6º Fórum Nacional de Nutrição - Belo Horizonte MG
Consenso Regional

Carta do 6o Fórum Nacional de Nutrição Região Minas Gerais

O 6o Fórum Nacional de Nutrição – região Minas Gerais, realizado em Belo Horizonte, nos dias 15 e 16 de abril de 2010, cujo tema central é "Definindo os rumos da Nutrição no Brasil",

Considerando que:

- O avanço da obesidade e demais doenças e agravos não transmissíveis;
- O excesso de peso tem aumentado notoriamente em todas as classes sociais e, dentre os fatores que desencadeiam esse ganho de peso destaca-se a ocidentalização da alimentação;
- A perda de peso envolve vários mecanismos ativados pela restrição calórica ou pela redução do peso, dificultando sua perda ou recuperação do peso perdido;
- Os mecanismos de adaptação à perda de peso são individualizados;
- A obesidade é uma doença crônica e deve, portanto, ser tratada de forma crônica;
- A Ferramenta de trabalho do Nutricionista é o alimento; e que, no cenário atual há várias discussões a cerca de componentes bioativos nos alimentos com muitos pontos ainda pouco discutidos entre os Nutricionistas;
-Entre os grandes desafios para se atingir a qualidade microbiológica adequada na produção de refeições coletivas estão: o número crescente de refeições realizadas fora do domicílio; multiplicidade de fatores que contribuem para os surtos de doenças transmitidas via alimentos contaminados; diversidade e complexidade metabólica microbiana; carência de capacitação e aplicação das legislações sanitárias vigentes, especialmente em Unidades Produtoras de Refeições (UPR) comerciais; e o deficiente controle dos órgãos públicos e privados, no tocante à qualidade dos alimentos ofertados às populações;
- Novas funções fisiológicas estão sendo atribuídas a diversos nutrientes, e aos alimentos que os contém, com a denominação de alimentos funcionais;
- Os alimentos possuem todos os nutrientes necessários para a prática esportiva, é importante o profissional nutricionista valorizá-los;
- Os suplementos nutricionais são comercializados nas mais diferentes formas e amplamente consumidos por praticantes de exercícios físicos, tanto para promoção da saúde quanto para desempenho físico;
- A obesidade na infância e adolescência se configura como grave problema de saúde pública no Brasil, dado à sua elevada e crescente prevalência, associada aos riscos à saúde futura.

Recomenda que:

- A realização de ações de promoção da saúde pautadas nas políticas públicas saudáveis e desenvolvidas nos diferentes níveis de atenção à saúde e espaços públicos, incluindo a participação do profissional nutricionista;
- Uso de planos alimentares individualizados com metas reais para a perda de peso;
- Uma perda de peso saudável a qual corresponde a perda de 5 a 10% do peso inicial;
- Acompanhamento sistemático após o emagrecimento para a sustentabilidade do peso perdido;
- O melhor caminho é prevenir a obesidade, pois promover e sustentar a perda de peso é um grande desafio ao profissional;
- Um incentivo maior para a prática da Dietética para que esta seja aplicada e funcional por meio de novos conceitos: como a gastronomia funcional e molecular e com isso tanto os profissionais como a comunidade a ser assistida poderá contar com a presença dos alimentos condicionalmente ricos em componentes bioativos fruto da prática de uma Dietética mais Aplicada, mais Regionalizada mesmo na era da globalização;
- Diante da complexidade dos desafios e da fragmentação e desarticulação das ações direcionadas à qualidade sanitária dos alimentos, sugere-se:

  1. No âmbito governamental e conselho de classe: a) maior articulação entre os três níveis do governo, através do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA), de forma a atingir o objetivo principal que é reduzir a incidência das DTA no Brasil a partir do conhecimento do problema e de sua magnitude, subsidiando as medidas de prevenção e controle, e consequentemente contribuindo para melhoria da qualidade de vida da população; e b) ampliar a inserção de nutricionista no gerenciamento da garantia de qualidade nas UPR, especialmente naquelas comerciais e nos órgão públicos fiscalizadores dessa qualidade sanitária dos alimentos.
  2. No âmbito da atuação profissional do nutricionista: implementar, monitorar e avaliar programas de Boas Práticas de Fabricação (BPF), aplicando as legislações sanitárias vigentes e viabilizando a educação dos responsáveis pela manipulação dos alimentos, através de metodologias educacionais eficazes. Para isso o nutricionista dever ter domínio e segurança sobre os conhecimentos acerca: dos tipos de agentes microbianos patogênicos, além de sua magnitude e complexidade; e dos fatores que contribuem para os incidentes de DTA, relacionados a contaminações, a sobrevivência e a multiplicação desses microrganismos patogênicos;

- Que para que os alimentos funcionais possam fazer parte da prescrição dietética nutricional, são necessários mais estudos populacionais que ajudem a estabelecer recomendações para a redução do risco de doenças crônicas;
- O nutricionista avalie criteriosamente cada indivíduo para prescrever qualquer suplemento esportivo;
- O suplemento nutricional seja utilizado ou prescrito somente após avaliação cuidadosa e científica, quanto sua segurança, eficácia para determinado objetivo e legalidade;
- Colaborar para mudanças efetivas no ambiente o qual se insere o indivíduo, como a escola e a família, incluindo tanto a promoção de hábitos alimentares saudáveis como de exercícios físicos, bem como restringir a publicidade e propaganda de alimentos não-saudáveis ao público infantil.

Comissão Científica:

Prof. Dra. Aline Cristini Souza Lopes (UFMG/MG)
Profa. Dra Adaliene Versiani Matos Ferreira (UFMG)
Profa Dra Adriana Lúcia Meirelles (SMSA/MG)
Profa. Dra Cláudia Regina Lindgreen Alves (UFMG/MG)
Profa.Dra Cristiane Martins Rocha Dayrell(PUC/MG)
Profa. Dra Josefina Bressan (UFVJ/MG)
Profa. Dra. Juliana Lauar (UFMG/MG)
Profa Dra Luana Carolina dos Santos (UFMG/MG)
Profa Dra. Nailza Maestá (UNESP/Btucatu)
Dra. Sibele B. Agostini (Nutrição em Pauta/SP)
Prof.Dra. Simone Cardoso Lisboa Pereira (UFMG/MG)