A síndrome de overtraining é definida como uma resposta generalizada ao estresse em atletas, e caracterizada por fadiga persistente, perda de rendimento, alterações bioquímicas e psicológicas, e devido, primariamente, ao aumento do volume e/ou intensidade de treinamento. Além disso, a síndrome de overtraining é precedida por uma fase inicial, que tem sido denominada overreaching. Diferentemente do overtraining, que apresenta sintomas que perduram por semanas a meses, no estado de overreaching os sintomas apesar de similares, são menos persistentes (dias a semanas). Estudos sugerem que o overtraining é caracterizado por uma disfunção do eixo hipotálamo-hipófise, devido ao estresse repetitivo, de natureza física ou não, sendo essa desordem neuroendócrina o fator principal de sua patogênese.
Contudo, diversos parâmetros têm sido avaliados e utilizados no diagnóstico do overtraining, tais como a concentração de IgA salivar e glutamina plasmática e a avaliação do estado de humor, por meio de testes psicológicos. Inerente em todos os programas de treinamento é a aplicação do princípio de sobrecarga progressiva, que implica em uma carga de trabalho acima do nível considerado confortável, o que visa maximizar a performance do atleta, por meio de adaptações fisiológicas positivas, que são obtidas a partir do treinamento físico exaustivo. Desse modo, essas adaptações visam evitar a ocorrência de injúrias e prejuízo do processo de adaptação (Kuipers, 1998).
Todavia, há uma tênue linha entre a melhoria e o prejuízo do desempenho e, surpreendentemente, estudos demonstram que os sintomas de overtraining foram observados em 65% dos corredores de longa distância, em algum momento da sua carreira profissional; em 50% dos jogadores de futebol semiprofissionais após uma temporada competitiva de cinco meses; em 21% dos nadadores da equipe nacional australiana durante uma temporada de seis meses (Gastmann & Lehmann, 1998; McKenzie, 1999).
A associação de um programa exaustivo de treinamento ? pelo aumento do volume e/ou intensidade de treinamento ? com insuficiente período de recuperação, e conseqüente prejuízo da performance por longos períodos de tempo (diversas semanas ou meses) caracteriza a síndrome de overtraining. Além disso, outros sinais e sintomas estão presentes, tais como fadiga generalizada, depressão, apatia, dores musculares e articulares, infecções do trato respiratório superior (ITRS) e perda de apetite (Fry et al., 1991) O overtraining deve ser diferenciado do termo overreaching.
Este ocorre durante um período curto de dias, sendo esta condição facilmente recuperada em curto prazo. Overreaching corresponde freqüentemente a uma fase planejada dentre muitos programas de treinamento, desde que se acredita que esta intervenção contribua para subseqüentes aumentos de performance, porém, se não identificado, o estado de overreaching pode desenvolver-se em overtraining (Fry & Kraemer, 1997). Dentre as hipóteses que visam verificar as possíveis causas do overtraining, observa-se que as alterações na funcionalidade do sistema nervoso autônomo poderiam responder pelas numerosas modificações nas respostas fisiológicas observadas no estado de overtraining.
Sendo assim, alguns autores propuseram a existência de dois tipos distintos de overtraining, síndromes simpática e parassimpática. A síndrome de overtraining simpática inclui o aumento da atividade simpática no estado de repouso, enquanto a síndrome parassimpática ? a mais freqüente ? inclui a diminuição da atividade simpática e predomínio da atividade parassimpática durante o repouso e exercício físico (Kenttä & Hassmén, 1998; Lehmann et al., 1998). Alguns parâmetros que permitam identificar o atleta com overtraining têm sido utilizados em pesquisas, tais como (McKenzie, 1999): Tempo até a fadiga em exercício em ciclo ergômetro a 110% do limiar anaeróbico individual; Concentração de imunoglobulina A salivar; Concentração plasmática de glutamina; Avaliação psicológica.
Autores
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Mai/Jun/2003
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