Doença celíaca é uma intolerância permanente ao glúten, em indivíduos geneticamente susceptíveis, caracterizada por atrofia total ou sub-total das vilosidades da mucosa do intestino delgado, provocando má-absorção de nutrientes da dieta.
Existem indícios de que a doença celíaca foi reconhecida cerca de 200 anos antes de Cristo, mas foi em 1888 que Samuel Gee descreveu a ?afecção celíaca? com as características que são conhecidas até o presente.
Em meados do século XX, o pediatra holandês Dicke estabeleceu de forma definitiva o papel da dieta sem glúten no tratamento da doença celíaca.
É importante ressaltar, que a dieta sem glúten, ou seja, sem alimentos que contenham trigo, centeio, malte, cevada e aveia permanece sendo a única modalidade terapêutica da doença celíaca com eficácia inquestionável.
No final da década de 1950, foram desenvolvidas cápsulas especiais para a obtenção de fragmentos do intestino delgado proximal, através da intubação do aparelho digestório, sendo que o exame anatomo-patológico destes espécimes passaram a constituir o pilar fundamental para o diagnóstico da doença celíaca.
Em 1969, a Sociedade Européia de Gastroenterologia Pediátrica e Nutrição estabeleceu critérios para o do diagnóstico da doença celíaca, com base em dados anatomo-patológicos relacionados com a presença ou não de glúten na dieta do paciente. A partir da década de 1980, são identificados anticorpos no soro de pacientes que passam a constituir verdadeiros marcadores da doença celíaca.
Expandiu-se, assim, a possibilidade de identificar portadores assintomáticos da doença celíaca, não somente entre os parentes de pacientes com diagnóstico prévio da doença, como também na população em geral. Esta prática justifica-se pelas possíveis complicações que os indivíduos com a doença celíaca, mesmo que assintomáticos, podem apresentar na adultidade, caso não sigam a dieta terapêutica sem glúten. No entanto, ainda, não se dispõem de um marcador sorológico ideal, razão pela qual, a biópsia do intestino delgado continua sendo imprescindível para o diagnóstico correto da doença celíaca.
Alguns autores acreditam que existam formas especiais da doença celíaca, potencial e latente, nas quais o paciente utilizando glúten na dieta ainda não apresenta as lesão intestinal característica. Estes avanços fizeram com que se comparasse a doença celíaca com um iceberg, onde apenas a porção não submersa constituída pelos pacientes sintomáticos da doença celíaca estariam sendo reconhecidos e tratados. A plena compreensão desta interação entre os fatores genéticos, glúten, fenômenos imunológicos tissulares e expressão sintomatológica constitui o desafio da doença celíaca para o século XXI.
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Este artigo é um resumo. O artigo em sua íntegra pode ser encontrado na revista Nutrição em Pauta, edição Nov/Dez/2001
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