além de ocorrer a perda significativa, por década, de ossos corticais, de 2% a 4% a partir dos 40 anos, e de ossos trabeculares — conhecido como osso esponjoso — de 7% a 12% a partir dos 30 anos. As conseqüências dessas fraturas podem causar deformidades nos quadris e na coluna. Sabe a história de que as pessoas “encolhem” com a idade? Muitas vezes, a perda de altura é decorrente de fraturas que provocam a deformidade na estrutura, gerando dificuldade de locomoção.
Apesar de os homens apresentarem o problema, em geral, cerca de 10 anos após as mulheres — 75 anos nos homens contra 65 anos nas mulheres — o índice de mortalidade por fratura de fêmur é bem maior no sexo masculino. Estudos mostram que 19% das mulheres morrem um ano depois da fratura, enquanto o óbito atinge 39% dos homens no mesmo período. Há estimativas que alertam para a gravidade do problema: em 2025 o número aproximado de fraturas de quadril será de 3,94 milhões (1,16 milhão em homens e 2,78 milhões em mulheres).


4) Como podemos prevenir a osteoporose?
A melhor forma de se evitar a osteoporose — ou as complicações resultantes — é a prevenção, que pode ser obtida por meio da identificação de fatores de risco via exame de densidade óssea, segundo normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 1994. Trata-se de um teste simples e não-invasivo, que avalia a medida da densidade óssea. Os locais do esqueleto mais importantes são o colo do fêmur, a coluna vertebral baixa (região lombar) e os ossos do punho. Exatamente porque nesses locais ocorrem as fraturas.
No exame, a densidade óssea obtida é comparada com valores encontrados em pessoas jovens normais para verificar se esse valor está abaixo do normal. Quanto mais baixa a densidade óssea, maior será o risco de fratura decorrente da osteoporose. O estudo da densidade óssea por meio da densitometria é indicado para mulheres na menopausa, pacientes que fazem uso de estrógenos e corticosteróides, portadores de doenças como asma, artrite, lupus, hiperparatireoidismo primário, entre outras patologias.
Uma dieta rica em cálcio é um pré-requisito no tratamento da osteoporose. Ou seja, é de vital importância consumir leite e seus derivados (com baixo teor de gordura); vegetais como brócoli, couve e folhas verdes; salmão e sardinha enlatada (com espinha) e tofu. Há médicos que prescrevem, ainda, uma suplementação com cálcio como, por exemplo, o carbonato de cálcio ou citrato de cálcio. Mas, para que o cálcio seja adequadamente absorvido, o organismo necessita de quantidades suficientes de vitamina D. As principais fontes dessa vitamina são o leite e produtos lácteos enriquecidos com vitamina D, breve exposição diária ao sol, óleo de fígado de peixes diversos, sardinha, arenque, salmão e atum. A Fundação Nacional de Osteoporose recomenda consumo de 1.000mg/dia de cálcio para mulheres de 18 a 40 anos. A partir dos 40 anos e até a menopausa, a prescrição é de 1.200 mg/dia. Na pós-menopausa, 1.500 mg/dia.
Exercícios com suporte de peso (mesmo que o peso seja o seu próprio corpo) tais como caminhadas, exercícios aeróbicos, tênis e jogging são essenciais para o paciente com osteoporose. Mulheres no período pós-menopausa devem consultar o médico para verificar a necessidade de tomar estrógenos e progesterona (ou somente estrógenos para mulheres sem o útero). Esses medicamentos podem parar rapidamente a perda de osso, aliviar alguns dos sintomas associados à menopausa, beneficiar o coração por aumentar o "bom colesterol” (HDL) e diminuir o "mau colesterol” (LDL). Vale lembrar que admite-se que os estrógenos podem aumentar ligeiramente a probabilidade do câncer de mama e útero. O paciente e seu médico determinarão a melhor alternativa em cada caso.

Autor

Dr. Fabio Ravaglia Ortopedista, formado pela Unifesp, com especialização em Ortopedia Reumatológica no Royal College of Surgeons of England, é presidente da Arthros Clínica Ortopédica, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da presidente da ONG Instituto Ortopedia & Saúde

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