Durante a atividade física, quantidades consideradas de líquidos e eletrólitos são perdidas pelo suor, sendo também grande o gasto energético. A depleção de combustível resulta em fadiga muscular, enquanto as perturbações no equilíbrio hídrico e de eletrólitos podem levar à complicações mais sérias. O modo mais conveniente e eficiente de reposição ocorre através das bebidas esportivas, que são formulações com quantidades específicas de eletrólitos e carboidratos. Pelo fato dos açúcares serem o combustível primário na produção de energia, nestes produtos eles devem estar em uma faixa que varie entre 5-10%, objetivando melhorar o esvaziamento gástrico, repor os estoques corpóreos de glicogênio e manter a glicemia; associados a baixas concentrações de sódio, facilitam a reidratação.
A maltodextrina é o carboidrato mais recomendado por proporcionar baixa osmolaridade nas bebidas. Entretanto, apenas a frutose apresenta algumas complicações. Em adição, por apresentarem melhor palatabilidade em relação a água pura, as bebidas proporcionam o encorajamento da ingestão hídrica. Segundo Lancha Jr (1999), pode-se definir atleta aquele indivíduo que pratica atividade física por várias horas diárias determinando gastos calóricos elevados. A atual legislação (Portaria n º 222, de 24 de março de 1998) define atleta como os praticantes de atividade física com o objetivo de rendimento esportivo.
E atividade física, qualquer movimento corporal voluntário produzido por contração de músculos esqueléticos que resulte em gasto energético (Brasil, 1998). Para um bom desempenho físico, a nutrição consiste de um alicerce, proporcionando o combustível para o trabalho (Mcardle et al, 1998). Ela pode otimizar os depósitos de energia para o desempenho atlético, reduzindo a fadiga e acelerando a recuperação entre seções de exercícios (Mcmurray & Anderson, 1996). Durante o esforço físico, a glicose armazenada como glicogênio e os ácidos graxos armazenados como triglicerídeos são fontes importantes de energia.
Os fatores que determinam a contribuição relativa e a quantidade absoluta da oxidação desses substratos são a intensidade e a duração do esforço, o nível de condicionamento físico e os níveis iniciais de glicogênio muscular (Liebman & Wilkinson, 1996). Durante o exercício de baixa intensidade, há um aumento gradual na quantidade de oxidação de gorduras à medida que progride o exercício de resistência aeróbica, onde o glicogênio muscular é lentamente utilizado. Com intensidades maiores de exercício, a capacidade dos ácidos graxos diminui, e estes servem como um combustível secundário para poupar o glicogênio muscular.
O carboidrato se torna uma fração maior de energia até que a glicose vinda do glicogênio seja a principal fonte de energia. Neste caso, o glicogênio muscular desempenha um papel primário na determinação da capacidade do exercício, mesmo com a disponibilidade dos outros substratos (Liebman & Wilkinson, 1996; Mahan & Escott-Stump, 2002). A glicose derivada do glicogênio muscular é o substrato mais importante utilizado durante o exercício anaeróbico de alta intensidade e durante as primeiras duas horas de exercício aeróbico. Se o exercício tiver uma intensidade alta e/ou uma longa duração, o glicogênio muscular se esgota e os músculos passam a utilizar a glicose sangüínea para o suprimento de carboidratos. Quando os níveis de glicose caem abaixo dos fisiológicos normais, o desempenho deteriora rapidamente (Liebman & Wilkinson, 1996; Bucci, 1996; Neto et al, 1999).
A exaustão está correlacionada à falha em fornecer glicose sangüínea. Após 3 horas de exercício contínuo, os atletas se cansam devido à hipoglicemia. O glicogênio do fígado é insuficiente para manter a glicose sangüínea por períodos prolongados em intensidades de trabalho altas (Mahan & Escott-Stump, 2002). A manutenção do suprimento de glicose para os músculos deve prolongar o desempenho e retardar a fadiga, por isso a ingestão de carboidratos antes, durante e após o exercício pode melhorar o desempenho atlético, pela otimização das reservas de glicogênio muscular e hepático, ou através da manutenção da homeostase da glicose sangüínea (Liebman & Wilkinson, 1996; Coleman, 1996).
No esporte, o gasto energético pode chegar a até 1500 Kcal/h, sendo que 75 a 80% dessa energia utilizada no exercício é convertida em calor. A remoção do calor no corpo é necessária para que não ocorra um aumento drástico da temperatura, resultando em morte ou injúria. Esta regulação (termorrregulação) acompanha uma grande perda de água corporal, podendo chegar a 1-2 l/h. Além da água e juntos com esta, são perdidos eletrólitos (Pivarnik & Palmer, 1996; Sgarbieri & Pacheco, 1999; Maughan & Shirreffs, 1998). As maiores perdas de suor são as que ocorrem em temperaturas altas e nos exercícios intensos e de longa duração, devido a abundantes excreções nestas condições (Bohmer, 1984; Puhl & Buskirk, 1996).
O suor contém sódio, cloreto, magnésio e potássio. O sódio e o cloreto formam a maior parte dos elementos, em concentrações iguais a um terço ou metade daquelas encontradas no plasma. E embora as concentrações de potássio e magnésio no suor sejam altas, o conteúdo desses íons no plasma representa uma pequena fração dos estoques corpóreos (Maughan & Shirreffs, 1998; Pivarnik & Palmer, 1996; Mahan & Escott-Stump, 2002). Quando um atleta apresenta uma sudorese intensa, em uma competição prolongada, a perda pode representar uma diminuição de 15% a 30% no total de sódio permutável do organismo.
O sódio perdido resulta em uma reidratação incompleta e predispõe o atleta a cãibras nos exercícios subsequentes (Bergeron, 2001). Ocorre um prejuízo no desempenho quando o indivíduo desidrata em 2% do seu peso corpóreo. Perdas maiores que 6% podem levar a uma exaustão por calor, um ataque de calor (confusão mental, dor de cabeça e desorientação), coma e morte. Por isso é importante a reposição rápida e completa do balanço hídrico no processo de recuperação (Maughan & Shirreffs, 1998; Bucci, 1996). Segundo Böhmer (1984), as concentrações ótimas de eletrólitos são um pré-requisito para a máxima performance no esporte. Uma insuficiente ingestão, má absorção, ou uma alta perda causa uma redução no trabalho muscular.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Set/Out/2003
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