6º Fórum Nacional de Nutrição - Manaus AM
Consenso Regional

Carta do 6o Fórum Nacional de Nutrição - Manaus

O 6o Fórum Nacional de Nutrição - região Amazonas, realizado em Manaus, nos dias 17 e 18 de junho de 2010, cujo tema central é "Definindo os rumos da Nutrição no Brasil",

Considerando:

- A incidência de altas taxas de mortalidade perinatal, neonatal e infantil nas regiões mais pobres;
- A prevalência  das carências nutricionais anemia ferropriva  e hipovitaminose A nas macro regiões brasileiras;
- O aumento do excesso de Peso para Altura, assim como  aumento do déficit de Altura para Idade em menores de 5 anos; 
- Dentre os fatores que desencadeiam os desvios nutricionais, destacam-se: desmame precoce, baixo consumo de frutas e hortaliças, influência da publicidade dos alimentos ricos em açucares, gorduras e sal;
- Os fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis  frequentemente coexistem e interagem entre si;
- Dietas não saudáveis representam importantes fatores de risco comportamental para Doenças Crônicas Não Transmissíveis;
- Hipertensão, obesidade e dislipidemia são riscos biológicos para doenças cardiovasculares e diabetes;
- Os Fatores de Risco comportamentais e biológicos surgem no início da vida e tem efeito ao longo da vida;
- As repercussões clínicas características da síndrome metabólica estão associadas ao aumento da concentração de gordura visceral e resistência à insulina;
- O câncer é a segunda causa de morte em países desenvolvidos, como também na população brasileira, e muitos componentes da alimentação tem sido associado com o desenvolvimento de neoplasias por seus níveis significativos de agentes cancerígenos;
- Os investimentos financeiros da indústria alimentícia em pesquisas, desenvolvimento e marketing dos produtos funcionais, considera também a expectativa de retorno financeiro;
- Estudos com alguns alimentos funcionais ainda não são conclusivos e algumas vezes contraditórios bem como tais trabalhos são relativamente recentes, com predominância de trabalhos ‘in vitro’, com animais, geralmente envolvem substâncias biotivas isoladas e os estudos envolvendo seres humanos são incipientes e predominantemente epidemiológicos;
- A ANVISA aprova o uso de isoflavonas apenas para o tratamento dos fogachos em mulheres na menopausa e como coadjuvante na redução dos níveis séricos de colesterol;
- O prejuízo econômico que o tratamento do sobrepeso/obesidade e doenças crônicas para o Estado e as empresas;
- A demanda da sociedade por qualidade na alimentação fora de casa;
- A necessidade de iniciativas que colaborem para reversão do quadro de sobrepeso/obesidade na população;
- A necessidade de zelar pela manutenção de refeições estruturadas (almoço e jantar) constituídas por alimentos e preparações compatíveis com a cultura brasileira/regional;
- É necessário que seja reavaliada a dosagem semanal recomendada pelo PNSF (Programa nacional de Suplementação de Ferro) em relação às crianças ou o seu início de administração no sentido de aumentar a sua efetividade;

Recomenda:

- Que a atenção ao Pré-natal seja priorizada nos serviços assistenciais de saúde da mulher, sejam públicos ou privados;
- A continuidade dos programas de suplementação, assim como a promoção da alimentação saudável em todos os ciclos da vida;
- Incentivo e apoio do Ministério da Saúde à propaganda de alimentos saudáveis destinadas ao público infanto-juvenil;
- Maior controle das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação sobre a qualidade dos lanches oferecidos nas escolas;
- Implantação da Segurança Alimentar nas cantinas escolares públicas e privadas;
- Que as intervenções nutricionais devam ocorrer em todas as fases da vida e começar com a avaliação da história clínica e do estado nutricional;
- Que tratamentos medicamentosos e cirúrgicos da obesidade são coadjuvantes para o controle da obesidade e devem estar associados a adequação do estilo de vida, baseado na alimentação saudável e prática de atividade física;
- Que atenção nutricional é fundamental e inclui aconselhamento e acompanhamento visando manutenção de peso saudável e adequação das práticas alimentares;
- Que a dietoterapia seja individualizada e baseada em consensos e diretrizes de sociedades científicas nacionais e internacionais;
- Que o incentivo à boa alimentação, com inclusão da mídia, alertando sobre os principais produtos com ingredientes potencialmente carcinogênicos, em especial ao público mais vulnerável à prevalência prolongada à este tipo de alimentação, como crianças e adolescentes, seja definido como meta governamental urgente;
- Cautela, rigor crítico e estudos de trabalhos científicos para a prescrição ou recomendação de alimentos com alegação de propriedades funcionais como parte do tratamento nutricional de patologias;
- A necessidade de mais estudos e pesquisas na prática clínica nutricional para determinar e quantificar as doses máximas e mínimas seguras de acordo com idade, gênero, tempo de tratamento para o benefício esperado do componente bioativo do alimento funcional;
- A inclusão da soja e seus derivados ocorra na forma de alimentos/ingredientes para o tratamento dos sintomas da menopausa e da hipercolesterolemia, uma vez que isoflavona isolada é considera medicamento pela ANVISA. Portanto de prescrição inapropriada pelos nutricionistas;
- Cautela na utilização da soja para tratamento de outras patologias, como câncer, osteoporose e outras, uma vez que necessitam de reconhecimento científico suficiente para tal;
- Que o setor de alimentação coletiva se comprometa com o oferecimento de uma alimentação menos calórica e de qualidade;
- Estudo para a criação de um selo de qualidade nutricional voltado para o setor de almentação coletiva, específico para a adequação nutricional da alimentação oferecida;
- O setor de alimentação coletiva busque excelência no oferecimento de produtos tipicamente brasileiros;
- O setor de alimentação coletiva se comprometa com o oferecimento de refeições com menor teor de lipídios;
- O estado estude meios para facilitar a aquisição de equipamentos utilizados em cozinhas industriais que viabilizem o oferecimento de alimentação menos calórica e mais saudável;
- As empresas e instituições públicas sejam conscientizadas para o desenvolvimento de estratégias de promoção de saúde, especificamente no que se refere à adequação nutricional da alimentação oferecida em seus estabelecimentos e para o incentivo à redução de peso de seus funcionários;
- As estratégias de ações para suplementação de ferro sejam bem delineadas e específicas, incluindo desde a apresentação, capacitação e sensibilização de todos os  envolvidos (médicos, nutricionistas, outros profissionais de saúde e a população); seleção da população beneficiária; distribuição do medicamento de forma sistemática e monitorização contínua do Programa;
- Desenvolvimento de técnicas educacionais participativas e motivadoras  sobre a suplementação de ferro, pois independentemente da dosagem e esquema escolhidos, a conscientização mostra-se como aspecto fundamental para o incremento da adesão à suplementação

Comissão Científica:

Prof. Dr. Aldemir Soares Mangabeira Junior (UnB/DF)
Prof. Dr. Antonio Felipe Correa Marangon (UniCEUB/DF)
Prof. Dra. Dionísia Nagahama (Inst. Nacional Pesquisas Amazônas/AM)
Profa. Dr. Gilmar Eduardo Costa de Couto(UFAM/AM)
Profa Dra. Jovana Benoliel de Farias (UNINILTON LINS/AM)
Profa Dra Kelly Barboza (Hosp. Adventista/AM)
Profa Dra Kênia Mara Baiocchi de Carvalho (UnB/DF)
Profa. Dra. Leida Bressane (SUSAM/AM)
Prof.Dr. Ozanildo Nascimento (UFAM/AM)
Profa Dra. Rita de Cássia de Assunção Monteiro (LITERATUS/AM)
Dra. Sibele B. Agostini (Nutrição em Pauta/SP)
Profa Dra. Tânia Maria de Carvalho Batista (DABE/AM)