Diabetes gestacional e a importância do acompanhamento nutricional para gestantes
 
A gravidez é um momento muito esperado para várias mulheres, e, de fato, é um grande desafio. Os cuidados podem começar muito antes da gestação, tanto no que diz respeito à questões alimentares e hormonais, quanto ao peso.

Durante este período, o corpo feminino passa por diversas mudanças externas e  internas. Ou seja, há um intenso movimento hormonal que tenta se equilibrar da melhor forma para permitir o desenvolvimento do bebê. Quando esse balanço não ocorre de forma adequada, podem surgir alguns problemas, como por exemplo, o Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). Por que isso ocorre?

A gravidez é reconhecida por sua condição diabetogênica, caracterizada por uma resistência à insulina, condição na qual as células do corpo não respondem normalmente a esse hormônio. Logo, a glicose não consegue penetrar nas células com a mesma facilidade e, por isso, se acumula no sangue.

Associada à resistência insulínica também há o aumento dos níveis de estrogênio, prolactina, progesterona, cortisol e somatomamotropina coriônica. Isso ocorre para manter constantes os níveis de glicose demandados para o feto. No entanto, esta resistência pode evoluir de gravidade e causar a disfunção das células beta-pancreáticas.

O DMG geralmente é diagnosticado no segundo ou terceiro trimestres da gestação, entretanto, a glicemia da gestante deve ser rastreada desde o princípio, como indicam as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, conforme descrito abaixo:

Sugere-se que seja feita dosagem de glicemia de jejum em todas as mulheres na primeira consulta de pré-natal. Mulheres sem diagnóstico de DM, mas com glicemia de jejum ≥ 92 mg/dL, devem receber diagnóstico de DMG. Toda mulher com glicemia de jejum < 92 mg/dL inicial deve ser submetida a teste de sobrecarga oral com 75 g de glicose anidra entre 24 e 28 semanas de gestação, sendo o diagnóstico de diabetes gestacional estabelecido quando no mínimo um dos valores a seguir encontrar-se alterado:
• Glicemia em jejum ≥ 92 mg/dL;
• Glicemia 1 hora após sobrecarga ≥ 180 mg/dL;
• Glicemia 2 horas após sobrecarga ≥ 153 mg/dL.

Vale ressaltar que o DMG  pode ser transitório ou persistir após o parto, considerado um fator de risco para desenvolvimento futuro de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). Dentre os fatores de risco para o DMG, incluem-se:
• Idade materna avançada;
• Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual;
• Deposição central excessiva de gordura corporal;
• História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau;
• Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual;
• Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, malformações, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG;
• Síndrome de ovários policísticos;
• Baixa estatura (inferior a 1,5 m).

Inteirando esses fatores, fica clara a importância do acompanhamento nutricional durante a gestação, afinal, muitas modificações fisiológicas ocorrem no corpo materno.

A presença de um profissional nutricionista durante este período pode desempenhar total diferença na condição clínica da mãe e do bebê. Este cuidado contribuirá, principalmente, para que sejam evitadas complicações relacionadas ao ganho de peso (seja baixo ou em excesso), além de personalizar a alimentação adequada para essa fase da mulher, assegurando todas as necessidades do período. Isso irá impactar positivamente no desenvolvimento saudável do bebê e afastará o risco de maiores intercorrências gestacionais, bem como o DMG.

Esse acompanhamento precisa ocorrer, pelo menos, até o nascimento do bebê, e, muitas vezes, até o pós-nascimento. Por isso, o atendimento materno-infantil pode ser duradouro e complexo. Nestes casos, é válido que o nutricionista escolha um software para lhe auxiliar, que possua avaliação antropométrica e cálculos energéticos para gestantes. Além do mais, isso poderá facilitar o atendimento deixando todos os dados da paciente salvos em um só lugar. Da mesma forma, um software que inclua a avaliação e gastos energéticos para o público infantil também pode ser muito vantajoso pois dessa forma o profissional poderá realizar o atendimento completo de mãe e filho.

Fonte
Dra. Júlia Sommer Canabarro – Nutricionista pela Universidade Federal de Pelotas, Pós-graduanda em Nutrição Clínica e Esportiva pelo IPGS. Capacitada em Nutrição Hospitalar pelo HCPA (2019). Trabalhou em clínicas de estética, e atualmente atende em consultório o público que busca emagrecimento por meio de reeducação alimentar e uma nutrição mais gentil e integrativa. Faz parte da equipe de Nutricionistas do Dietbox atuando na área de Customer Experience.

Diretrizes de Diabetes
https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/DIRETRIZES-COMPLETA-2019-2020.pdf