Carta do 4o Fórum Nacional de Nutrição – Região Bahia

O 4o Fórum Nacional de Nutrição - região Bahia, realizado em Salvador, nos dias 09 e 10 de maio de 2008, cujo tema central é “Definindo os rumos da Nutrição no Brasil”,

Considerando:
- O pouco conhecimento do nutricionista sobre a existência e operacionalização das ações da Política Nacional de Alimentação e Nutrição;
- Que a terapêutica básica da alergia alimentar é a dieta de exclusão do alérgeno com adequada reposição da proteína substituta considerando as variadas manifestações clínicas, idade, necessidades nutricionais, maturidade do sistema digestório e resultados obtidos nos testes diagnósticos;
- O câncer como segunda causa de óbito da maioria dos países e que a ingestão nutricional inadequada é um fator dominante gerando comprometimento, agravado pelos efeitos desnutridores da quimioterapia;
- Que os distúrbios metabólicos são comuns em pacientes obesos e são agravados por fatores genéticos, classe de obesidade e tipo de distribuição de gordura;
- A carência de qualificação para a gestão de serviços de alimentação, bem como a falta de capacitação suficiente para a promoção de uma manipulação segura dos alimentos e o baixo investimento para propiciar a garantia da qualidade em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos;
-As estatísticas relacionadas à ocorrência de DTA’s através dos estudos da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde que evidenciam o maior número de vitimas, os principais agentes etiológicos envolvidos, as fontes alimentares relacionadas e os locais de ocorrência de agravos;
- Que o sobrepeso e a obesidade infantil vêm aumentando notoriamente em todas as classes sociais;
- O uso indiscriminado de suplementos alimentares por atletas e desportistas, sem acompanhamento de um nutricionista;
- Que a alimentação saudável é parte integrante do Guia Alimentar Brasileiro, promotora de uma boa condição de saúde e que previne as DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis);
- O perfil epidemiológico, nutricional e alimentar da população brasileira; os mecanismos institucionais relacionados às políticas públicas hoje disponíveis para a implementação da promoção da alimentação e estilo de vida saudáveis nas escolas do ensino fundamental; as experiências que tiveram êxito em alguns municípios brasileiros;

Recomenda:
- Garantir no currículo dos cursos de nutrição o conhecimento teórico e prático das ações da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e consequentemente da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;
- Dieta de substituição nutricionalmente adequada na alergia alimentar promovendo continuidade do crescimento e desenvolvimento, bem como ausência de resposta cruzada. Realização oportuna de teste de desencadeamento evitando dieta de exclusão por períodos desnecessários;
- A disciplina Interações Fármacos-Nutrientes seja ministrada em todos os cursos da área de saúde com o objetivo de elevar o nível de saúde da nossa população, bem como a qualidade de vida do paciente oncológico;
- Dieta hipocalórica e exercício físico, medidas de fundamental importância no tratamento das complicações metabólicas da obesidade. A perda de 10% do peso corpóreo melhoram a hiperglicemia e o perfil lipidico;
- Incentivar o aumento da tecnologia no segmento de refeições comerciais e institucionais, inclusive por meio de um maior engajamento da sociedade;
- Gerar mecanismos que propiciem um maior compromisso com a qualidade e com a eficiência, incluindo o incentivo para implantação dos manuais de boas Práticas na fabricação e produção de alimentos;
- A criação de regulamento técnico (lei) que contemple como compulsória a notificação de DTA’s aos órgãos responsáveis por fiscalizar e regular a industrialização, o funcionamento, a produção e o comercio de alimentos;
 - Que haja mais campanhas de educação nutricional e campanhas de estímulo de atividade física para se prevenir e/ou diminuir a prevalência da obesidade infantil;
- Maior atenção por parte dos nutricionistas envolvidos na nutrição de desportistas e atletas, conscientizando esta população quanto aos riscos de uma suplementação aleatória;
- Que seja utilizada a pirâmide alimentar brasileira e o Guia Alimentar Brasileiro para avaliação e orientação nutricional de indivíduos e grupos populacionais;
- Esforço nacional, intersetorial, no sentido de fazer com que o espaço escolar seja efetivamente um espaço também de promoção da saúde e da segurança alimentar e nutricional não só com ações educativas, mas também com os recursos necessários (humanos e materiais) para viabilização dessas condições

Comissão Científica:
Dra Cláudia Montal (Secretaria da Saúde/BA)
Prof. Dra Isabela Guerra (Laboratório Delboni Auriemo/SP)
Prof.Dra Graziela Brandão (UNIME/BA)
Prof. Dra Leila Maria Batista Araujo (HUPES/BA)
Dra. Márcia M.M. Paranaguá (UNIME/BA)
Prof. Dra Maria da Conceição Monteiro da Silva (UFBA/BA)
Prof. Dr Moisés Feitosa (UFBA/BA)
Prof. Dra Nelzir T. Reis (UVA/RJ)
Dra. Sibele B. Agostini (Nutrição em Pauta/SP)
Prof.Dra. Sônia Tucunduva Philippi (USP/SP)